Dança das cadeiras na Câmara
Aldir Sales 05/10/2019 16:10 - Atualizado em 10/10/2019 14:11
A atual legislatura da Câmara Municipal de Campos foi marcada pelas constantes trocas de vereadores, principalmente por decisões judiciais. Em um dos maiores escândalos políticos recentes, ao todo 11 parlamentares foram condenados por participação no “escandaloso esquema” de troca de votos por Cheque Cidadão na última eleição e perderam os mandatos. Dos 25 eleitos em 2016, apenas 12 seguem no cargo. Mas, com menos de um ano para o próximo pleito, se especula nos bastidores do Legislativo uma nova dança das cadeiras, mas, desta vez, de partidos. Atualmente, a Casa é representada por 14 legendas diferentes. No entanto, já teve início a corrida de convites, acenos, especulações e articulações.
Na última semana, o presidente regional do DC, o deputado estadual João Peixoto, anunciou que abriu um procedimento interno por infidelidade partidária contra os dois vereadores do partido em Campos: José Carlos e Cláudio Andrade. A rota de colisão é anterior e foi explicitada por Peixoto no programa Folha no Ar, na rádio Folha FM 98,3, no dia 23 de abril. O deputado disse que não haveria mais ambiente para os vereadores.
Na época, José Carlos afirmou que deixaria a legenda, que recebeu convites de outras agremiações, mas não quis falar sobre quais. Já Cláudio minimizou a situação e declarou que não havia problema entre ele e o DC.
Na mesma entrevista, em abril, João Peixoto chegou a deixar em aberto um possível convite a outros dois vereadores: Jorginho Virgílio (Patri) e Rosilani do Renê (PSC). Recentemente, Jorginho confirmou que as conversas com o deputado estadual avançaram.
Por outro lado, desde então, Rosilani se aproximou ainda mais da direção do PSC e afirmou que não tem motivos para mudar de casa. Desde a posse do novo presidente do diretório municipal do partido do governador Wilson Witzel em Campos, o lojista Marcelo Mérida, a vereadora foi nomeada líder da legenda na Câmara.
A ascensão de Rosilani no PSC acontece no momento de antagonismo do líder do governo Paulo César Genásio. O policial militar reformado chegou a anunciar que não disputaria a reeleição, mas depois mudou de ideia e colocou seu nome na disputa. No entanto, o futuro de Genásio parece cada vez mais longe do PSC e ele está em busca de uma nova agremiação.
Outro caso emblemático na Câmara é do PTB. O partido possui dois vereadores na base do governo (Luiz Alberto Neném e Ivan Machado). Recentemente, a superintendente municipal de Envelhecimento Saudável e Ativo, Heloísa Landim, assumiu a direção do diretório por decisão da executiva estadual no lugar de Edson Batista. Desde então, os dois parlamentares reclamam da dificuldade de comunicação com a nova presidente e falam abertamente em uma mudança. Neném, inclusive, já recebeu convite do PSL de Gil Vianna, que é pré-candidato a prefeito, porém, disse que iria se reunir com o prefeito Rafael Diniz (Cidadania) para decidir seu futuro.
Outros dois vereadores governistas enfrentam outro tipo de dúvida. Enock Amaral e Marcelo Perfil foram eleitos pelo PHS, mas o partido não atingiu a cláusula de barreira em 2018 e foi incorporado ao Podemos do senador Romário. Ainda não há uma definição de ambos sobre se seguem na legenda ou se mudam.
O caso é semelhante ao de Silvinho Martins. O PRP pelo qual foi eleito foi anexado ao Patriota e ele já tem conversas adiantadas com o MDB, que não possui nenhuma cadeira. 
Novas regras valem para o próximo pleito
A eleição, marcada para 4 de outubro de 2020, será a primeira em que os partidos não poderão fazer alianças para disputar as câmaras municipais — somente para as prefeituras. Antes, os votos dados a todos os partidos da aliança eram levados em conta no cálculo para a distribuição das vagas.
Além disso, o projeto aprovado pelo Congresso fixa que os limites de gastos das campanhas serão iguais aos de 2016, corrigidos pela inflação. Somente pessoas físicas poderão fazer doações para campanhas eleitorais. As doações serão limitadas a 10% dos seus rendimentos no ano anterior à eleição.
Já a propaganda eleitoral será permitida somente após o dia 15 de agosto do ano que vem, desde que não envolva o pedido explícito de voto.
Bancada de oposição também se movimenta
Entre os partidos e vereadores de oposição, as especulações também são grandes e mudanças devem acontecer assim que for aberta a janela de troca. É o caso de Álvaro Oliveira, primo do ex-governador Anthony Garotinho (sem partido). O Solidariedade, pelo qual foi eleito, mudou de mãos nos últimos quatro anos e agora é comandado pelo deputado estadual Rodrigo Bacellar.
Já Eduardo Crespo continua no PL (antigo PR) mesmo após a saída da família Garotinho. O parlamentar de oposição aguarda a oportunidade para procurar uma nova sigla, uma vez que os liberais têm como presidente o vereador licenciado e secretário de Desenvolvimento Humano e Social Marcão Gomes.
Por outro lado, também é desconhecido como nomes eleitos no ninho garotista e que “viraram a casaca” durante o mandato vão se comportar em 2020. Ex-secretária de Educação do governo Rosinha Garotinho, Joilza Rangel (PSD) se tornou base de Rafael Diniz, mas o seu partido é o mesmo do deputado federal e pré-candidato Wladimir Garotinho.
É o mesmo caso de Jairinho é Show (PTC), que está no mesmo partido dos ex-vereadores Thiago Virgílio e Edson Batista, mas também faz parte da bancada governista.

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