Catarine Barreto
22/02/2020 14:10 - Atualizado em 28/02/2020 14:02
O que você faz quando quer descartar uma TV que não funciona mais, um celular velho ou algum aparelho eletrônico que está parado em casa, sem serventia? Com a conscientização ambiental cada vez mais em alta na sociedade, as pessoas estão buscando formas corretas de descarte dos chamados “lixos eletrônicos”, mas ainda é pouco. Com pouca divulgação sobre os locais corretos para o descarte desse tipo de material, é comum ver, em terrenos baldios e afins, diversos materiais altamente nocivos ao meio ambiente jogados de forma incorreta. Mas, que tal transformar esse lixo em arte, sem causar danos ao meio ambiente? É o que faz o artista plástico Ricardo Salgado, que trabalha com uma temática de consciência global de preservação do meio ambiente com peças feitas a partir de reciclagem de lixo eletrônico.
— Meio ambiente é o assunto do momento, é uma questão da educação ambiental. Então, nós precisamos ter a conscientização do quão nocivo é o descarte incorreto de lixo eletrônico. Inclusive, já vi vizinho queimando materiais altamente tóxicos, que causam danos a todos nós. Precisamos de mais visibilidade para que esse descarte seja feito da forma correta e sem danos para a natureza — disse o artista plástico.
Ricardo Salgado oferece palestras para estudantes de todos os graus, através da exposição “Arte em Sucata Eletrônica”, normalmente direcionada a colégios, universidades e eventos de caráter ecológico.
— Nós permanecemos no local, disponibilizando todo e qualquer tipo de informação necessária aos visitantes. Na oficina que realizei no Jardim São Benedito, por exemplo, as crianças me disseram que escreveriam para o programa do Luciano Huck, para que possamos expandir nosso trabalho em rede nacional. Peço que continuem escrevendo. A palavra chave deste projeto em toda sua essência é conscientização — comentou Ricardo.
Para o artista, o mais importante em produzir e expor esse tipo de arte é trabalhar a conscientização das pessoas no que diz respeito à preservação ambiental do planeta, visando também a melhoria do meio ambiente e, consequentemente, da vida humana.
Através do site www.arteemsucataeletronica.com, Ricardo Salgado apresenta seus trabalhos e programações, além de um projeto intinerante para este ano chamado “Moto Home”.
— O projeto visa levar nossa exposição “Arte em Sucata Eletrônica”, as palestras e informações de forma itinerante, para que possamos alcançar as escolas ribeirinhas, as escolas longe das cidades, que estão carentes de informação tão quanto as da cidade — disse Ricardo. — Nosso site é visto nos Estados Unidos, na Alemanha e em vários outros países, e gostaria muito que, no Brasil, pudéssemos usá-lo como fonte de estudo, informação. Que os empresários, a sociedade e todos acreditem, apoiem e façam parte desse projeto tão importante para nossa sociedade — pontuou.
De acordo com o artista plástico, ele só absorve os materiais que utiliza em seu trabalho, mas agradece todos aqueles que o procuram.
— Sou grato aos que se lembram do meu trabalho e trazem as coisas pra mim. Eu só absorvo o material do meu trabalho. A população de Campos hoje está muito mal informada sobre a questão do meio ambiente, principalmente sobre as questões da obrigação que nós temos enquanto pessoas, enquanto um com o outro. A questão do meio ambiente, hoje, precisa ser tratada incansavelmente já dentro das nossas casas. Não podemos cobrar isso somente das escolas, que também carecem muito — disse.
Prefeitura oferece locais para descarte
Em parceria com uma empresa especializada, a Prefeitura de Campos informou em nota que recebeu cerca de duas toneladas de lixo eletrônico em 2019. Com a proposta de evitar o descarte incorreto desse material, três pontos estão instalado no município para o recebimento do lixo eletrônico: o Horto Municipal, a superintendência de Limpeza Pública (Sulimp) e o Centro de Educação Ambiental (CEA), este em Guarus.
— Antes, não tínhamos locais específicos para o descarte desses materiais, por isso essa parceria é tão importante. Além das pilhas, baterias e os próprios celulares, recebemos também uma gama enorme de eletrodomésticos, principalmente televisores — afirmou o secretário de Desenvolvimento Ambiental, Leonardo Barreto.
O material coletado tem parte separada para reaproveitamento, enquanto a parcela não reciclável é condicionada de forma correta, sem contato com o solo, seguindo a legislação ambiental.
Nos três locais, o atendimento é de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 17h. O Horto fica à avenida Alberto Lamego, s/nº, no bairro de mesmo nome. A Sulimp está no Centro, na altura da ponte Leonel Brizola. Já o CEA funciona à avenida Senador José Carlos Pereira Pinto, 300, no bairro Calabouço.