Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), "depois de conviver, como diversos setores, com as dificuldades do primeiro semestre, a indústria nacional está produzindo a todo vapor os brinquedos que vão encantar a garotada na Semana das Crianças."
- Estamos trabalhando com o número de 8% de crescimento para o ano. As famílias estiveram retraídas, mas desde o início de agosto as lojas voltaram a receber significativo fluxo de consumidores - sinaliza o presidente da Abrinq, Synésio Batista da Costa.
De 2011 a 2018, o faturamento da indústria do brinquedo passou de R$ 3.460 bilhões para R$ 6.871 bilhões, uma fotografia de contínuo crescimento em oito anos. Mantidas as variáveis atuais, prevê Synésio Costa, o crescimento deste ano pode ficar entre 7% e 10%.
De acordo com a estatística anual da Abrinq, a sazonalidade das vendas ao longo de 2018 permaneceu semelhante aos anos anteriores, concentradas nos meses de agosto, setembro e novembro. O número de empregos diretos e indiretos no ano teve aumento de 161 postos de trabalho, destacando-se o aumento das vagas com carteira assinada e a ligeira diminuição das terceirizadas.
Para 23% dos fabricantes, 2019 será um ano ótimo, enquanto 67% deles esperam ser bom, 7% regular e 3% ruim. O número de brinquedos lançados em 2018 foi de 1.385, um pouco a mais que em 2017 (1.309). Curiosamente, a faixa de brinquedos de preço acima de R$ 100 passou de 14,9% em 2017 para 16,5% ano passado. As faixas de brinquedos com preço entre R$ 20 e R$ 100 tiveram redução. Brinquedos a partir de R$ 10 e entre R$ 11 e R$ 20 também ganharam participação.
Registraram crescimento nas vendas brinquedos de atividades intelectuais, criatividade, atividades físicas e mundo técnico. As vendas por linhas de brinquedos continuam mostrando predominância das bonecas e bonecos nas vendas, com 19,2%, contra 18,9% em 2017. Cresceram em participação as linhas de veículos (16,7%), jogos (9,75), reprodução do mundo real (8,5%) e puericultura (6,8%). São Paulo continua sendo o maior mercado (33,7% contra 35,8% no ano anterior), e estados como Amazonas (3%), Paraná (6,5%) e Santa Catarina (6,8%) registram crescimento importante.
"Ao longo de 80 anos de história o setor de brinquedos no Brasil mostra que é possível seguir existindo e crescendo, em que pesem os efeitos das políticas econômicas", diz Synésio Batista da Costa.
Crescimento de até 2% - Mesmo que lenta e gradual, é possível notar uma pequena recuperação no índice do consumo brasileiro. Uma avaliação do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), indica que o consumo deve sofrer uma leve melhora neste 2º semestre, mas para o ano não deve superar a marca dos 2%. Esse resultado interfere diretamente no Produto Interno Bruto (PIB), que, ainda segundo o Instituto, tem estimativa de apenas 1% ou menos de crescimento.
Segundo Claudio Felisoni de Angelo, economista e presidente do Ibevar, o consumo representa mais de 60% do PIB, sendo um item determinante neste percentual. "Diante deste cenário, as incertezas que permeiam a sociedade, dentre elas a reforma da previdência, contribuem para essa paralisação no crescimento do PIB", avalia o economista.
O crescimento do consumo é determinado por três variáveis, sendo elas a renda real, ou seja, a renda nominal descontada a inflação, a taxa de juros ou financiamento ao consumo, prazos de pagamento e nível de emprego, e, por fim, a confiança do consumidor. "A taxa de juros caiu de modo significativo, quase 20p.p., mas os outros fatores ainda podem implicar em uma queda sistemática no índice do consumo brasileiro", finaliza.