Águas invadem estrada e deixam moradores ilhados na localidade de Lagoinha
Paula Vigneron 22/11/2019 13:30 - Atualizado em 26/11/2019 14:17
Nessa quinta, água já havia invadido parte da estrada
Nessa quinta, água já havia invadido parte da estrada / Paula Vigneron
Moradores de Lagoinha, localizada entre Lagoa de Cima e Imbé, estão ilhados e sem energia elétrica desde a noite dessa quinta-feira (21). A região tem sido uma das mais atingidas pelas fortes chuvas registradas na cidade ao longo do mês de novembro. O município tem contabilizado diversos transtornos, principalmente no interior, causados pela instabilidade climática. A previsão para este final de semana, de acordo com o Climatempo, é de que as chuvas continuem.
A costureira Maria de Fátima Pereira da Silva, de 55 anos, mora em Lagoinha há mais de cinco anos. Ela relatou que, devido à invasão da água na estrada que liga Lagoa de Cima ao Imbé, os moradores estão sem ter como sair da localidade.
— Não pode ir nem vir, e as pessoas estão sem luz. Quer dizer, vai estragar tudo que é de leite, de queijo, infelizmente. Na última vez em que aconteceu isso, na última enchente, ficamos cinco dias sem luz. Faltou luz ontem (quinta) à noite e não teve nenhum sinal de retorno por enquanto. A água está só subindo porque as águas que descem do Imbé vêm para o lado da Lagoa de Cima, e Lagoinha está entre a Lagoa e o Imbé — contou.
A moradora afirmou que, até o momento, nenhum representante do poder público e da concessionária Enel compareceu à localidade para verificar os danos.
— Está tudo embaixo d’água. Em Rio Preto, as águas invadiram casa e comércio. Como estamos no meio, não temos noção do que está acontecendo lá para cima. Mas, se aqui já está intransitável, o negócio deve estar feio para lá também. Queria fazer um apelo à Enel para ver se dá para resolver pelo menos a parte elétrica, para ver se as pessoas não ficam tão sacrificadas. Hoje mesmo era dia de o pessoal ir para a feira da roça (que acontece na praça da República, na área central de Campos). Tudo foi construído durante a semana para ser vendido lá e não tem como ir — lamentou.
Segundo informações do site Climatempo, para este sábado (23), a previsão é de sol e aumento de nuvens pela manhã e pancadas de chuva à tarde e à noite, com variação entre 21ºC e 33ºC. Já o domingo, com temperatura entre 19ºC e 25ºC, permanecerá chuvoso durante todo o dia.
Em nota, a Prefeitura disse que a "ponte sobre o Rio Berrador foi levada pela enxurrada nesta quinta-feira (21) e a secretaria de Infraestrutura e Mobilidade Urbana só poderá tomar providências quanto a uma nova estrutura após o nível do rio baixar. A Defesa Civil Municipal e as secretarias de Desenvolvimento Humano e Social e de Governo vem monitorando a situação e prestando atendimento às famílias de regiões atingidas pelas cheias, principalmente, nas regiões do Imbé, Lagoa de Cima e Rio Preto".
Consequências da chuva — Os primeiros prejuízos causados pela instabilidade climática foram registrados no último dia 8, quando, somente das 17h às 20h, choveu 53 mm. Na ocasião, pontos da cidade ficaram alagados, como a avenida XV de Novembro, próximo ao Fórum Maria Tereza Gusmão, a avenida Alberto Torres, a descida da ponte Leonel Brizola e trechos da BR 101. O setor de marcação de consultas do Hospital Geral de Guarus (HGG) foi invadido pelas águas.
Com o aumento da intensidade das chuvas ao longo do mês, entre a última segunda (18) e terça-feira (19), diversas regiões do município foram afetadas. Além dos tradicionais pontos de alagamento, foram divulgadas, em redes sociais, imagens que mostraram goteiras em um setor da Unidade Pré-Hospitalar São José. A direção da UPH informou que não houve transtornos, o local foi limpo e nenhum atendimento foi comprometido.
Ponte do Marimbondo havia sido reformada este ano
Ponte do Marimbondo havia sido reformada este ano / GenilsonPessanha
Na madrugada de quarta-feira (20), a estrutura da ponte do Marimbondo, também conhecida como ponte do Picadeiro, em Ururaí, voltou a ceder. O acesso é muito usado por grupos de praticantes de mountain bike que pedalam para o Morro do Itaoca. Em março do ano passado, também como consequência das chuvas, a ponte caiu. Ela foi reestruturada este ano, com reforço nos 28 pilares, em uma obra orçada em R$ 303.558,53.
Outro ponto atingido em Campos foi o cemitério do Caju. Parte do muro dos fundos, de aproximadamente de 13 metros de comprimento e dois metros de altura, desmoronou também na madrugada de quarta. Os escombros caíram em uma propriedade particular. Apesar do susto, ninguém se feriu. O reparo no local será realizado quando as chuvas cessarem.
Na tarde de quarta-feira (20), o HGG voltou a ser atingido. Desta vez, parte do teto da unidade hospitalar cedeu. Houve interdição de sete setores, interrupção do atendimento de clínica médica e remoção de pessoas internadas. Pelo menos 17 pacientes que estavam na enfermaria foram transferidos para a Santa Casa de Misericórdia de Campos e para o Hospital Escola Álvaro Alvim, ambos contratualizados. O Hospital de Guarus receberá R$ 5 milhões, nos próximos dias, provenientes do governo do Estado.
Já entre a noite de quarta (20) e a madrugada de quinta-feira (21), um trecho de aproximadamente 25 metros da RJ 190, que liga as localidades de Itereré e Rio Preto, caiu e impossibilitou a travessia de moradores que saem da região para a área central da cidade. Ainda não há previsão de obras. Além das chuvas, a força das águas do rio Preto contribuiu para o rompimento da rodovia. A orientação da Defesa Civil é que a população acesse Rio Preto por meio da estrada de Santa Cruz.

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