O Museu Histórico de Campos receberá, a partir da próxima terça-feira (10), a exposição temporária “Cidades e rios na história do Brasil: rio Paraíba do Sul”. A mostra faz parte do VI Seminário Itinerante Franco-Brasileiro, realizado desde 2004, com participação de pesquisadores da Université de La Rochelle e da Universidade Estadual de Goiás. Em Campos, o seminário é organizado pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf). O evento é gratuito e permanece no museu até o final deste mês.

Marcada para ser aberta às 18h, a exposição traz como temas os rios urbanos, a ocupação, os usos e desafios ambientais, visando sempre ao estudo dos rios nas cidades regionais e nacionais. Desta vez, o rio Paraíba do Sul, o mais importante do estado do Rio de Janeiro, foi escolhido como objeto de análise devido à sua grande extensão e pelo seu papel fundamental na formação das cidades e da rede urbana da Região Norte Fluminense.

— Poder falar sobre os rios e dar ênfase ao nosso rio Paraíba do Sul é um método de conscientizar a população da necessidade de se preocupar com o meio ambiente, almejando assim uma melhor qualidade de vida para a sociedade — afirmou a gerente do Museu Histórico, Graziela Escocard.

O Museu Histórico de Campos funciona no Solar Visconde de Araruama e está localizado na Praça do Santíssimo Salvador, 40, no Centro. Visitações podem ser feitas de terça a sexta-feira, de 10h às 17h, aos sábados e domingos, de 9h às 14h, horário válido também para os feriados. Visitas em grupos devem ser agendadas por um responsável no local ou pelo telefone (22) 98175-0616.

Após a abertura da exposição, acontecerá a mesa redonda “Cidades e rios: questões ambientais de ontem e de hoje”, no auditório do Museu Histórico. Um dos debatedores será o historiador Aristides Soffiati Netto, além de Edilson de Souza Barcellos e dos pesquisadores franceses Gerard Thouzeau e Grégory Beriet Fercinair Gandara fará a mediação.

Em seu discurso, Aristides Soffiati abordará não apenas o rio Paraíba, mas também os rios Itabapoana, Itapemirim, Macaé e Iguaçu, que, segundo ele, passaram por uma ocidentalização: “É a expressão que eu uso. Quer dizer: como o Ocidente moldou estes rios ao seu interesse. Isso quer dizer: destruiu os rios”.

Em alguns dos artigos que escreve e em postagens nas redes sociais, Soffiati alerta para uma derrota histórica do meio ambiente contra questões econômicas. “O meio ambiente está perdendo de muito, perdendo de 7 a 0 por enquanto, não fez um gol. Mas vai fazer. Já começou. A natureza não é vingativa, não tem pensamento, não tem sentimento para saber se ela está feliz ou não. Ela só tem a necessidade de se recuperar, aquilo que a gente chama de resiliência. É natural nela e em qualquer ser. Se você faz um corte na sua perna, ela não tem vontade, mas a tendência do corte é cicatrizar. Isso é resiliência. Se você mexe com o clima, ele revida sem querer revidar”, afirmou.

Além dos eventos no museu, outras atividades comporão o seminário, que começa nesta segunda-feira (09) na mediateca do Consulado Francês, no Rio de Janeiro. Durante a semana, os envolvidos farão oficinas e itinerância por Campos, São João da Barra, São Francisco do Itabapoana e Quissamã, incluindo passeios fluviais. O encerramento acontecerá na sexta-feira (13), em cerimônia na Villa Maria.

— Acho fantástico a gente olhar mais para o nosso rio Paraíba, que, afinal de contas, tem tanta importância na nossa história geográfica, tanto da construção desse espaço como na nossa história cultural, econômica e social. E a gente não dá a ele e atenção e o cuidado que merece. É muito interessante a gente trabalhar isso. Depois, a questão das águas. É um momento de reflexão por essas águas, que a gente tanto necessita, tanto uso faz, tanta influência têm em nossas vidas. Isso é muito importante também — comentou a historiadora Sylvia Paes, que na quarta-feira (11) integrará uma mesa temática no Arquivo Público Municipal de Campos, sobre a Vila da Rainha, e na quinta (12), pela manhã, participará da visita à Ponta do Retiro, em São Francisco . (M.B.) (A.N.)