São Paulo, anos 1980. O Brasil vive uma de suas piores crises, e Hebe Camargo aparece na tela exuberante: é a imagem perfeita do poder e do sucesso. Ao completar 40 anos de profissão, perto de chegar aos 60 anos de vida, está madura e já não aceita ser apenas um produto que vende bem na tela da TV. Mais do que isso, já não suporta ser uma mulher submissa ao marido, ao salário, ao governo e aos costumes vigentes. A personalidade a apresentadora é o que dita a trama do filme “Hebe — A Estrela do Brasil”, que entra em cartaz nesta quinta-feira (26), quase sete anos após sua morte. No Kinoplex, cinema do shopping Avenida 28, em Campos, haverá sessões às 16h10, 18h40 e 21h10, todas na sala 4. Duração: duas horas. Classificação: 14 anos.
Durante o período de abertura política do país, na transição da Ditadura Militar para a democracia, Hebe aceita correr o risco de perder tudo o que conquistou na vida e dá um basta: quer o direito de ser ela mesma na frente das câmeras, dona de sua voz e única autora de sua própria história. Entre o brilho da vida pública e a escuridão da dor privada, a apresentadora enfrenta o preconceito, o machismo, o marido ciumento, os chefes poderosos e a Ditadura para se tornar um ícone da nossa TV: uma personagem extraordinária, com dramas comuns a qualquer um de seus milhões de fãs.
Diretor do filme, Mauricio Farias mergulha numa onda que tem sido sucesso nas telonas brasileiras. As comédias, antes produzidas em grandes número, vêm dando lugar às cinebiografias. Foram para os cinema histórias de personalidades em várias áreas: com teor político, casos das homenagens a Getúlio Vargas, Tiradentes e Marighella; esportivo, como com José Aldo e Éder Jofre; artístico, com Erasmo Carlos e Wilson Simonal; e religioso, com o médium e orador espírita Divaldo Franco. Abelardo Barbosa, o popular Chacrinha, foi um exemplo recente de cinebiografia de uma personalidade televisiva.
— É um estilo que atrai o público e que não vem ganhando força só aqui, tendo em vista a quantidade de filmes desse gênero que vem sendo lançados, principalmente no cinema norte-americano. Essas histórias reais, que em alguns casos se misturam com a história recente do país, cativam pela curiosidade e pela emoção. Permitem a muitos espectadores reviverem momentos passados, numa catarse poderosa que atrai muito o público — comentou o publicitário e cinéfilo Felipe Fernandes, crítico de cinema da Folha da Manhã. — Com o cinema nacional produzindo obras com cada vez mais qualidade técnica e narrativa, essas cinebiografias ganham com uma recriação de época eficiente, efeitos competentes e atuações que chamam atenção pelo esmero e pela entrega dos atores — acrescentou.
No filme dirigido por Mauricio Farias, Hebe Camargo é interpretada pela atriz Andréa Beltrão, a Marilda de “A Grande Família” e Sueli de “Tapas e Beijos”. Também integram o elenco nomes como Marco Ricca, fazendo o segundo e último marido de Hebe, Lélio Ravagnani, morto em 2000; Caio Horowicz e Danton Mello e Gabriel Braga Nunes, que vivem o filho da apresentadora, Marcello Camargo, o sobrinho Cláudio Pessutti, respectivamente, além de Gabriel Braga Nunes, Danilo Grangheia, Otávio Augusto, Cláudia Missura, Karine Teles, Daniel Boaventura, Ivo Müller, Stella Miranda, Renata Bastos e Armando Filho.
— Hebe é um nome icônico, um nome que ficou em todas as mídias televisivas. Eu me lembro que até a Rede Globo, apesar de ela ser (do) SBT durante vários e vários anos, a homenageou. Então, ela estava acima de qualquer sigla. Tinha características de miss, os famosos beijinhos, selinhos, tinha joias. Tinha amor ao filho dela, casa muito bonita, enfim. Mas era uma pessoa que ninguém negava uma entrevista. Ela era esplendorosa. Com o jeito Hebe de ser, que era peculiar, mas marcou. Hebe é uma grife — comentou a empresária Diva Abreu Barbosa, diretora presidente do Grupo Folha. — Eu acho que é uma homenagem muito digna. É tipo, entre aspas, “a nossa Greta Garbo” — brincou.
Outras novidades — Também estreiam nesta quinta o longa-metragem de aventura dramática “AD Astra — Rumo às estrelas” (AD Astra, 2019), dirigido por James Gray, e o filme de terror “Predadores assassinos” (Crawl, 2019), com direção de Alexandre Aja. Para o primeiro, sessão dublada às 15h, na sala 5, que receberá a versão legendada às 18h15 e 20h50. Para o segundo, sessões dubladas às 15h15, 17h15 e 19h15, todas na sala 2, que terá ainda uma sessão legendada às 21h15. (A.N.) (M.B.)