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Banco de leite do HPC (Foto: Isaías Fernandes)
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Banco de leite do HPC (Foto: Isaías Fernandes)
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Banco de leite do HPC (Foto: Isaías Fernandes)
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Banco de leite do HPC (Foto: Isaías Fernandes)
Destinado a bebês prematuros internados na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal, o banco de leite materno do Hospital dos Plantadores de Cana está com estoque bem abaixo do esperado para esta época do ano e necessita, com urgência, de doações. De acordo com a enfermeira-chefe do banco, Fabiana Passos, a UTI está com 12 dos 40 leitos ocupados, e as crianças devem se alimentar exclusivamente com leite materno para evitar retrocessos no avanço do estado de saúde. Para efetuar doação, basta comparecer ao HPC ou enviar frascos com o alimento.
Até às 17 desta segunda, 21 ligações foram recebidas, com coletas agendadas para terça e quinta, além de outras cinco de cidades de fora, sendo três encaminhadas para a Fiocruz e duas para Friburgo. Devido a grande procura, houve congestionamento da linha, mas a direção do banco destaca a importância das pessoas continuarem ligando para agendar as doações.
Fabiana Passos explicou que os 12 bebês que estão internados na UTI não podem utilizar o leite de fórmula para não haver riscos ao desenvolvimento.
— Em princípio, o prematuro tem um risco de desenvolver a sepse, que é uma infecção, ou a enterocolite, que é uma doença do intestino. Então, se você entra com uma fórmula do leite materno, ou seja, um leite de vaca, isso piora a situação do prematuro. E, quando faz o uso do leite materno, ele consegue sair desse estado de prematuridade, ganhar peso e, com isso, a melhora dele é bem progressiva. E, se a gente entra com a fórmula, de uma hora para outra, a gente tem que parar. Às vezes, ele volta para a dieta zero, dificulta o ganho de peso e só vai complicando. Quanto mais tempo ele ficar dentro da UTI, pior para ele — complementou a enfermeira-chefe.
A chefe do setor relatou que é incomum haver baixa de estoque no mês de setembro, período em que costuma ser registrada maior doação de leite materno devido, principalmente, à campanha de amamentação do Agosto Dourado.
— Eu acho que, neste caso, ocorreram dois fatores: calhou de a gente ter 12 prematuros que necessitam de leite materno exclusivo, o que já é uma quantidade grande de bebês, e a questão de que as pessoas começam a doar e se acomodam, falam “hoje não, vou deixar para a semana que vem” e vai caindo no esquecimento. Geralmente, entre janeiro e fevereiro, é um período em que a gente tem uma baixa estocagem de leite dentro do banco. É normal porque é período de férias. E esse período agora, geralmente, é melhor porque a gente tem aquelas doadoras de agosto, do Agosto Dourado, mas algumas acabam não doando — contou.
A coleta da unidade hospitalar acontece sempre de terça a quinta-feira, no turno da manhã. Um carro de coleta do HPC é disponibilizado para buscar o leite. Além disso, familiares da puérpera podem levar o leite ao hospital, diariamente. Para ser doadora, é necessário que a mãe apresente o resultado dos últimos exames do pré-natal e efetuar o cadastro.
— Para doar, ela não precisa vir ao banco de leite, se não puder. Ela só liga para cá, pelo número 2737-7431, e a gente faz um pré-cadastro por telefone e orienta como vai fazer, marca o dia certinho de ir à casa dela, e ela passa a ser uma doadora. Então, não tem dificuldade. Se ela quiser vir ao banco de leite, se tiver condições, pode vir para doar. Mas, se não quiser esperar o carro da coleta, porque a gente só tem os dois dias, pode pedir a alguém da família para trazer a bolsa térmica com o leite, e a gente dá outro frasco e leva para casa. Então, não necessariamente ela precisa esperar o carro da coleta e ela também não precisa vir aqui. Mas a gente precisa dos últimos exames do pré-natal, que é o HIV e o VDLR, que têm que estar negativo. O banco abre todos os dias, de segunda a segunda, sábados, domingos e feriados, das 7h às 19h — disse, ressaltando que os frascos exigidos para a doação devem ser vidro, com tampa plástica e com rosca e podem ter até 500 ml.
A técnica de enfermagem Cristiane Fernandes, de 29 anos, foi uma das doadoras que compareceram ao banco de leite na manhã desta segunda-feira (7). Ela relatou que começou a fazer doações para a unidade desde a primeira semana do nascimento da filha, que tem um mês de idade.
— Logo que eu saí do hospital, teve uma descida de leite. O peito ficou bem empedrado, bem duro, e eu vi que tinha necessidade de esvaziar. Porém, eu estava esvaziando e sem ter o que fazer com o leite. Então, eu tive a ideia de doar porque sei que estaria ajudando outros bebezinhos que precisam. O leite materno, desde o começo, é o melhor para o bebê porque previne de várias infecções, alergias, fora o vínculo mãe e filho. Pretendo alimentar exclusivamente a minha filha com o leite até os seis meses. E, enquanto eu tiver leite sobrando, eu vou doar — afirmou.
Processo e controle de qualidade
A enfermeira-chefe Fabiana Passos contou que o leite materno passa por um processo de controle de qualidade para garantir que nenhuma substância indevida seja consumida pelos bebês prematuros. Inicialmente, o alimento é submetido a um processo de pasteurização e análise.
— São verificados o cheiro, a cor e a acidez do leite. Depois disso, o leite ainda demora 48 horas para ser enviado para o bebê porque é analisado durante esse período. Ele não vai de imediato, a não ser em casos de mãe de UTI, que chega e vai tirar o leite apenas para o bebê dela, é exclusivo. Então, não precisa de análise — detalhou, destacando que, caso o líquido não seja adequado para consumo, ele é descartado.
A profissional ressaltou que, além de ajudar o próximo, a doação auxilia no aumento da produção do leite materno. “Quanto mais ela retira o leite materno, mais produção ela tem. As mães, geralmente, têm medo de, se tirar para doar, não ter para o bebê. Mas, na verdade, sim, ela vai ter até mais para o bebê. A gente fala que o peito não é estoque; ele é fábrica. Quanto mais se tira, mais se fabrica. E tem a questão de você estar ajudando o próximo. Quantas mães de UTI não conseguem alimentar o seu filho? Não é porque não querem, mas porque há toda uma questão psicológica. O bebê está internado, ela vai para casa e se sente frustrada, podendo ficar depressiva. Então, a produção dessa mãe cai. E a gente precisa de outras mães que estão em casa com seus bebês para ajudar as que precisam tanto de apoio agora”.