Quem passava pelo monumento ao Pelourinho nos finais de tarde, no Boulevard Francisco de Paula Carneiro, no Calçadão, no centro nervoso de Campos, tinha logo a atenção despertada por aquele senhor sentado no banco arredondado, sempre de bermudas e a cantarolar boleros ou sambas tradicionais de todos os tempos. Era ele Adilson Sales Guimarães, o ex-jogador Manenel, vítima de um infarto fulminante, que lhe tirou a vida aos 72 anos, na terça-feira. Seu corpo foi sepultado na manhã desta quarta no Cemitério do Caju com a presença de amigos e familiares.
Manenel sentiu-se mal no lugar onde sempre era encontrado nos finais de tarde. O ex-jogador chegou a ser socorrido numa viatura do Corpo de Bombeiros, mas não resistiu ao receber os primeiros socorros.
Volante de bons recursos técnicos, Manenel fez parte de um dos maiores esquadrões da história do Goytacaz. Foi supercampeão campista (1966) e bicampeão fluminense (1966/67), num time histórico do Goytacaz, cuja formação era Zé da Ilha; Berlito, Pereira, Ronaldo Cajueiro e Pipiu; Manenel e Dudu; Mauricinho, Carlos Augusto, Chico Preto e Joceir.
— Ele era um volante de bons recursos, sabia sair jogando, tinha um toque refinado e dificilmente errava um passe. Afora isso era um ótimo papo, um boêmio agradável que tinha uma memória e um gosto musical muito apurado, adorava cantar e conversar com os amigos todo final de tarde — disse o jornalista Péris Ribeiro.
Gerente aposentado da agência dos Correios em Campos, Joedson Pereira traz boas lembranças do amigo e também colega de trabalho. “Ele estava ali sentado no Calçadão, conversando com alguns amigos como o cantor João Damásio e outros, quando se sentiu mal. Trabalhamos juntos nos Correios, mas me lembro bem dele no Goytacaz, onde jogou com meu irmão (Joceir) num dos grandes times da história do Goytacaz. Era um volante habilidoso e batia bem na bola. Uma grande perda”, afirmou.
— Além do futebol, ele tinha ligações com o samba, era um aficionado do bloco carnavalesco Os Psicodélicos, frequentava a quadro da agremiação do Morrinho, um sambista que frequentava os ensaios das escolas cariocas no Rio, onde morou alguns anos depois que se aposentou. Ele soube aproveitar a vida — comentou o colunista da Folha da Manhã, Arnaldo Garcia.