Gersinho preso por rachadinha
Arnaldo Neto - Atualizado em 17/10/2019 07:53
Isaías Fernandes
O vereador de São João da Barra Gersinho Crispim (SD) foi preso em flagrante, em frente à Câmara, na manhã dessa quarta-feira (16). A acusação é da prática de “rachadinha”, que é caracterizada quando um servidor repassa parte ou a totalidade de seu salário ao político que o contratou. Após cerca de dez horas na 145ª Delegacia de Polícia, onde, de acordo com a defesa, ficou em silêncio, Gersinho foi encaminhado para a Cadeia Pública Dalton Crespo, em Campos. Até o fechamento da edição, a defesa não havia entrado com nenhum tipo de recurso no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, disse apenas que aguardaria a audiência de custódia marcada para as 14h desta quinta-feira (17).
Gersinho foi surpreendido por agentes do Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça (Gaocrim), do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, enquanto chegava para a sessão do Legislativo. Segundo o MP, ele estava com R$ 3,5 mil, fruto da “rachadinha”, o que configura crime de peculato. O assessor de Gersinho também foi encaminhado para a DP, onde prestou depoimento na condição de colaborador.
O vereador já era alvo de investigação do Ministério Público. A prisão foi decorrente de ação controlada judicialmente comunicada. Segundo a defesa de Gersinho, a delação do assessor, que gerou a prisão, foi homologada pelo desembargador Paulo Baldez, que integra o 3º Grupo de Câmaras Criminais do TJ, desde 1º de outubro. A ação corre sob sigilo. O silêncio do vereador na delegacia foi justamente pelo fato de a defesa ainda não ter tido acesso ao conteúdo da delação. O assessor, após depoimento, foi liberado.
De acordo com o Ministério Público, “as investigações apontam para a existência de uma embrionária organização criminosa, hierarquicamente organizada e suficientemente sedimentada para a prática de reiterados crimes contra a administração municipal, causando prejuízos aos cofres públicos”.
Já a Câmara de SJB, que realizou sessão normalmente dessa quarta-feira, minutos após a prisão de Gersinho, emitiu uma nota evasiva. Informou, à tarde, “que nada tem a acrescentar ao que já foi divulgado pela imprensa acerca do ocorrido”. O procurador da Casa, Hélio Marconi, esteve nas imediações da delegacia sanjoanense pela manhã, enquanto o vereador estava detido, e afirmou que o Legislativo não tinha recebido nenhum tipo de notificação quanto à prisão do parlamentar. A Câmara esclareceu, ainda, “que vai aguardar o desenrolar das investigações”.
Nessa quarta, a prisão do vereador foi a notícia que mais circulou nas redes sociais sanjoanenses. No entanto, o clima de tranquilidade na porta da delegacia não lembrava nem de longe a SJB que transpira política. Somente familiares e poucos amigos de Gersinho se concentraram na porta da DP. Antes de entrar na sala da delegada Madeleine Farias para o depoimento em que nada falou, Gersinho ainda acenou como forma de tentar tranquilizar seus parentes. 

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