Greve dos médicos chega ao segundo dia em Campos
Camilla Silva 19/02/2020 11:37 - Atualizado em 26/02/2020 13:59
Segundo dia de greve dos médicos
Segundo dia de greve dos médicos / Genilson Pessanha
No segundo dia de greve dos médicos em Campos, o movimento em Unidades Básicas de Saúde visitadas pela Folha era normal. Em apenas uma de três unidades pelas quais passou a equipe de reportagem, havia um médico que aderiu ao movimento de paralisação nesta quarta-feira (19). Também no Hospital Geral de Guarus (HGG), sobre o qual o Sindicato dos Médicos de Campos (Simec) informou que profissionais haviam paralisado nessa terça, nenhum paciente reclamou de tempo de espera ou falta de atendimento. A categoria decidiu cruzar os braços em assembleia realizada no último dia 11, na sede da Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia. Eles afirmam que têm enfrentado problemas com falta de pagamentos e retirada de férias, descumprimento do último acordo de greve, realizado em agosto de 2019, e más condições de trabalho.
Na verdade, o que diminuiu aqui foi o movimento de pessoas procurando atendimento. Não sei se por causa das notícias ou porque é semana de carnaval e muita gente viaja. Mas, que eu tenha visto, não tem paciente chegando e indo embora sem atendimento afirmou um ambulante que trabalha próximo a uma das unidades, que pediu para não ser identificado.
Nessa segunda, um pediatra que teria que atender na Unidade Básica de Saúde Alair Ferreira, no Jardim Carioca, aderiu ao movimento grevistas. No entanto, pacientes que estavam marcados para cardiologista e nutricionista eram atendidos normalmente. Nas UBS's de Parque Prazeres e Hospital Geral de Guarus, não houve reclamação de falta de atendimento.
Segundo o sindicato, durante a paralisação, os atendimentos de urgência e emergência dos hospitais e unidades pré-hospitalares serão mantidos, mas consultas que estão marcadas em Unidades Básicas de Saúde e centro de especialidades não serão realizadas. Ao todo, a categoria conta com cerca de 1,3 mil profissionais. Destes, cerca de 800 atuam no atendimento ambulatorial.
A Folha tenta contato com representantes dos profissionais desde a manhã desta quarta, sem sucesso. Nessa terça, o presidente do sindicato, José Roberto Crespo, disse: "A situação das unidades é precária. Os médicos estão sendo desvalorizados, os salários são os mais baixos da região. A Prefeitura não cumpriu o acordo realizado no ano passado, tanto de concessão de férias, quanto de pagamento de gratificações e substituições, e não houve nenhum esclarecimento sobre quando ele poderá ser realizado. Não nos tratam com a dignidade que merecemos", disse José Roberto.
Em carta divulgada à população campista também na terça, o sindicato afirma: "Por mais uma vez em menos de um ano, seu atendimento não será realizado por alguns, ou talvez por muitos de nós. Mas essa luta não é só nossa. É sua também. Nós médicos passamos muito tempo sendo coniventes com condições de trabalhos miseráveis e inaceitáveis, salários defasados e desvalorização profissional. (...) Sabemos que você é quem mais sofre neste momento, mas rogamos por sua compreensão e que você some sua indignação à nossa, para lutarmos juntos por uma saúde melhor".
A Folha tenta contato, também, com o município, para saber se existe alguma reunião ou possibilidade de acordo prevista para esta quarta, mas ainda não obteve resposta. Nessa terça, a secretaria municipal de Saúde afirmou, em nota, que se mantém disposta a dialogar com a categoria. Segundo o município, na segunda, em reunião entre o Ministério Público, representantes da Prefeitura e Sindicato, ficou determinado o funcionamento obrigatório de 30% dos demais serviços da saúde, além do atendimento de urgência e emergência em caso de greve. "O acordo anterior ainda não pôde ser, integralmente, cumprido devido às constantes quedas de arrecadação das receitas oriundas do petróleo. Somente em 2019, as perdas superam R$ 200 milhões, se comparado ao ano de 2018", complementou.

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