Pintor João de Oliveira cria espaço e faz retrospectiva
Celso Cordeiro Filho 28/02/2020 19:01 - Atualizado em 24/03/2020 18:00
O pintor João de Oliveira abriu um espaço próprio na rua Barão de Miracema, 360, em Campos, denominado Petit Galerie, onde está expondo quadros que compõem uma retrospectiva de sua obra iniciada no final dos anos 1960. Ao longo desse tempo, já expôs seus trabalhos em várias cidades brasileiras e no exterior (França, Alemanha, Inglaterra e Itália).
Destacou que a iniciativa se deve ao fato de Campos hoje não ter espaço para exposição de artes plásticas: “O Palácio da Cultura está fechado e não se sabe quando será reaberto. Temos um espaço improvisado no Museu Histórico e o Sesc. Diante disso, decidi abrir uma pequena galeria para expor os meus trabalhos de forma permanente”. Lá terá contato com os apreciadores de sua arte, como também promoverá eventos que valorizem a arte campista.
— Ainda outro dia estava conversando com Renato Aquino e ele usou uma expressão interessante: ‘o quadro precisa ter alma própria’. O que isso quer dizer? Ao se ter um trabalho de um artista que você conhece logo se estabelece uma identidade. No futuro, alguém poderá dizer: este quadro é do pintor tal que viveu ou vive em Campos. Essa observação dá outra importância ao trabalho. Por isso, concordo com Renato que afirma ser fundamental apoiar os artistas da terra — explicou.
Num balanço de memória, João lembrou que sua primeira exposição foi em 1968 quando mostrou vários trabalhos em desenho pastel a óleo sobre ingres fabriano (esta técnica não existe mais). “Segui o mestre francês Toulouse-Lautrec que não usava fundo branco em sua pintura. Usei fundo de cor para melhor compor as luzes e sombras. Daí fui em frente até chegar aos índios brasileiros, músicos e por aí afora”, disse.
Arquiteto que sempre se dedicou às artes plásticas, João de Oliveira se tornou artista plástico e programador visual de grande reconhecimento profissional em Campos. Ele é conhecido como “João do Índio”, devido ao sucesso de sua exposição de quadros intitulada “Índios”, que retratava toda essência indígena. Levada para várias cidades, entre elas Rio de Janeiro e Brasília, “Índios” ganhou o mundo depois de uma exposição no Hotel Copacabana Palace, na Galeria Place des Arts, levando o campista para uma exposição internacional em Londres, na Marsham Gallery, em 1985.
Em 1980, depois de ter participado de mostras de arte no Rio, foi convidado a fazer sua primeira exposição individual em Campos, no Palácio da Cultura. Nesta época, fazia uma pesquisa minuciosa sobre o índio brasileiro e daí surgiu uma exposição em que ele retratava os índios com toda sua beleza, inocência e espiritualidade. Com o sucesso, realizou, só em Campos, exposições individuais com essa temática nos anos de 80, 81, 83, 84 e 87.
Em 1994, João fez uma exposição na Caixa Econômica intitulada “Espelhos”, onde várias imagens de Campos apareciam refletidas sobre o rio Paraíba. Foi considerada a primeira exposição em Campos com recursos de computador aliados a efeitos de Air-Brush. Realizou, também, várias exposições com outros temas. Em 1996, foi convidado a expor no Free Jazz do Museu de Arte Moderna do Rio. Apaixonado pela música, João de Oliveira desenvolveu 28 quadros sobre o tema.
De lá para cá, muitas obras e exposições em seu currículo, sendo apontado como um dos maiores artistas da cidade, tendo já exposto por duas vezes no Salão de Artes Contemporâneas do Museu do Louvre, em Paris, mais conhecido como “Carrousel du Louvre”. 

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