Aldir Sales
16/11/2019 13:49 - Atualizado em 22/11/2019 14:13
Apesar de serem mais da metade (51,2%) da população do Norte Fluminense, segundo o último Censo do IBGE, as mulheres possuem baixíssima representação na política local. Enquanto quatro dos nove municípios da região são governados por elas, apenas 10% das cadeiras nas Câmaras Municipais são ocupadas pelo sexo feminino. Para tentar diminuir o abismo de representatividade, está em fase final de criação de uma associação para reunir todas as vereadoras do Estado do Rio de Janeiro.
De acordo com a vereadora Josiane Morumbi (Patri), de Campos, ao todo, são 107 mulheres que exercem mandatos legislativos municipais no Rio de Janeiro atualmente. Entre os objetivos da nova entidade está manter a união entre todas, com atuações em conjunto, e levar demandas regionais Governo do Estado. Josiane explicou, ainda, que o trabalho de contato com todas as parlamentares já dura seis meses e que falta apenas a finalização da parte jurídica.
Em Campos, das atuais 25 cadeiras, apenas quatro são ocupados por mulheres. Apesar de ser pouco, é o maior número de representação feminina no Legislativo goitacá desde 1996, como mostrou a Folha da Manhã em reportagem no último dia 15 de maio.
Além de Josiane, também fazem parte da atuação composição da Casa de Leis as vereadoras Joilza Rangel (PSD), Marcelle Pata (PL) e Rosilani do Renê (PSC).
A situação se repete também nas outras cidades da região. Dos nove municípios do Norte Fluminense, apenas Campos (quatro) e Cardoso Moreira (duas) possuem mais de uma vereadora em exercício. Em São Fidélis e São Francisco de Itabapoana não nenhuma mulher nos respectivos Legislativo. No caso de SFI, a professora Yara Cinthia (DEM) chegou a ser eleita em 2016, mas se licenciou para assumir a secretaria municipal de Educação.
Em um universo de 111 vagas nas câmaras de todas as cidades da região, apenas 11 são de mulheres, enquanto as outras 100 são dos homens.
Apesar de um percentual menor, a desigualdade também se reflete nas prefeituras. Apenas SFI, com Francimara Barbosa Lemos (PSB); São João da Barra, com Carla Machado (PP); Christiane Cordeiro (PP), em Carapebus; e Quissamã, com Fátima Pacheco (DEM), têm representantes femininas no Poder Executivo.
Eleita com 22 anos inspira candidaturas
Com apenas 22 anos, Nathália Braga (PSDB) foi eleita, em 2016, a única vereadora de Concei-ção de Macabu e a mais jovem de toda a região. Ela chamou a atenção para as dificuldades que são encontradas e apontou que cada uma encoraja a outra a cada nova reunião.
— A associação das vereadoras é basicamente uma forma de apoiar umas as outras. A luta que cada uma enfrenta, na maioria das vezes sendo únicas representantes de suas cidades, é muito grande. Cada vez que nos reunimos é uma grande troca de experiências e somos en-corajadas a continuarem mais fortes. São apresentados, em cada encontro, importantes te-mas para aprimorar conhecimentos que usamos em nosso mandato. Além de tudo é uma forma de percebermos que não estamos sozinhas.
Nathália relatou também que o fato de ser a vereadora mais jovem da região tem ajudado a inspirar mais mulheres a entrar na política. “Tenho certeza que muitas mulheres na região estão motivadas a se candidatarem através do meu mandato. Recebo constantemente de perguntas das aspirantes, na maioria das vezes jovens, sobre a experiência que tenho hoje, o que me motivou, e sobre a experiência de estar vereadora. Na oportunidade, sempre as incentivo, mostrando a realidade, as dificuldades e o quanto vale a pena lutar pelos objetivos da população”, finalizou.
Deputadas defendem apoio à candidatas
Após as eleições de 2018, a representação de mulheres na Câmara dos Deputados passou de 10% para 15%. Houve um crescimento de 50% na bancada feminina da Câmara. Nas assembleias legislativas estaduais, o crescimento foi de 35%. São dados positivos, mas as deputadas acreditam que ainda é preciso melhorar muito.
A coordenadora da bancada feminina na Câmara Federal, Professora Dorinha (DEM-TO), ressaltou a necessidade do apoio às mulheres nas candidaturas. “O maior enfrentamento nosso é desarmar a fachada que existe de que as mulheres não querem ou não gostam de política, e por isso têm uma dificuldade de encontrar candidatas. As candidatas estão nas suas diferentes áreas de atuação, o que elas precisam é de apoio para que esse projeto, que não é individual, se concretize a partir de uma poio da própria bancada feminina”.