Marcelle Louback lança livro de contos nesta quarta (30)
Paula Vigneron 29/10/2019 15:07 - Atualizado em 01/11/2019 14:45
Foto: Isaias Fernandes
"Contos curtíssimos e independentes que derrubam o leitor em poucas e precisas palavras, de uma autora boxeadora-bailarina”. Assim, o escritor e jornalista Ronaldo Pelli definiu “Pequeno gabinete de curiosidades”, primeiro livro da também jornalista e servidora pública Marcelle Louback, que será lançado hoje, no espaço cultural Santa Paciência Casa Criativa, no Centro de Campos. A noite de autógrafos está marcada para começar às 19h. Segundo Marcelle, a expectativa para o lançamento reúne um misto de sensações. “A gente dá a cara a tapa, né? Então, é uma mistura de sentimentos: alegria, orgulho, medo, insegurança, satisfação, alívio, tudo junto”, comentou a escritora.
Publicado pela editora Autografia, “Pequeno gabinete de curiosidades”, cujo prefácio é da escritora e roteirista campista Paula Gicovate, traz contos que retratam os personagens sob diversas perspectivas, como a passagem do tempo e a busca da identidade, com doses de humor, erotismo e fantasia.
— Eu tenho algumas obsessões. São os temas para os quais a gente está sempre sendo levado. São as nossas verdades, talvez. Dentre estes temas, tem alguns que me marcam bastante: a questão do envelhecimento, da passagem do tempo; da obsessão pela eterna juventude e pela eterna beleza; a insatisfação com o status quo, uma vontade de mudança e de reafirmar a sua identidade; sexo, humor, erotismo; sobrenatural, um pouco de realismo mágico, que eu gosto bastante. É bastante misturado e, por isso, o nome é “Pequeno gabinete de curiosidades” — adiantou.
Entre as principais influências da autora nas artes, estão os escritores Gabriel García Marquez, Luis Fernando Veríssimo, Clarice Lispector, Giovana Madalosso e Maria Fernanda Elias Maglio, estas últimas representantes da literatura contemporânea; o diretor de cinema Stanley Kubrick; e os músicos Tom Jobim, David Bowie e Ryuichi Sakamoto.
Marcelle se recordou dos primeiros passos na literatura, de forma espontânea, ainda na infância:
— Eu me lembro de que, em torno dos nove, 10 anos de idade, morava no Mato Grosso e tinha escrito “As historinhas da tia Marli”. Minha mãe era minha única leitora. Acho que começou ali. Eu sempre gostei bastante de ler. Depois desse contato inicial com a escrita, eu parei no tempo. Retomei lá pelos meus 20 e poucos anos. Escrevi um pouco mais e parei novamente quando minha filha nasceu, aos 31 anos. E retomei mesmo a escrita, com vontade, a partir de 2016. Foi um momento de vida pelo qual eu vinha passando, um processo que eu vinha vivendo, e tenho certeza de que a criação do projeto “Para ler as meninas” foi essencial.
Originado em 2016 por Marcelle e pelas artistas Simone Pedro, Lúcia Talabi e Carol Poesia, o “Para ler as meninas” nasceu do desejo de divulgar trabalhos literários de autoras brasileiras e estrangeiras. Atualmente, a roda de leitura conta também com a participação da atriz Laíza Dias. A partir do trabalho de curadoria do projeto, Marcelle Louback contou que houve aumento em seu ritmo de produção e, assim, surgiu a ideia para o livro.
— Eu passei a ler muito mais, por conta da necessidade de fazer curadoria de textos para o projeto. E passei a escrever mais e mostrar minha produção no “Para ler as meninas”, junto com outros textos. Felizmente, os textos ressoaram nas pessoas. As pessoas tiveram uma boa resposta. Isso me estimulou. Ver que existe uma resposta positiva ao que você escreve é muito bom, porque está ressoando no outro, está sendo ressignificado para o outro. Pensei que, de repente, seria legal publicar. Vim amadurecendo essa ideia de 2016 para cá — revelou.
Dividida entre os cuidados com a casa e com a filha, compromissos de trabalho e projetos artísticos, a escritora relatou que mantém com a literatura uma relação de liberdade, respeitando o tempo de amadurecimento do texto, desde as primeiras ideias até o processo de escrita.
— Comigo, acontece assim: ou vem o texto pronto na cabeça ou vem uma ideia que eu fico gerando por algum tempo, esperando ela germinar, desenvolver e crescer. Cada um nasce de um jeito, é engraçado isso. Cada um vem ao mundo do jeito que quer vir. E eu respeito isso, inclusive no tocante aos títulos. Tem texto que tem título e tem texto que não tem, porque eu não me sinto na obrigação de dar títulos aos textos. Eu me sinto totalmente livre na hora de escrever. Então, eu respeito a forma como eles vêm — detalhou.
Para Marcelle, a literatura pode ser considerada a maneira mais saudável de equilibrar o lado sensível com o lado racional do ser humano.
— Tem um livro do Edgar Morin, um pensador francês, que se chama “Amor, poesia, sabedoria”. No início do livro, ele fala uma coisa que me marcou muito: nós não somos só Homo sapiens; nós somos também Homo demens. Então, existe a razão, mas existe também a poesia, a loucura, a emoção, o amor, o desmedido. E esses dois lados estão em diálogo. Eu acho que a literatura me ajuda a lidar com meu Homo demens. Eu tenho textos que sei que podem ser considerados pouco convencionais, mas é porque eu sou assim. É meu lado demens, é o que eu deixo fluir e acontecer, e trago questões que são importantes para mim — explicou.
Para quem está começando na carreira literária, Marcelle disse que é necessário ampliar as referências e o conhecimento na área, lendo outros autores, fazendo cursos e buscando informações sobre mercado editorial. “Também tem vários concursos de contos e poesia no Brasil inteiro, alguns inclusive com prêmios muito bons e reconhecidos. Fiquem atentos. E não desistam. Tenham autocrítica, o que é importantíssimo para a gente não alimentar ilusões. É aquilo: ‘Conhece-te a ti mesmo’. Isso vale para tudo na vida”, concluiu.
Vendas — O livro “Pequeno gabinete de curiosidades” já está à venda pela internet, em diversos sites, além do portal da editora Autografia. Em breve, será disponibilizada também a versão e-book.

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