Ex-deputada Alcione Athayde e filha presas na nova fase da Operação Lava Jato
19/11/2019 09:45 - Atualizado em 21/11/2019 13:29
Policiais federais cumprem 19 mandados de prisão e 18 de busca e apreensão em três estados brasileiros, nesta terça-feira (19), em uma nova fase da Operação Lava Jato. A ação visa desarticular uma organização criminosa vinculada ao doleiro Dario Messer e tem, entre seus alvos, o ex-presidente do Paraguai Horácio Cartes, que governou o país vizinho de 2013 a 2018. A ex-deputada federal Alcione Athayde, prima do ex-governador Anthony Garotinho campista, e sua filha Myra Athayde, namorada de Messer, também estão na lista dos 20 presos da Operação Patrón.
Alcione já foi presa em 2008 no âmbito da Operação Pecado Capital, que investigou esquema de corrupção na pasta da Saúde do governo de Rosinha Garotinho. A operação é chamada de Patron, ou seja, “patrão” em português, uma referência ao apelido dado por Messer ao ex-presidente paraguaio.
De acordo com a Polícia Federal, as investigações identificaram 20 milhões de dólares que teriam sido ocultados por Dario Messer, dos quais 17 milhões foram colocados em um banco do arquipélago caribenho das Bahamas e o restante dividido entre doleiros, casas de câmbio, políticos e empresários do Paraguai. Ainda segundo a PF, Cartes seria a pessoa de maior confiança de Messer no Paraguai e teria ajudado o doleiro a fugir de autoridades brasileiras e paraguaias.
Messer, por sua vez, teve sua prisão decretada em maio de 2018 pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro na Operação Câmbio, Desligo. Depois de ficar foragido por mais de um ano, ele foi preso em julho deste ano, acusado de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e participação em organização criminosa.
Os alvos que residem no Paraguai e nos Estados Unidos foram incluídos na lista vermelha da Interpol, a polícia internacional.
O esquema usado pelo doleiro de Dario Messer para movimentar sua organização criminosa enquanto fugia foi além de sua namorada, Myra de Oliveira Athayde. Relatório do MPF também cita a mãe de Myra, Alcione Maria Mello de Oliveira Athayde, seu padastro, Arleir Francisco Bellieny, e uma amiga, Raissa Betty Amorim Souza. Foram pedidas as prisões preventivas de todos, com exceção de Raissa.
Segundo o MPF, Myra fazia parte do núcleo administrativo da organização e teria recebido no Paraguai dinheiro endereçado a Messer. Seu nome batizava contas em planilhas. De acordo com mensagens obtidas pela PF, Myra recebia US$ 10 mil mensais de Antonio Joaquim da Mota, fazendeiro que ocultava dinheiro para Messer e ligado ao tráfico na fronteira entre Paraguai e Brasil.
A namorada recebia orientações direto da mãe sobre o que fazer com o dinheiro. Eis uma mensagem de 17 de janeiro de 2019 enviada por Alcione:
"Myra, faz por muitas vias. Faz com o Tonho (apelido do fazendeiro Antônio Joaquim Mota) . Você vai ver, depois vai fazer com o Arleir (padrasto) trazendo uma parte. Depois você vai lá... Não sei porque que quando você foi para pegar, você não trouxe mais algum, entendeu?! Porque toda vez que você for por de trazer 10. Toda vez que alguém for pode trazer 10. Então, tem que ir trazendo. Não pode deixar lá", disse Alcione pelo WhatsApp — a mensagem foi transcrita mantendo os erros de português.
Ainda de acordo com o MPF, Myra passou a fazer viagens internacionais, principalmente para o Paraguai, mas também Nova York e Miami, e abriu uma empresa nos Estados Unidos, a Goodhope Consulting LLC. O MPF também aponta para as conversas de Myra com outros acusados em cidades como Pedro Juan Caballero, no Paraguai, Bariloche e Assunção.
As suspeitas do MPF vão além da família da namorada. O órgão suspeita sobre uma amiga de Myra, Raissa Betty Amorim Souza, que teria atuado como laranja. Raissa teria fornecido uma conta corrente para receber depósitos para a amiga.
 
 
Fonte: Com informações da Agência Brasil, G1, O Antagonista, Revista Época.

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