Beth Araújo fala sobre Prêmio Alberto Lameco, Suac e Kapi no Folha no Ar
Matheus Berriel 21/11/2019 07:46 - Atualizado em 26/11/2019 14:16
Vencedora em 2008 da maior honraria da cultura em Campos, o Prêmio Alberto Lamego, a professora Elizabeth Araújo foi a entrevistada desta quinta-feira (21) na primeira edição do Folha no Ar, da Folha FM 98,3. Durante o programa, ela falou sobre assuntos como o próprio prêmio, recebido por sua atuação na alfabetização de adultos; a Semana Universitária de Arte e Cultura (Suac), realizada em Campos no final dos anos 1970, e o multitalentoso artista Antonio Roberto de Góis Cavalcanti, o Kapi, seu amigo pessoal, morto em 2015. Na sexta (22), a partir das 7h, serão entrevistados ex-vereador Thiago Ferrugem (PR), assessor do deputado federal Wladimir Garotinho (PSD), e Luciano Grein, que faz parte do estafe do governo Rafael Diniz.
O Movimento de Alfabetização de Adultos de Campos foi elaborado por Elizabeth Araújo entre o final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Admiradora do método Paulo Freire, a professora valeu-se dele para, coletivamente, colocar em prática a proposta. Criado em 1987 pela empresária Diva Abreu Barbosa, diretora-presidente do Grupo Folha de Comunicação, então chefe do Departamento Municipal de Cultura, o Prêmio Alberto Lamego foi dado a Beth em 2008 como forma de reconhecimento.
— Tomei um susto com aquilo. Eu nunca imaginei receber, ser agraciada com o Prêmio Alberto Lamego. (...) Passei a ficar bem mais tranquila depois que eles me explicaram que o motivo principal foi a contribuição que nós, coletivamente, demos. Não existe nenhum trabalho em educação que se preze feito individualmente — disse a emocionada Elizabeth Araújo, valorizando a atuação dos demais educadores envolvidos no processo.
Também implantada por Diva Abreu Barbosa, mas no final dos anos 1970, na Faculdade de Filosofia de Campos (Fafic), a Suac é outro tema que traz boas lembranças à entrevistada desta quinta.
— Foi uma experiência muito interessante. Para mim, foi uma coisa maravilhosa viver aqueles momentos. Anteriormente, com 18 anos, eu fui para o Rio estudar. Então, tive oportunidade de viver aquela efervescência estudantil de 1961, 1962, 1963, aquela coisa toda... (...) (Na Suac), parecia que eu estava revivendo, em outro contexto, claro, aquele movimento cultural do Rio de Janeiro de antes do golpe de 1964 — pontuou.
Um dos momentos lembrados foi a vinda do cantor e compositor Gonzaguinha para um show no Tênis Club de Campos, na fase mais rígida da Ditadura Militar.
— Todo nosso trabalho era censurado. Tinha a pessoa que ia para lá ficar assistindo o que fosse que estivesse acontecendo. (...) Aí o Gonzaguinha vem. Já vinha tomando umas coisas pelo caminho (risos). Na maior ingenuidade, fui uma palhaça ali, pedi ao Gonzaguinha para não fazer crítica ao governo, porque senão a Suac seria interrompida. “Não é medo meu pessoal, não, Gonzaguinha, nem de Diva, de ninguém. Se ela não tivesse coragem, não estaria dirigindo um trabalho desse porte”. E ele disse que tudo bem. Quando chegou lá no Tênis, ele começa o show escancarando. Já tinha tomado umas coisas — lembrou Beth.
As memórias relacionadas ao diretor teatral, carnavalesco e poeta Kapi também a deixam emocionada:
— É muito difícil falar sobre Kapi. Primeiro pela dor, pela falta dele, pela saudade. Kapi começou a frequentar minha casa muito jovem ainda, em torno dos seus 20 anos, e se tornou muito amigo dos meus filhos, do meu marido. Ficou como um filho para mim. E falar de um filho fica muito difícil.
Confira a entrevista:
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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