Ponto Final - Espetáculo da torcida
22/11/2019 11:05 - Atualizado em 03/12/2019 13:52
Espetáculo de torcida
Reconhecida pela Fifa como a maior torcida do planeta, o que os flamenguistas fizeram na quarta-feira (20) no Rio de Janeiro, na despedida do time do Ninho do Urubu ao aeroporto do Galeão, e voltou a fazer ontem em Lima, tingindo de vermelho e preto as ruas da capital do Peru, torna todo o resto menor para uma nação de 40 milhões — um entre cada cinco brasileiros. E assim será até que a bola finalmente role entre o Flamengo e o tradicional copeiro argentino River Plate, a partir das 17h de amanhã, no Estádio Monumental de Lima, pela final da Libertadores da América.
Expectativa e conselho
Eleito não só pela Fifa, como pelas revistas europeias World Soccer e France Football, entre os 10 grandes camisas 10 do futebol mundial no séc. 20, além de maior jogador do Flamengo de todos os tempos, Zico fez, na terça (19), uma live em seu canal no YouTube. Nela, falou do que espera da final da Libertadores. E comungou a experiência de quem liderou a conquista rubro-negra da América do Sul e do mundo, em 1981. Feito que o time do técnico Jorge Jesus tenta repetir. Respondendo a um internauta, Zico aconselhou a Gabigol, cujo destempero provocou sua merecida expulsão e quase custou a vitória de 1 a 0 sobre o Grêmio no domingo (17).
Exemplo do rei
O ex-craque usou seu próprio exemplo. Na série de três jogos da final da Libertadores de 1981, contra o violento e desleal time chileno do Cobreloa, lembrou como um dos jogadores adversários lhe aplicou um “exame de urologia” quando ele ia cobrar uma falta, sua especialidade. A reação de Zico? Nas suas palavras: “Tranquei. E na hora de bater eu olhei para ele e falei assim: ‘Olha, no final do jogo você me dá seu telefone, tá?’. O cara começou a rir e parou. Agora, seu eu dou uma porrada na cara dele e revido, o jogo 0 a 0, era isso que ele queria. Eu não ia jogar o outro jogo”. O Galinho de Quintino revidou de outra maneira.
Do campo para política
Nos três jogos contra o Cobreloa, fez quatro gols: dois de bola rolando, um de pênalti e o último, que selou o título da Libertadores ao Flamengo, em cobrança de falta. Na sua especialidade, o craque deu o “toque retal” definitivo. Descer das glórias do passado do Flamengo, ou da possibilidade de repeti-las amanhã, para falar de política, deveria ser proibido. Mas o exemplo de Zico, como de hábito, serve também para outros campos. Ocorrida no final da manhã de hoje, a inauguração do Guarus Plaza Shopping, do empresário Joilson Barcelos, viralizou nas redes sociais pelas vaias ao prefeito Rafael Diniz (Cidadania).
Palanque
No palanque, também estavam o governador Wilson Witzel (PSC) e o deputado federal Wladimir Garotinho (PSD), entre outros. Enquanto era estridentemente apupado, Rafael buscou demonstrar coragem: “Talvez muitos não estivessem aqui hoje. Talvez muitos não tivessem a coragem de pegar o microfone, aqui, agora, e olhar nos olhos dos senhores”. E, no que disse, estava absolutamente certo no motivo que tinha para nada ter dito. Sobretudo no dia seguinte à interdição de sete setores do Hospital Geral de Guarus (HGG), por problemas de infiltração de água de chuva que se arrastam desde o governo Rosinha Garotinho (hoje, Patri).
Claque e a falta dela
O fato de a vaia ter sido puxada pela claque de Wladimir, liderada pelo vereador de oposição Alonsimar (PTC) e por Dinalva da Silva, irmã da ex-vereadora Linda Mara (do mesmo PTC de Alonsimar), foragida há 45 dias da Polícia Federal, não altera o desgaste à imagem do prefeito nas redes sociais. Na verdade, tem o mesmo efeito prático de quem cometeu a ingenuidade, primária na política, de não compor uma claque oposta porque estaria vistoriando o estrago das chuvas da semana, que interditou o HGG, nos distritos do município.
Lição
Como pouco importa se Joilson é muito ligado a Marcelo Mérida, que já foi secretário municipal de Rosinha, é pré-candidato a prefeito pelo PSC de Witzel e se especula poder funcionar como linha de apoio à pré-candidatura de Wladimir em 2020. Rafael é flamenguista como Wladimir, que teve a malandragem de levar sua claque e não fazer uso da palavra. Pela idade, Rafael e Wladimir não deram a sorte de ver Zico jogar. Mas podem, como o Flamengo contra o River, herdar sua lição: um vencedor, além da coragem e do talento, só se constrói ou sustenta com inteligência emocional nas reações.

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