Para "foliões da prematuridade"
Verônica Nascimento 20/02/2020 21:00 - Atualizado em 26/02/2020 14:37
Campos já está em clima de carnaval e o Banco de Leite Humano do Hospital Plantadores (HPC) apela às mulheres que estão amamentando que não esqueçam “os foliões da prematuridade”, que precisam do alimento para que “o bloquinho da UTI Neonatal, que conta com 40 leitos, possa ir para casa brincar”. Nesta quinta-feira, o Ministério da Saúde também fez um apelo por doações, alertando que os estoques de leite materno dos bancos de todo o país estão abaixo da média.
Desde dezembro do ano passado, o banco do HPC só consegue atender aos recém-nascidos que se alimentam exclusivamente de leite materno e que não podem fazer uso de fórmulas. “Nosso receio é com a chegada do feriadão. Só para se ter uma ideia, hoje o carro saiu para fazer a coleta e só conseguimos três litros de leite, quando o normal seria 12 litros por dia”, esclareceu a enfermeira-chefe do Banco de Leite, Fabiana Passos.
O Ministério da Saúde apresentou janeiro deste ano como o mês mais crítico em termos de doação, que já se teve registro.
— Mês passado foi muito difícil, mas conseguimos evitar entrar no vermelho, diferente de janeiro de 2019, quando o estoque de leite foi zerado. Mas é muita dificuldade, continuamos no amarelo, com estoque muito reduzido, em função da baixa nas doações nos períodos de festas. Pedimos às mamães que amamentam e podem doar o leite excedente, aquele que sobra no peito, que não esqueçam do bloquinho da UTI Neonatal do HPC, formado por foliões da prematuridade, que precisam do leite materno para se recuperarem e poderem ir para casa com saúde — declarou Fabiana.
A enfermeira lembra que o Banco de Leite funciona todos os dias, de 7 da manhã à 7 da noite, inclusive nos feriados, e que as mães que não puderem se deslocar até o HPC podem ligar para o 2737-7431 e fazer um pré-cadastro, para que o leite seja coletado em sua casa. “Precisamos muito de novas doadoras. Estamos atendendo só bebês que estão em colostroterapia, que estão em estado mais grave. Infelizmente, não conseguimos atender a todos. Para ser doadora é necessário apenas que a mãe apresente o resultado dos últimos exames do pré-natal e efetue o cadastro”, solicitou a enfermeira. 
Livres de infecções que podem matar
Historicamente, os primeiros meses do ano são os que têm o menor número de doações de leite materno; mas, de acordo com o Ministério da Saúde (MS), o cenário em janeiro deste ano representou um dos menores índices já registrados, em torno de 10,7 mil litros de leite doados, quando a média é de cerca de 15 mil litros. O MS aponta o leite materno como importante estratégia para a redução de mortes em bebês. Um litro de leite materno pode alimentar até 10 recém-nascidos por dia.
Bebês prematuros ou de baixo peso (menos de 2,5 kg) precisam do leite materno para se recuperarem mais rápido e crescerem mais fortes e saudáveis. No Brasil, por ano, cerca de 330 mil crianças nascem prematuras e precisam da doação de leite, já que permanecem sendo assistidas nos hospitais e maternidades. Os bebês prematuros representam, em média, 11% do total de crianças que nascem anualmente, em torno de 3 milhões.
— Doar leite materno é um ato voluntário e solidário, não possui custo para as mães e significa muito para a vida dos bebês que tanto precisam — destaca Janini Ginani, coordenadora de saúde da Criança e Aleitamento Materno, do Ministério da Saúde.
Em 2019, quase 65% dos bebês prematuros ou de baixo peso receberam a doação de leite humano. Os bebês internados em unidades neonatais de todo país (que não podem ser amamentados pela própria mãe) recebem as doações e passam a ter mais chances de recuperação, ficando protegidos de infecções, diarreias e alergias que podem até matar.
Por ano, aproximadamente 150 mil litros de leite materno são coletados, processados e distribuídos pela Rede Brasileira de Banco de Leite Humano aos recém-nascidos prematuros e de baixo peso.

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