“Hoje em dia você tem que fazer exames todo mês”. Essa é a dica da maquiadora Jô Malta, de 38 anos, que, em 2018, descobriu um nódulo no seio, depois de um exame rotineiro de ultrassonografia. No Brasil, a perspectiva é de que cerca de 60 mil mulheres sofram da doença este ano. O câncer de mama corresponde a 30% dos casos de câncer em mulheres, sendo o segundo tipo da doença a acometer brasileiras. Destes, 10% são por fatores hereditários e 90% dos casos, segundo o médico Frederico Paes Barbosa, coordenador da oncologia do Hospital Escola Álvaro Alvim (HEAA), são por fatores de risco habituais como sobrepeso, tabagismo, consumo de álcool, etc.. A campanha Outubro Rosa tem a função de alertar as mulheres quanto aos riscos, a necessidade de visita periódica ao médico e desmistificar a doença. Durante todo o mês, a Prefeitura estará reforçando a rede de atendimento e exames. O objetivo é o diagnóstico prévio da doença
Para Jô Malta, a descoberta de um nódulo no seio ocorreu durante exames de rotina, em outubro de 2018. A cirurgia foi feita em dezembro e preservou a mama. Para ela, o mais difícil foi a perda do cabelo, já que não sentiu severamente os efeitos colaterais das medicações. Ela conta que passou pela pior fase com muita confiança, mas, hoje, recorre à terapia para reavaliar toda a tensão sofrida na tentativa de preservar duas filhas adolescentes da notícia do laudo de câncer de mama, na mesma época em que o marido enfrentava um tumor.
— Não vou dizer que foi 100% tranquilo, porque a parte do tratamento da quimio é muito ruim pois o remédio é muito forte. Quando eu fazia, ficava três dias de cama. Mas, de todos os sintomas que todo mundo tinha, os meus foram os mais brandos. O pior de tudo foi o emocional, que acaba sendo abalado porque eu tenho duas filhas pré-adolescentes. Então, eu tinha que segurar isso tudo e estar bem o tempo todo. A carga emocional foi o mais pesado — contou, acrescentando que enfrentou, aos 37, um câncer comum em mulheres acima dos 60 anos.
Jô conta que expôs sua história nas redes sociais, ajudou muitas pessoas e também recebeu apoio. “Eu encarei de uma forma tranquila. Jamais pensei que iria morrer”, conta.
Para ela, a prevenção é a melhor arma contra a doença. “Antigamente, se ia ao ginecologista uma vez por ano. Agora, temos que ir de seis em seis meses. Não dá para descuidar. No dia que fiz o exame e descobri, eu mesma decidi fazer o ‘ultrassom’. Arrumei o pedido e fui. Se eu esperasse pela próxima consulta para fazer o exame, talvez tivesse acontecido algo pior”, pontua.
Atendimento garantido às mulheres na rede pública
O médico Frederico Paes explica que a linha de cuidado do câncer de mama atinge três níveis de atendimento. O primário seria nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), onde o médico pode prescrever a mamografia e, após isso, a mulher volta ao mesmo médico. Em caso de lesão suspeita, a mulher passa ao nível secundário, o hospitalar, para investigação aprofundada do quadro. Em caso de confirmação do tumor, a mulher vai ao nível terciário, em uma das unidades especializadas em oncologia que, em Campos, é pela rede contratualizada.
— O exame inicial pode ser pedido por um ginecologista, um mastologista, por um médico de unidade básica. Não precisa ser um especialista — explica o médico, atentando que a própria paciente também pode solicitar o exame ao médico.
Na rede municipal o agendamento é feito pelo sistema Marca Fácil. A mulher será inserida no sistema, recebendo uma mensagem via celular, com a data, hora e local.
Após a consulta, o médico pode solicitar exames ou encaminhar a outros especialistas. Assim, a paciente deve ir até a UBS mais próxima para solicitar a marcação, sendo novamente avisado do dia, local e horário através de SMS, pelo celular.
Durante todo o mês haverá um reforço na oferta de vagas de mamografias, com cerca de 1550 procedimentos a serem realizados junto à rede contratualizada. Haverá oferta de exames no Hospital Geral de Guarus e pela rede contratualizada, a Santa Casa de Misericórdia e o HEAA reforçarão o atendimento.
Conscientização e mutirão para exames
A programação do Outubro Rosa foi aberta na última segunda-feira (30) no Boulevard Francisco de Paula Carneiro, no Centro da cidade. Com o tema “Câncer de Mama — Vamos falar sobre isso”, foram realizados panfletagem, corte de cabelo para doação e apresentação da Banda da Guarda Civil Municipal (GCM), entre outras ações.
A campanha segue na próxima segunda-feira (7), no pátio da Secretaria Municipal de Saúde, com uma roda de conversa com mulheres sobre a prevenção do câncer de mama com a ginecologista Luci Moreira e a enfermeira Fátima Vanessa. No dia 14 haverá, no auditório da Prefeitura Campos, palestras com a mastologista e professora da Faculdade de Medicina de Campos (FMC), Maria Nagime, a nutricionista Carla Tripari e o depoimento da servidora Lígia Pereira.
No dia 18 de outubro, a partir das 14h, será a vez da médica Luci Moreira ministrar uma palestra sobre a prevenção do câncer de mama na empresa Vital Engenharia. No dia 21 de outubro ocorrerá uma palestra na Secretaria Municipal de Educação, em conjunto com o Programa Saúde na Escola, para falar sobre o câncer de mama. A programação será encerrada no dia 28, com o 2º Ciclo de Palestras na Unidade Pré Hospitalar (UPH) São José, com uma roda de conversa sobre o tema.
No dia 19, o HEAA vai disponibilizar 200 consultas de mastologia em um mutirão de atendimento, das 9h às 11h, visando a prevenção e diagnóstico precoce de câncer de mama. A marcação para o atendimento é feita no guichê da Central de Regulação, no próprio hospital. As interessadas deverão levar a documentação básica, como xerox do RG, CPF, comprovante de residência e cartão do SUS.
A ação vai mobilizar uma equipe de dez médicos ginecologistas e mastologistas, residentes, enfermeiros, técnicos e pessoal de apoio administrativo, somando cerca de 50 pessoas.