“Um documentário sobre uma Atafona que não existe mais”. Assim foi adjetivado pela jornalista Silvia Salgado o filme “Na Boca do Mundo” (1978), que ela apresenta nesta quarta-feira (20) no Cineclube Goitacá. Marcada para as 19h, a sessão especial integra a programação do Festival Doces Palavras (FDP!), neste ano organizado coletivamente por produtores culturais. A exibição do filme acontece na sala 507 do edifício Medical Center, à esquina das ruas Conselheiro Otaviano e 13 de Maio, no Centro de Campos. Entrada gratuita.
Dirigido, produzido e estrelado por Antônio Pitanga, “Na Boca do Mundo” é um drama que se passa no distrito de Atafona, em São João da Barra. A atriz Norma Bengell também integra o elenco, junto a Sibele Rúbia, Angelito Mello e moradores locais. Há participações especiais de Milton Gonçalves e Thelma Reston.
A escolha para a exibição dentro do FDP! foi do presidente da Associação de Imprensa Campista (AIC), Wellington Cordeiro, que convidou Silvia Salgado para ser a apresentadora devido à sua relação de proximidade com o filme. Afinal, ela estava em sua casa de praia atafonense quando este foi gravado, em março de 1978.
— Eu vi as filmagens, participei. Muitas vezes eles foram lá para casa, o Antônio Pitanga, a Norma Bengell... Tive um envolvimento emocional com esse filme. Na época eu era casada com um cenógrafo, meu marido era o Newton Rabello, ele viu locações, teve uma participação até técnica — disse Silvia. — Esse filme não tem tanta importância na cinematografia nacional, mas acabou se transformando em um documentário sobre uma Atafona que não existe mais. As cenas se passam no antigo Pontal, nos bares emblemáticos como Elvis Presley, o Bar do Espanhol... Aparece a Igrejinha dos Navegantes... Tudo o que o mar levou está lá no filme. O posto de gasolina... — relatou.
Em “Na Boca do Mundo”, Antônio (Pitanga) ama Terezinha (Sibele Rúbia),e o objetivo é deixar Atafona, distrito de pescadores que não oferece maiores perspectivas de vida. Ele então abandona a pescaria, arranja um emprego num posto de gasolina e começa a juntar dinheiro para que possam sair dali. Enquanto trabalha, matricula-se num curso de mecânica por correspondência, a fim de estar apto a enfrentar a cidade grande. Terezinha, para sobreviver, passa os seus dias vendendo caranguejos aos poucos turistas que aparecem na cidade. É quando surge Clarisse. Desiludida com o seu casamento e todo o esquema de vida que a cerca, a personagem de Norma Bengell chega a um impasse existencial e tentaria o suicídio caso não houvesse se deparado com a fotografia de uma criança, brincando nas areias de Atafona. Ela se deixa comover pela expressão de inocência que a criança transmite e segue para lá, onde conhece Antônio e aos poucos vai se descobrindo pelo homem pobre e rude, mas que comunica uma grande alegria de viver.
O romance que começa a surgir entre Antônio e Clarisse não consegue abalar Terezinha. Pelo contrário, ela vê a grande chance de abandonar a vila e realizar seus planos de ascensão social juntamente com Antônio. Para isso, estimula os encontros dos dois, sugerindo a ele que venha a ter um filho com Clarisse. O objetivo é conseguir desta uma série de benefícios materiais, através da chantagem. Mas, nem tudo ocorre de acordo com o planejado, e a história se encaminha para um final totalmente inesperado. (M.B.) (A.N.)