Um sol para cada um. A expressão usada para reclamar dos dias mais quentes está na boca do campista. No município, altas temperaturas vêm sendo registradas desde dezembro, quando a marca de 40°C foi batida. Um bom aliado para aliviar a sensação de calor são as ár-vores que realizam naturalmente um processo de evapotranspiração liberando vapor de água na atmosfera, o que ajuda a refrescar naturalmente o ambiente. Pelas ruas, poucas árvores ainda resistem e a escolha da espécie para ser semeada é, muitas vezes, equivocada. Uma pesquisa realizada no Instituto Federal Fluminense, em uma das principais avenidas da cidade, aponta que 80% das espécies existentes são exóticas e não nativas da região, o que pode gerar problemas.
— É um absurdo. Você corre para a sombra do ponto de ônibus, mas o calor embaixo dele é maior que debaixo do sol. Parece que a gente está em um forno. Você olha para o lado não tem um verde para equilibrar a temperatura — afirmou o motorista de ônibus, Fernando Crespo, de 41 anos.
Na região central de Campos, que passou por diversos processos de urbanização, a vegeta-ção é cada vez menor. Pedestres que passaram pela praça São Salvador não deixaram de lembrar da antiga forma do local. “Antes a gente conseguia se esconder embaixo de alguma árvore. Agora tem uns bancos de mármore que, se a gente sentar, queima o bumbum”, dis-se Maria Carolina de Souza, professora, de 57 anos.
A pesquisa elaborada pelos professores Carlos Eduardo de Souza, Ítalo de Oliveira Matias e Milton Erthal Junior mostra que não só a falta de vegetação preocupa, mas também a utiliza-ção inadequada para arborização viária. “O processo de urbanização, na maioria das vezes sem planejamento adequado, vem provocando inúmeras alterações no ambiente, incluindo a perda da vegetação natural, impermeabilização do solo, alagamentos, aquecimento dos ambientes e poluição do ar. A presença das árvores eleva a permeabilidade do solo, controla a temperatura e a umidade do ar, intercepta a água da chuva, proporciona sombra, funciona como corredor ecológico, age como barreira contra o vento, ruído e alta luminosidade, dimi-nui a poluição do ar, sequestra e armazena carbono e proporciona bem-estar psicológico. Além disso, os benefícios da arborização urbana se estendem para vida longa dos pavimentos e menores gastos com infraestrutura de drenagem”, explicaram.
Os pesquisadores indicam ainda que as árvores nativas favorecem o ecossistema regional, oferecendo abundância e diversidade de alimento à fauna local, e também, melhoram os aspectos funcionais das comunidades. “Por outro lado, entende-se que espécies exóticas invasoras podem afetar o ecossistema, devido a rusticidade, facilidade de desenvolvimento e propagação, provocando desequilíbrio dos processos ecológicos, ocupando os espaços de outras espécies, podendo até mesmo levar a extinção de espécies nativas”.
O município informou que conta com várias áreas verdes, que também vêm sendo ampliadas através do Projeto Adote uma Árvore, desenvolvido em parceria com empresas privadas para multiplicar o plantio de árvores no município. “Só em 2019, o projeto plantou cerca de 500 árvores em calçadas, áreas verdes, escolas e praças”, completou. (C.S.)
Corte precisa de autorização de órgão
Os problemas mais comuns relatados por aqueles que querem realizar o corte de uma árvore da sua rua ou quintal são com o crescimento da raiz, que pode danificar construções, e com a queda de frutos e folhas e folhas, que em excesso, podem causar problemas como deixar o piso escorregadio para pedestres, apontam o pesquisador Carlos Eduardo de Souza. Por isso, a escolha do plantio de uma espécie tem que ser analisado antes. O estudo realizado sobre a avenida Senador José Carlos Pereira Pinto, em Guarus, apontou que alguns aspectos preci-sam ser observados.
— Deve-se priorizar, por exemplo, a implantação de espécies de pequeno porte sob rede elétrica, de médio porte para calçadas e de pequeno a grande porte para o canteiro central — completou Carlos Eduardo.
A Folha recebe diversas denúncias de árvores retiradas sem autorização do órgão ambiental, o que pode gerar multa.
Em casos como esse, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Ambiental pode aplicar mul-ta que varia de 10 a 1000 Uficas. O valor é definido de acordo com a gravidade, complexidade do dano, risco à saúde, valoração ambiental do bem danificado. “Todo valor arrecadado com multas é destinado ao fundo de meio ambiente e usado em projetos exclusivamente ambi-entais, como plantios de árvores e criação de áreas verdes”, informou a secretaria.
Denúncias como esta podem ser feitas, através do telefone (22) 981750207 no setor de Fisca-lização. As pessoas que tiverem dúvidas sobre serviços de arborização na rua podem entrar em contato, através do telefone (22) 9816- 89588 ou mandar um ofício para o e-mail:
[email protected].