Chega o mês de outubro e logo aparecem em nas roupas e em fotos nas redes sociais os pequenos lacinhos cor-de-rosa. Alusivos à campanha Outubro Rosa, eles são importantes para que cada vez mais pessoas tomem conhecimento da necessidade de prevenir ou tratar o câncer de mama, principalmente as mulheres, nas quais 99% dos casos são diagnosticados. Contudo, o alerta precisa ser constante e refletir em cuidados práticos.
Não existe causa única para o câncer de mama. Entre os fatores ambientais e comportamentais estão obesidade e sobrepeso após a menopausa, sedentarismo, consumo de bebida alcoólica e exposição frequente a radiações ionizantes (raios X). Só de 5% a 10% do total de caso são por caráter genérico/hereditário. Também há fatores ligados ao histórico reprodutivo e hormonal, como ter tido a primeira menstruação antes dos 12 anos, não ter tido filhos ou ter a primeira gravidez após os 30 anos, menopausa após os 50 anos, uso de contraceptivos hormonais e ter feito reposição hormonal pós-menopausa, principalmente por mais de cinco anos.A idade é um dos maiores fatores de risco, uma vez que quatro de cinco casos ocorrem após os 50 anos.
Estima-se que 30% dos casos podem ser evitados quando são adotadas práticas saudáveis como manutenção do peso corporal adequado, não consumo de bebidas alcoólicas, atividade física, alimentação saudável e amamentação. Ao identificar alterações persistentes nas mamas, a mulher deve procurar imediatamente um serviço para avaliação. Alguns dos sinais e sintomas são caroço (nódulo) fixo, endurecido e geralmente indolor; pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja; alterações no mamilo; pequenos nódulos na axila ou no pescoço; e saída espontânea de líquido dos mamilos. A realização da mamografia é fundamental para a detecção precoce e deve ser feita anualmente por todas as mulheres a partir dos 40 anos. É ela quem vai diagnosticar o que não é palpável durante o autoexame, que identifica apenas algo já evoluído. De acordo com o radioterapeuta Fabiano Gonçalves, muitas mulheres acabam adiando o diagnóstico por medo de descobrirem a doença.
— Infelizmente, é algo que acontece mesmo. Se você está postergando um diagnóstico provável, quer dizer que você está dando chance para que haja evolução da doença. Ela não vai parar, vai estar evoluindo. Quanto mais rápido você descobrir, mais facilita o tratamento. Tudo o que está no início fica bem mais fácil tratar, e as chances de cura são muito maiores — comentou o profissional do setor de radioterapia do Hospital Escola Álvaro Alvim, referência no tratamento oncológico em Campos
Avanços tecnológicos na medicina permitiram a agilidade no diagnóstico e, consequentemente, no tratamento. Desde abril de 2014 o setor do Álvaro Alvim conta com o Clinac IX, um acelerador linear de partículas para radioterapia. O equipamento começou a operar em agosto de 2015 e já foi usado com cerca de 2.500 pacientes.
De acordo com Fabiano Gonçalves, o tratamento do câncer de mama está associado a três pilares: cirurgia, quimioterapia e radioterapia.
— É lógico que nem todas as pacientes farão necessariamente os três, tudo vai depender do estado da doença. Se for descoberto precocemente, a paciente vai fazer uma cirurgia conservadora, para poupar a mama dela, na maioria das vezes. Sempre visando uma cirurgia menos agressiva. Conforme o diagnóstico do exame laboratorial imunoistoquímico dessa peça, ela vai ser encaminhada para o setor de oncologia clínica para avaliação de uma quimioterapia ou hormonioterapia, ou os dois, e, pelo fato de fazer simplesmente a cirurgia conservadora, que poupa o órgão, ela obrigatoriamente vai ter que fazer um tratamento complementar com a radioterapia, que é o tratamento local. O sistêmico vai entrar mediante às características daquele tumor — explicou.
A duração do tratamento tem diversas variantes, mas geralmente é de cerca de seis meses. Daí em diante a paciente precisa passar por um acompanhamento de cinco a 10 anos, para que não haja risco de a doença retornar. Todo o esforço é recompensado nos casos em que a cura é alcançada. No setor de radiologia do Álvaro Alvim, um sino é tocado por pacientes que encerram o tratamento.
— É o Sino da Esperança, baseado no hospital ”MD Anderson Câncer Center, que deu início nos Estados Unidos a essa campanha. Um marinheiro chegou lá com a esposa dele para fazer o tratamento e falou: “mas vocês terminam o tratamento e não fazem nenhuma comemoração? Nós, marinheiros, sempre íamos para o mar sem saber se íamos voltar. Então, quando chegávamos a algum lugar, uma forma de mostrar uma força, uma esperança, era tocando o sino do navio”. E aí ele pegou o sino do navio e implantou no hospital. Foi onde começou essa campanha mundial, e a gente tentou promover a mesma coisa aqui para dar força aos pacientes — explicou o físico médico Paulo Garcia.
Iniciativas — Após o diagnóstico, o apoio familiar e de amigos é essencial, bem como as campanhas de assistência. Durante o Outubro Rosa, algumas atividades estão sendo promovidas pelo Álvaro Alvim. Nos dias 15 e 16, será realizado em parceria com o Spa das Sobrancelhas o projeto “O novo Olhar para a vida”, promovendo estética facial para pacientes oncológicas. O atendimento acontecerá a partir de agendamentos já feitos. No dia 19, a partir de 8h, será a vez de um mutirão de mastologia, realizado junto à secretaria de Saúde. Haverá atendimento para 200 pacientes cadastradas, visando amenizar a demanda existente na região. Já no dia 31, pacientes estarão reunidos no Álvaro Alvim analisando os resultados gerais da campanha, com palestra, música e sorteio de brindes. (M.B.) (A.N.)