Chuvas no Norte e Noroeste deixam 6 mil pessoas desalojadas e desabrigadas
Catarine Barreto e Aldir Sales 25/01/2020 09:20 - Atualizado em 31/01/2020 16:19
  • Famílias estão desalojadas e desabrigadas em BJI

    Famílias estão desalojadas e desabrigadas em BJI

  • Ruas interditadas em Porciúncula

    Ruas interditadas em Porciúncula

Cerca de 6 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas por causa das consequências das chuvas no Norte e no Noroeste Fluminense. Os rios Muriaé, Carangola, Itabapoana e Pomba, que possuem nascente na Zona da Mata de Minas Gerais, transbordaram em oito municípios da região. Além disso, também foram registradas diversas quedas de barreiras e problemas em rodovias.
Itaperuna é o município com o maior número de pessoas fora de suas casas por causa da enchente. São 2.100 desabrigados ou desalojados. Além disso, um jovem de 19 anos desapareceu no rio Muriaé na tarde de ontem. Ele e um grupo de jovens aproveitaram a cheia para pular na água. O Corpo de Bombeiros realiza buscas e pede para que a população não entre no rio por causa do risco de afogamento e de doenças. De acordo com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), a cota de transbordo é de 7,1m e o nível, na medição realizada às 21h, era de 5,98m. Porém, existem locais mais baixos que a água já invadiu ruas e casas.
O segundo município mais atingido é Porciúncula, no Noroeste, onde o rio Carangola atingiu 7,95m na noite de ontem, com 2,69m acima da cota de transbordo. Segundo a Defesa Civil, pelo menos 1.600 pessoas tiveram de deixar suas casas na área urbana da cidade. Além disso, foram diversas quedas de barreira na RJ 220, que liga Porciúncula a Natividade. Um trecho do asfalto apresentou rachaduras e o trânsito está em meia pista por segurança.
Em Natividade, de acordo com a Defesa Civil, também houve problemas em rodovias e encostas. O rio Carangola passou 80cm da cota-limite e chegou aos 6m na tarde de ontem. Os agentes confirmaram que houve desalojados, porém, não souberam informar o número até o fechamento desta edição.
No município de Santo Antônio de Pádua, o rio Pomba atingiu os 5,44m na noite de ontem, segundo o Inea, superando em 44cm a cota de transbordo. Pacientes do Hospital Municipal Helio Montezano foram retirados preventivamente das alas mais baixas da unidade antes da subida da água. Não havia informação de desalojados até o fechamento desta edição.
Já em Bom Jesus do Itabapoana, são 650 pessoas fora de casa por causa da cheia do rio Itabapoana. Na madrugada de ontem, a água chegou aos 4,69m e diminuiu para 4,34m no início da noite. Porém, segundo o Inea, o nível voltou a subir e estava em 4,54m às 21h. A cota de transbordo é 2,1m. A Defesa Civil do município chamou a atenção para os riscos nas encostas com o solo encharcado. Agentes estão percorrendo os pontos de risco.
O rio Muriaé também causou estragos e transtornos em mais três municípios. Em Italva, onde a cota de transbordo é de 6,5m, segundo o Inea, a água atingiu 7,25m na medição das 22h. A Defesa Civil informou que são aproximadamente 100 pessoas que tiveram de deixar suas residências. O local que mais preocupa, segundo o secretário Vanderlei Pereira, é o distrito de São Pedro do Paraíso. Os moradores foram levados para um abrigo improvisado na igreja local.
Ainda no Noroeste, os acessos a Laje do Muriaé pela BR 356 e pela RJ 116 foram interditados pela Defesa Civil por causa da cheia do rio Muriaé, que atingiu a marca de 5,15m no meio da tarde de ontem, superando a marca-limite de 4,97m. Pelo menos 1.335 pessoas estão fora de casa devido à enchente.
Já em Cardoso Moreira, o limite para transbordo é de 8m e a água já atingia os 9,20m por volta das 19h, segundo a Defesa Civil. Por lá, são 120 moradores desalojados.
Coordenador da Defesa Civil de Campos, major Edson Pessanha informou que o rio Paraíba do Sul – que recebe as águas do Muriaé, Pomba e Carangola – atingiu a marca de 7m ontem à noite, ainda distante dos 10,40m do limite de transbordo. A tendência é de menos chuva nos próximos dias e que a vazão aconteça sem problemas.
Acumulado de chuvas chega a 142,5 mm em Campos
Em Campos, para o rio Paraíba do Sul, em Campos, não há previsão de transbordo, conforme explicou o coordenador da Defesa Civil municipal, major Edison Pessanha. O rio Paraíba do Sul está em 7,10 m, em Campos, na tarde deste sábado, ainda distante da cota de transbordo que é de 10,40 m. No entanto, a Defesa Civil continua acompanhando a situação. Chove em Campos desde a tarde da última quinta (23). Neste período, o acumulado de chuva é de 142,5 mm em alguns pontos do município. Em 24 horas, o nível subiu 60 cm e a tendência é que continue aumentando nas próximas horas. “Estamos sempre em alerta, mas não existe a possibilidade da cheia e transbordo do rio no momento”, detalhou o major.
Neste sábado, há equipes no bairro Fundão, em Guarus; Poço Gordo, na Baixada Campista; Vila dos Pescadores em Farol de São Thomé e no Jardim Carioca, onde uma árvore atingiu um carro. Em Santo Eduardo, região Norte do município, três famílias estão desalojadas após o transbordo do Canal da Onça. Todos foram para casa de familiares e amigos. Uma equipe monitora a situação no local.
As alterações climáticas registradas em toda a região Norte e Noroeste Fluminense são reflexos da formação do Ciclone Kurumí, confirmada, nessa sexta-feira (24), pela Marinha do Brasil, com centro a 700 km de Arraial do Cabo. Na noite da última quinta-feira (23), o Centro de Hidrografia da instituição informou que foram observados ventos de 65 km/h associados à Depressão Subtropical em alto-mar. Ele segue se deslocando no sentido sul. Por superar 63 km/h, o fenômeno foi reclassificado e nomeado como Tempestade Subtropical, o que caracteriza um ciclone.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS