O aguaceiro previsto para as próximas horas no rio Muriaé, em razão das enchentes que atingiram cidades do Noroeste Fluminense, põe em alerta os moradores de Três Vendas, localidade à margem direita da BR-356. Por enquanto não há desabrigados, mas as infiltrações que atravessam o solo abaixo do asfalto preocupam a comunidade.

A Defesa Civil continua de plantão com as equipes de outras secretárias para assistir os moradores. Nesse sábado (25), em uma margem da rodovia, sacos de areia e elevações de terra foram formados parra impedir a passagem da água nos piores momentos. Já neste domingo (26), foi montada uma força-tarefa para fazer um levantamento da situação e tomada de novas providências. “A equipe toda está de plantão, estamos monitorando a situação de forma permanente”, disse o tenente Geovani, responsável pelo setor de prevenção da Defesa Civil. 

 

Os moradores reclamam da situação que se arrasta a cada período de enchentes. “A situação aqui é precária. A gente paga imposto, luz e água. Se a gente fizer um ‘gato’ ali paga multa de R$ 1.800,00. Se fizer uma manifestação , fechando a estrada, vamos ser mal vistos pelas autoridades. Ontem, tive que comprar água mineral porque não havia água potável. Estou tomando banho com um balde, a água do chuveiro está ruim”, queixou-se o eletricista Leandro José Ferreira.

 

A rotina do lanterneiro Luiz Cláudio Correa é a mesma todos os anos no período chuvoso. “A gente tem que ficar durante a noite vigiando o que está acontecendo e se preparar para o que pode vir acontecer. Os motores, minhas ferramentas, estão tudo ali embaixo. Estou preocupado porque, se vier uma enchente, elas estão na parte mais baixa do prédio”, comentou.

Luiz Cláudio já busca solução diante de uma situação que o leva a arriscar uma previsão. “Vou voar fora daqui logo, antes que aconteça o pior. O dia que esse asfalto aí ceder, a água vem com tudo e vai encher todo esse lado de cá. Tem uma infiltração aqui, outra ali; em lugar onde nunca a agua minava antes, acontece agora. A gente fica sempre nesse estado de tensão”, desabafou.

O estado de temeridade atinge também o padeiro Matheus Quintanilha Domingos, outro com razões para estar preocupado. “Meu pai tem essa padaria aqui. Eu moro aqui do lado e, quando acontece uma enchente, tenho que arrastar minhas coisas lá pra cima na parte mais alta do prédio. Na última enchente, o pessoal do Exército ajudou a carregar as coisas mais pesadas, inclusive a máquina de fabricar pães”, relatou.

 

O cortador de cana Valmir Lisboa, 56, também lamentou. "A situação aqui é sempre precária nessa época do ano. A gente fica preocupado com a água que está vindo aí, com as chuvas que caíram no Espírito Santo, em Minas, em Itaperuna. Então, a gente tem que ficar prevenido", disse.

 

Luis Carlos da Silva, 49, que trabalha com manutenção de serviços gerais, demonstra preocupação com os pais. “Meu pai é aposentado, mora aqui. Vim ver como está a situação e dar um apoio no que precisar. Tive que comprar água ontem, a gente sofre em cada período de verão”, afirmou.

Enquanto choviam reclamações, um carro-pipa da empresa concessionária Águas do Paraíba chegava à localidade para aliviar o desconforto dos moradores.

Campos - De acordo com a Defesa Civil, o nível do rio Paraíba do Sul chegou a oito metros por volta das 12h deste domingo na área urbana de Campos. A cota de transbordo é de 10,40.