Campista encontra doador seis anos após transplante de medula
Camilla Silva 06/09/2019 19:19 - Atualizado em 11/09/2019 13:08
Andrea, Falconiere, Carlos Vitor e Fernando
Andrea, Falconiere, Carlos Vitor e Fernando / Genilson Pessanha
Carlos Vitor, Falconiere, Andréa e Fernando. O que reúne essas quatro pessoas em uma casa na Pecuária, na tarde desta sexta-feira (6), é uma história de esperança. Uma não, cerca de 17 mil histórias. Esse é o número de pacientes que, atualmente, aguardam um transplante de medula óssea no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Em 2012, o campista Carlos Vitor Pessanha, então com 52 anos, pertencia a esse grupo. Deixou de ser em 2013, quando o seu caminho cruzou com o de Falconiere de Oliveira, que, na época, tinha 26 anos e morava em Santa Cruz, no Rio Grande do Norte. Paciente e doador não se conheciam até este ano, quando, após manifestação da vontade de ambos, o sigilo do procedimento foi quebrado pelo órgão que faz a regulação do transplante.
Foi em uma mobilização para o tratamento de uma prima, que Falconiere se cadastrou. Ela acabou não precisando do transplante, mas o nome dele entrou para o banco nacional de doadores. “Você, quando se cadastra, está doando esperança, está dando a possibilidade do outro viver, não está tirando nada de você, a medula se regenera dentro de você todos os dias”, defendeu.
Carlos Vitor e Falconiere em Campos
Carlos Vitor e Falconiere em Campos / Genilson Pessanha
Três irmãos de Carlos Vitor haviam passado por exame, mas nenhum deles foi considerado compatível. Quando entrou para o banco de receptores, ficou apenas uma semana até que o material de Falconiere fosse apontado como possível. Durante anos, os dois procuraram um pelo outro. Apenas em junho deste ano, uma ligação foi o primeiro contato entre os dois. O doador que mora atualmente no Rio Grande do Sul, onde faz doutorado, procurou um lugar reservado da casa para conversar, enquanto tentava conter as lágrimas. O receptor também procurou um lugar mais calmo, mas afirmou que o choro foi imediato. “Sou chorão mesmo, não vou negar”, contou Carlos Victor. Nessa quinta, os dois se encontraram pessoalmente pela primeira vez.
A outra personagem desta história é Andrea Pessanha, de 50 anos, esposa de Carlos Vitor, que viu, na última terça, um carro passando na rua com um adesivo da campanha para cadastro de doação de medula. Tentou falar, mas o carro saiu antes. Ao parar na padaria, já em outra rua, viu o mesmo veículo estacionado um pouco mais a frente. Exitou, mas criou coragem e perguntou à motorista sobre o assunto. Ela contou que a campanha estava sendo realizada por um familiar, que estava passando por tratamento de Leucemia. Chegou a Fernando Costa, engenheiro, de 40 anos, que desde fevereiro acompanha a esposa Priscila, de 34 anos, na busca por um doador compatível. Ele, hoje, é o principal articulador da “Campos, doe medula”, que vai cadastrar potenciais doadores nos dias 18 e 19 de outubro, no Ciep da Lapa. Funcionários do Laboratório de Histocompatibilidade e Criopreservação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (HLA-Uerj), conjuntamente com o Hemocentro Regional de Campos, vão realizar o procedimento em Campos.
Genilson Pessanha
— Sem dúvida alguma, o que me fez e me faz a cada dia estudar e procurar informações sobre a doença, a cura, enfim, os caminhos, foi o caso da minha esposa. Mas o que motiva a realizar a campanha em Campos não é apenas o caso da minha esposa, a campanha não é para ela, a campanha é para o Brasil. Eu não acredito que encontros, como esse que acontecem hoje, sejam coincidência. Existem muitas pessoas aguardando a doação, precisamos divulgar o caminho para ela acontecer — afirmou Fernando. Quem quiser ajudar na divulgação da campanha, mais informações podem ser encontrada na página da campanha nas redes sociais. A vinda da equipe da HLA-Uerj está sendo realizada com apoio e doações, por exemplo, da estadia e alimentação, que foram concedidas por empresários da cidade.
Transplante - A medula óssea é um tecido líquido que ocupa o interior dos ossos. Antes da doação, o doador faz um exame clínico para confirmar o seu bom estado de saúde. Não há exigência quanto à mudança de hábitos de vida, trabalho ou alimentação. A doação é feita por meio de uma pequena cirurgia, de aproximadamente 90 minutos, em que são realizadas múltiplas punções, com agulhas, nos ossos posteriores da bacia e é aspirada a medula. Retira-se um volume de medula do doador de, no máximo, 10%. Esta retirada não causa qualquer comprometimento à saúde. Depois de cadastrado, é permitido ao potencial doador desistir do procedimento, com também é possível repeti-lo, casa outro paciente seja compatível.

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