O publicitário Felipe Fernandes, crítico de cinema da Folha da Manhã, exibe nesta quarta-feira (11) no Cineclube Goitacá o filme “Filhos da Esperança” (Children of Men, 2006). Dirigido por Alfonso Cuarón, o longa-metragem é uma adaptação livre do romance “Os Filhos dos Homens” (The Children of Men, 1992), de P. D. James. Sessão marcada para as 19h, na sala 507 do edifício Medical Center, que fica no cruzamento das rua Conselheiro Otaviano e 13 de Maio, no Centro de Campos. Duração: uma hora e 49 minutos. Entrada gratuita.
— Minha vontade de exibir “Filhos da Esperança” é antiga. É um dos meus filmes preferidos e, revendo para a exibição, constatei o quão atual ele permanece. Talvez até mais que em seu ano de lançamento (2006). O filme aborda o mundo em 2027. Há 20 anos a população se tornou estéril. A última criança a nascer se tornou uma mega celebridade, e o filme começa no momento da morte deste jovem. O mundo vive um grande colapso, os países ao redor do mundo estão devastados por guerras, doenças, catástrofes naturais; a questão da imigração e do terrorismo é muito forte no filme. A história se passa na Inglaterra, que vive sob a ordem de um regime violento e divulga para o mundo que o pais é o último reduto da civilização, mas o que acompanhamos não é bem assim — contou Felipe Fernandes.
Em meio ao caos, o protagonista Theo Faron, um homem desiludido e cínico, interpretado pelo britânico Clive Owen, acaba se envolvendo em uma situação que pode mudar tudo, o que vira um propósito contra a desesperança.
Na opinião de Felipe Fernandes, “Filhos da Esperança deveria ter valido mais um Oscar ao mexicano Alfonso Cuarón, que levou a estatueta de melhor diretor com “Gravidade” (Gravity, 2013) e “Roma” (2018).
— Se a academia fosse justa, ele também teria vencido por essa obra. Ele nem foi indicado. Acho que é de longe o melhor trabalho dele, e existem pelo menos três cenas antológicas do ponto de vista técnico e narrativo. Repetindo a parceria com o diretor de fotografia Emmanuel Lubezki, vencedor do Oscar por três anos consecutivos e que foi indicado por esse filme, eles trabalham muito a câmera na mão, que provoca uma grande tensão, trazendo um tom documental que faz muito bem à história. Além de trabalhar aquele mundo com cores frias e desbotadas, que expressam bem a decadência daquela civilização — pontuou o apresentador desta noite.
Embora não tenha vencido no Oscar — também foi indicado em melhor edição —, o longa-metragem de Cuarón recebeu outros prêmios. Para Felipe, não resta dúvidas: trata-se de um clássico do cinema e um dos melhores filmes do século.
— Acredito que o filme vai impactar quem nunca teve a oportunidade de assisti-lo. Também a quem já o fez, pois sempre que revisto esse filme saio impressionado. É um filme atual, que acredito que irá gerar um belo debate, pela diversidade de temas, pela qualidade do filme como cinema, mas principalmente pelas fortes emoções causadas — enfatizou. (M.B.) (A.N.)