Paula Vigneron
03/01/2020 12:58 - Atualizado em 05/01/2020 09:23
O Hemocentro Regional de Campos iniciou o ano de 2020 com baixo estoque de sangue. O material é utilizado para abastecer não apenas o município, mas também outras 14 cidades do Norte e Noroeste Fluminense, área que abrange cerca de 900 mil pessoas. Nessa quinta-feira (2), a unidade recebeu somente 12 doadores, sendo que o ideal, por dia, é que sejam coletadas 70 bolsas para equilibrar o estoque.
Diretora do Hemocentro, a hematologista Sandra Chalhub de Oliveira explicou que, nesta época do ano, sempre ocorre redução no número de doações. Com isso, as coletas para composição do estoque têm sido prejudicadas, apesar de a unidade ter funcionado, em horário especial, durante o feriado de Natal e Réveillon.
— Na segunda-feira, nós tivemos uma coleta excelente, com praticamente 70 bolsas. Mas, ontem e hoje (quinta e sexta), o movimento está muito fraco. Nosso corredor está vazio. O que a gente percebe é que tem que lembrar os doadores da necessidade. Quando são lembrados, eles vêm. Eles têm um coração muito solidário.
De acordo com Sandra, os primeiros meses do ano, geralmente, representam o período de maior necessidade de bolsas do Hemocentro e é preciso que os doadores e a população estejam atentos.
— Os doadores viajam, ficam de férias e é justamente o momento em que se tem uma necessidade maior por conta do fluxo nas estradas. Nós atendemos as emergências dos acidentes que ocorrem na BR 101. Aumenta o número de acidentes. São muitos feridos — ressaltou.
A diretora explicou que os únicos municípios que não são cobertos pelo Hemocentro são Itaperuna e Macaé. Este, no entanto, recebe auxílio da unidade de coleta ocasionalmente.
— Macaé tem serviço de coleta, mas, quando tem necessidade, nós damos suporte, fora os convênios que nós temos. No último censo de 2016, nossa área de abrangência estava em torno de, mais ou menos, 900 mil pessoas. Se eu considerar Macaé, vai para um milhão e pouco. O Hemocentro precisa das doações. Nós atendemos a todos os hospitais. O foco nosso é o atendimento do SUS, conforme a legislação, mas temos hospitais que são conveniados ao SUS, até particulares. Hoje em dia, nós temos alguns hospitais que têm serviços próprios, inclusive em Campos, mas o grande volume, que é do SUS, é nosso — detalhou.
Restrições e cuidados pré-doação — Na última revisão da legislação relacionada ao serviço de hemoterapia, segundo a médica, houve mudança quanto à idade permitida para a doação de sangue. Atualmente, os doadores podem ter entre 16 e 69 anos, mas há regras referentes à primeira coleta e aos menores de idade que comparecerem à unidade.
— De 16 a 18 anos, tem que ter a presença do responsável, com assinatura de um documento. E vai até os 69 anos para aquelas pessoas que já doaram sangue antes dos 60. É a questão da legislação e, às vezes, as pessoas não entendem porque engessam. Na realidade, é um acordo quase mundial das condições de quem pode e não pode doar. Temos que ter sempre em mente que não é só a segurança de quem vai receber o sangue; é a segurança de quem vai doar.
Sandra destacou que, entre os principais cuidados antes da doação, estão a qualidade de sono e a alimentação balanceada. É necessário que o doador tenha, no mínimo, seis horas de descanso à noite e evite comidas gordurosas antes de ir à unidade.
— As seis horas de sono, por exemplo, são importantes porque, além de minimizar os riscos de você ter um mal-estar durante a coleta, a falta de sono interfere nas células. A questão da alimentação, a gente sempre orienta que não venha doar em jejum, porque não pode, mas também não pode comer coisa gordurosa, como manteiga, margarina, queijo, salame, mortadela. Pode tomar um café, um chá, um suco; comer uma fruta, um pão com geleia. E tem que ingerir bastante líquido — apontou.
Para efetuar a doação, é necessária a apresentação de um documento original com foto (passaporte, carteira de habilitação, carteira de trabalho ou identidade).