Enfim, a verdadeira volta às aulas
Ícaro Abreu Barbosa 29/02/2020 17:07 - Atualizado em 10/03/2020 14:25
Genilson Pessanha
Não é novidade: ano novo no Brasil só começa oficialmente depois da folia. Apesar de as escolas particulares e da rede municipal terem iniciado seu calendário no dia 03 de fevereiro, profissionais, como a recém-eleita diretora da Escola Municipal Lion II, Tânia Silva Sá Viana, afirmam que apenas metade do total de alunos matriculados frequentou as aulas no período pré-Carnaval.
— Esse ano temos 306 matriculados, dos quais 50% estão frequentando desde o início das aulas — contou Tânia, eleita com 80% sobre a chapa adversária nas primeiras eleições diretas de diretores das escolas municipais.
As eleições são um pleito antigo da comunidade escolar, uma promessa de campanha cumprida pelo prefeito Rafael Diniz (Cidadania) e organizada pelo seu secretário de Educação, Cultura e Esporte, Brand Arenari. Ao todo, 201 unidades escolares participaram do processo eleitoral, representado mais de 85% da rede municipal. Destas, 14 tiveram mais de uma chapa inscrita. Ao todo, 48 mil pessoas votaram, entre servidores estatutários em exercício na unidade escolar, candidatos, estudantes maiores de 16 anos e seus responsáveis. O voto foi facultativo a todos e secreto. De acordo com a comissão eleitoral, a adesão esteve dentro do esperado.
Na visão de Brand Arenari, o afrouxamento das escolas e a perda da autoridade do professor são parte dos problemas da educação pública.
— Todos gostam da ordem em algum sentido. O problema e o que destruiu nossas escolas foi o confundir autoridade com autoritarismo. Toda espécie de autoridade classificávamos como autoritarismo, então nós afrouxamos nossas escolas. Tirando autoridade do professor, as escolas viraram uma bagunça — afirmou. — Nada contra Paulo Freire, todo respeito, um grande brasileiro. Mas, os que orientam nossa política pedagógica são Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro. O mais influente na nossa maneira de pensar é Anísio; uma escola forte, capaz de formar cidadãos — destacou Brand.
Foi reforçado pelo secretário de Educação como a “cereja do bolo do seu trabalho” o Centro Municipal de Educação Integral (Cemei). “Elaboramos um modelo de escola integral corrigindo aquilo que entendemos como equívocos do projeto de Darcy, que não deram certo”, afirmou.
Segundo Brand, no planejamento, não estava prevista a crise dos royalties, que inviabilizou o projeto de conclusão de oito Cemei’s até o final de 2020. “Tentaremos fechar três desses centros, mas, hoje nós temos dois Cemei’s: o de Tocos vai ser entregue depois do Carnaval””, informou.
Avanço com o fim do bloco alfabetizador - Brand Arenari também falou sobre a ruptura total com o sistema de aprovação automática e com o fim do bloco alfabetizador, que entendia o processo de alfabetização como uma sequência de três anos, garantindo com que o aluno passasse do primeiro ano sem saber ler e nem escrever.
— Nós achamos isso um absurdo, pois, se um aluno da rede privada já está lendo e escrevendo com quatro ou cinco anos, não há nenhum motivo de os nossos alunos não serem capazes de fazer isso. A título de pena, acaba-se criando uma desigualdade ainda maior — explicou.
Na opinião do secretário, é necessário que os professores readquiram autoridade para garantirem que ninguém saia do primeiro ano sem saber ler e/ou escrever. Segundo Brand, além de prejudicar, a medida maquiava os números do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), uma vez que aprovação é uma das bases de cálculo. Com esta iniciativa, a Smece pretende melhorar o nível de conhecimento dos alunos, impedindo que estes concluam o ensino fundamental sem domínio das disciplinas básicas.

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