Campistas e moradores de outros municípios da Bacia de Campos manifestam preocupação com o futuro diante do risco da perda dos atuais royalties do petróleo. Os entrevistados consideram injusto que municípios não produtores recebam a indenização, rechaçam a proposta de redistribuição dos repasses, mas também cobram que os recursos sejam bem aplicados pelas administrações municipais. O Estado acumulará perdas de R$ 70 bilhões, o que comprometerá o pagamento de servidores estaduais da ativa e aposentados. Segundo dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), as cidades produtoras perderiam receitas e R$ 49 bilhões – R$ 19 bilhões do que deveria ser devolvido ou descontados, de 2013 a 2018, e outros R$ 30 bilhões de 2020 a 2023. Em Campos, onde os hospitais estão com repasses de convênios em atraso, 30% do Orçamento do município é formado pelas receitas petrolíferas. O Estado e os municípios lutam pelo adiamento do julgamento no próximo dia 20, no Supremo Tribunal Federal (STF) do mérito da liminar da ministra Cármen Lúcia, na Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) que mantém a atual forma de partilha.

São Paulo ou Minas mandam alguma coisa para o Rio ou Campos? Por que dividir o que é nosso? Estou preocupado e acho a bancada do Rio omissa. Veja os problemas dos hospitais. Uma derrota no STF afundará Campos.

Campos já está em uma situação ruim com os royalties, sem ônibus, precariedade na saúde; imagina sem esses recursos. Acho que a prefeitura devia lutar mais para manter o que é, por direito, do nosso município.

Vai piorar a crise. Emprego já não tem mais na cidade. Acho errada essa partilha, porque os outros municípios já recebem por outras atividades, contam com recursos de outras áreas, que não vão querer dividir com a gente.

Se essa lei passar, a crise vai aumentar. Quem trabalha em comércio vê como a situação está difícil, desemprego muito grande. No Centro, tem loja fechando quase todo dia ou reduzindo o número de funcionários.

É injusto que outros municípios recebam royalties sem impactos, mas acho que esses recursos deveriam ser aplicados pela Petrobras com a sociedade porque os nossos governantes não tem empregado bem as verbas.

Se o STF tirar mais esses recursos vai decretar a falência de Campos. Royalties é um direito dos produtores, previsto na Constituição. Precisamos desses recursos, mas precisamos que eles sejam mais bem empregados.

Campos precisa dos royalties, se não vai piorar tudo. As coisas estão difíceis, as pessoas não podem contar com o SUS. Perder o dinheiro vai prejudicar principalmente dos que precisam dos serviços públicos.

Vejo lojas sendo fechadas e sem movimento. Com essa redistribuição, a tendência é piorar. Há 5 anos em véspera de feriado, o Centro vivia lotado. Hoje se vê lojas cada vez mais vazias e pouca circulação de dinheiro.

Com essa redistribuição a situação aqui vai piorar. Vai afetar no transporte que está um caos, na circulação de dinheiro. Trabalho com vendas, a situação está complicada, com a diminuição dos recursos, vai ser pior.

Acho que só vai piorar, em todos os aspectos. A cidade vai ficar mais desestabilizada e todos serão afetados em diferentes setores, como saúde, transporte, educação. É uma situação que preocupa a todos.

Não concordo com essa situação. A situação que passamos já está ruim, imagina com essa diminuição. A falta de emprego, saúde sem medicamentos, enfim, são prejuízos incalculáveis.

O município recebe esse repasse por compensação dos danos ambientais. Os danos continuarão, mas o dinheiro diminuirá e isso não é justo para quem não produz. A cidade vai sofrer sem o repasse.

Os municípios não investem bem os royalties. Mas não acho correto tirar algo dos que produzem para quem não tem dano nenhum. Se for assim que o minério também seja redistribuído para todo o País.

Não concordo com essa redistribuição. Apenas os municípios produtores de petróleo devem receber essa compensação financeira, devido ao dano ambiental pela exploração, que acarreta muitos outros impactos.

O município entra num colapso porque é uma fonte de renda importante. Sem ele, o comércio não movimenta, nosso setor industrial é fraco. Hoje nós vemos muitas lojas fechadas. A tendência vai ser piorar ainda mais.

Eu entendo que os royalties do petróleo deveriam ajudar a ter melhorias na cidade, mas infelizmente os recursos não são bem aplicados. A gente tinha ver mais coisas funcionando melhor com esses recursos.

Vai ter um reflexo devastador. As contas do nosso município estão bem defasados dos outros governos e da crise que afetou todo o país. Se diminuir, vai ficar uma situação bem complicada, mais do que já está.

Campos tem que arrumar um jeito de ter uma arrecadação para suprir os anseios da população, para não ficar dependente dos royalties. Eu acho que isso deveria ter começado a ser feito há muito tempo.

Precisa uma melhor divulgação do que é feito com o que município recebe. As pessoas reclamam que não são bem atendidos em hospitais, muitas estão sem receber. Tem que divulgar melhor o que faz com ele.

Acho que a tendência é perder. Que vamos fazer sem esses recursos? É uma medida totalmente injusta. A bacia é nossa e acho que é a que sempre produziu mais. Essa partilha vai ser a total decadência da cidade.

Se essa lei passar acaba com Campos. A gente não pode perder o que é nosso. Campos quebra. Já venderam o “futuro” e o governante não terá recursos suficientes para administrar o município. A população vai sofrer ainda mais.

Quíssila Batista, 40 anos – ambientalista e professora

Vai ser uma situação muito difícil. Ambientalmente falando, se não contarmos com esses recursos, ficaremos sem poder agir em um caso de acidente ambiental, responder ao impacto da produção. É muito injusto.

O Município já tem uma dívida imensa e a situação vai ficar caótica. A prefeitura já não está conseguindo cumprir com os compromissos e, se isso acontecer, ficará impossível.

É preocupante. Município que não produz petróleo não tem que receber royalties. Hoje moro em Macaé e acho que essa verba deveria ser melhor aplicada em saneamento ou em ruas calçadas.