Aluysio Abreu Barbosa
19/10/2019 21:20 - Atualizado em 23/10/2019 17:35
Abandonadas desde 2015, as obras do novo campus da UFF-Campos, às margens do rio Paraíba do Sul, serão retomadas com os R$ 25 milhões conseguidos por uma emenda da bancada federal fluminense, impositiva ao Orçamento da União em 2020. Em trabalho articulado pelo deputado Wladimir Garotinho (PSD), a emenda teve a assinatura de outros 13 parlamentares fluminenses, do Psol ao PSL. Incluindo o deputado Chico D’Ângelo (hoje, PDT), que esteve à frente do processo desde a desapropriação do terreno da antiga Rede Ferroviária Federal, ainda no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando as obras foram iniciadas. Mas seriam abandonadas pela metade no governo Dilma Rousseff (PT). Para celebrar a retomada, a UFF-Campos convidou os 14 deputados federais que a tornaram possível, em evento a partir das 14h30 desta segunda (21), para também comemorar os 10 anos do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).
Para retomar as obras do novo campus da UFF-Campos, venceu o plano B da emenda coletiva dos R$ 25 milhões. Eles foram fruto da soma dos deputados Wladimir, Chico e Talíria Petrone (Psol), cada um com a íntegra dos seus R$ 5 milhões; Clarissa Garotinho (Pros), com R$ 2,5 milhões; Alessandro Molon (PSB), Paulo Ramos (PDT), Benedita da Silva (PT), Marcelo Freixo (Psol) e Jandira Feghali (PC do B), cada um com R$ 1 milhão; e Christino Áureo (PP), Flordelis (PSD), Glauber Braga (Psol), Sargento Gurgel (PSL) e Márcio Labre (PSL), cada um com R$ 500 mil. Apesar do esforço coletivo, coordenado por Wladimir, foi um fatiamento do Plano A, que seria uma emenda de bancada no valor de R$ 45 milhões, para a conclusão das obras na av. XV de Novembro.
Em matéria da Folha publicada no último dia 29, o professor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, reitor da UFF, que tem sede em Niterói, já tinha dito que conseguir apenas os R$ 25 milhões, ou a íntegra dos R$ 45 milhões, não faria diferença no final, dado o cronograma das obras. Após acompanhar parte do trabalho de articulação política na Câmara Federal, até se chegar aos 14 deputados comprometidos com o novo campus da UFF-Campos, o reitor voltou a explicar seu ponto de vista:
— A partir do trabalho do Saep (Superintendência de Arquitetura, Engenharia e Patrimônio da UFF), explicamos que não faria sentido lutar pelo valor completo, porque o cronograma da retomada à conclusão da obra é de dois anos e meio. Os R$ 25 milhões não vão estar disponíveis já em 1º de janeiro de 2020. Eles serão liberados ao longo do ano. Assim que isso acontecer, abriremos a licitação. A ideia é concluir o primeiro prédio e chegar ao segundo. E no ano que vem, articular novamente com a bancada fluminense para conseguir o valor restante no Orçamento de 2021, para concluir a obra. No final, não fará diferença. Foi uma conquista em trabalho de cooperação, que é como a nossa gestão trabalha. Com criatividade, buscamos emendas de bancada para concluir compromissos abertos do passado.
Além de falar sobre seu trabalho para tornar possível a retomada das obras do novo campus da UFF em sua cidade, Wladimir ressaltou o cuidado para resguardar os R$ 25 milhões para este fim, já que a mesma universidade federal também pleiteava recursos para a conclusão do prédio da sua Faculdade de Medicina em Niterói:
— Antes de tomar posse como deputado, comecei a visitar várias instituições. Uma delas foi a UFF de Campos. Estive lá com (o professor Roberto) Rosendo (diretor da UFF-Campos), com vários professores e grupos de alunos, onde me foram relatadas as dificuldades da universidade. Mas que o problema principal era a não conclusão dos prédios da Beira-Rio. Desde então, busquei maneiras de tentar ajudar. A primeira pessoa que eu procurei foi o deputado Chico D’Ângelo, pelo seu histórico com a universidade em Campos, porque eu sei que a desapropriação do terreno foi uma articulação dele com o (Fernando) Haddad (então ministro da Educação do governo Lula). Depois a gente ganhou o reforço da Talíria, que também se comprometeu a doar 100% da cota dela. Mas ainda não seria suficiente para a retomada e o término das obras. E aí começou um trabalho grande de articulação política. Na lista há deputados de direita, de esquerda, de centro, que entenderam a necessidade de terminar o prédio, para que os alunos não fossem para a rua. Mas após eu estar com a lista fechada dos R$ 25 milhões, surgiu outro problema. O prédio da Faculdade de Medicina da UFF em Niterói precisava de emenda, para terminar também. E a gente conseguiu que a UFF como um todo receba R$ 32 milhões, mais de 13% do valor total de emenda de bancada. Serão R$ 25 milhões para a UFF de Campos e R$ 7 milhões para sua Faculdade de Medicina. A gente conseguiu sensibilizar outros deputados, que colocaram dinheiro para a UFF de Niterói. E não corremos mais o risco desse recurso ser retirado da universidade em Campos.