Quem comparecer nesta quarta-feira (13) ao Cineclube Goitacá terá uma aula de samba. Será apresentado pelo professor e pesquisador Marcelo Sampaio um documentário da TV Brasil sobre o centenário do ritmo, comemorado em 2016, e um curta-metragem dos jornalistas Matheus Berriel e Jadir de Oliveira sobre a veia sambística da comunidade do Morrinho, em Campos. Sessão dupla marcada para as 19h, na sala 507 do edifício Medical Center, situado à esquina das ruas Conselheiro Otaviano e 13 de Maio, no Centro. Entrada gratuita.
“Samba: 100 anos” foi uma edição temática do programa “Caminhos da Reportagem”, exibida no ano do centenário do ritmo, tendo como proposta fazer um passeio pela história do ritmo no Brasil, desde o registro da canção “O Telefone”, em 1916, e sua gravação no ano seguinte.
— Seria um marco inicial o “Pelo Telefone”, de Donga, Sinhô e Mauro de Almeida, samba composto no quintal da Tia Ciata, na praça Onze, no Rio de Janeiro. A jornalista Vera Barroso conduz o programa de uma maneira muito interessante. Tem 52 minutos de duração e faz um painel muito interessante sobre como o samba foi surgindo e se espalhando pelo Rio e depois pelo Brasil inteiro. Na verdade, é um documentário ideal para quem quiser conhecer a história do samba — disse Marcelo Sampaio.
Grandes nomes da história da música popular brasileira são abordados, além de movimentos e regiões do Rio de Janeiro que vieram a se tornar redutos do gênero.
— O samba é muito africanizado. Ele se espalha por bairros como Oswaldo Cruz, Madureira... (o documentário) cita também a Mangueira como primeira escola de samba criada num morro do Rio de Janeiro. Fala do bairro de Vila Isabel, que produziu o compositor Noel Rosa, fundamental, porque ele inaugura as parcerias inter-raciais na música popular brasileira. Até então, branco só fazia música com branco, negro só fazia música com negro. Quando você via o nome de um negro em parceria com um branco antes de Noel, é porque o branco comprou aquele samba do negro, mas não fez com ele. As primeiras parcerias de verdade entre brancos e negros surgiram com Noel Rosa — comentou o apresentador.
Há no documentário participações especiais de sambistas como Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Monarco, Hermínio Bello de Carvalho, Moacyr Luz, Paulinho da Viola e Martinho da Vila, do jornalista Sérgio Cabral e do pesquisador Luiz Antônio Simas, mencionado por Marcelo Sampaio como personagem importante na condução da história.
— Ele, com as falas, consegue dar um fio condutor, ligando pontas muito interessantes como, por exemplo, as religiões de matriz africana; os batuques do jongo, do candomblé, da umbanda, como foram importantes na configuração musical do samba. O Luiz Antônio Simas tem uma participação importantíssima nesse documentário — pontuou Marcelo.
Terra de personagens do naipe de Wilson Batista, Delcio Carvalho, Roberto Ribeiro, Sebastião Motta, Zé Ramos e Joel Teixeira, Campos aparece na produção de forma implícita. O clássico “Bumbum Paticumbum Prugurundum”, composto pelo campista Aluísio Machado em parceria com Beto Sem Braço, integra a trilha sonora quando são abordadas algumas transformações do samba devido às mudanças nos desfiles carnavalescos.
— No final dos anos 1960 e início da década de 1970, com a entrada forte do samba na indústria fonográfica, ele vai ficando desafricanizado, vai perdendo aquele batuque dos atabaques africano. Vai ficando um samba que não é tão visceral no ponto de vista rítmico em relação ao batuque africano. Isso é levantado como uma crítica — comentou o professor e pesquisador.
Curta-metragem — Antes do filme principal, haverá exibição de “Meninos do Morrinho”, com duração de 16 minutos. Feito por Matheus Berriel e Jadir de Oliveira, com orientação do jornalista e professor Orávio de Campos Soares, o curta integrou o Trabalho de Conclusão de Curso de jornalismo da dupla, em 2018, no Centro Universitário Fluminense (Uniflu). A partir da aparição de um grupo de garotos campistas do Morrinho no “Encontro com Fátima Bernardes”, da TV Globo, o filme aborda o histórico carnavalesco da comunidade, onde surgiram fenômenos de popularidade como a escola de samba Mocidade Louca, os blocos de samba Os Psicodélicos e Felisminda Minha Nega, e o boneco Jaguar.