Uma guerra com mortos de todos os lados
- Atualizado em 14/09/2019 17:36
(Fernando Frazão/Agência Brasil)
(Fernando Frazão/Agência Brasil)
Essa semana o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou a 13 edição do anuário brasileiro de segurança pública. Neste ano foram compilados e analisados dados relativos a ocorrências criminais e atividades correlatas no ano de 2018. Em um aspecto geral os dados apresentados mostram uma ligeira melhora em vários índices de crimes, mas mantém o quadro aterrorizante que mostra a deficiência dos governos em dar uma resposta adequada para o tema.
Todo ano, quando ocorre a divulgação do anuário, o dado que mais chama atenção da mídia e da população é o impressionante número de homicídios. Ano após ano o Brasil tem batido recordes de número de mortes violentas intencionais, mas no último ano o quadro parece ter mudado. Com relação ao ano de 2017 houve uma queda de 10.8% no número de mortes violentas intencionais, o que levou o país ao mesmo patamar de 2013, com uma taxa de 27.5 mortes a cada 100 mil habitantes. Porém o número ainda é muito alto. Em 2018 foram 57.341 mortes violentas intencionais.
Outro dado importante que chamou a atenção foi a redução no número de policiais mortos, com uma queda de 8% em relação a 2017. Com um total de 343 policiais mortos em 2018 e 75% deles vítimas quando estavam fora de serviço, fica claro como esses profissionais estão expostos à violência. Muitos foram vítimas de latrocínio, que é o roubo seguido de morte, abatidos após serem identificados como policias, mesmo sem ter ocorrido qualquer reação.
Mas os policiais não são somente vítimas, outro dado coletado e apresentado foi de que 11% do total de mortes violentas intencionais no país foram causadas pelas forças policiais. 6.220 pessoas foram mortas em ações policiais, o que representou um aumento de 19,6% em comparação ao ano anterior.
O que os dados mostram é que a população brasileira convive com uma guerra onde policiais matam e também são mortos, onde uma juventude é morta no meio dessa batalha porque são a grande maioria das vítimas. Mais de 70% das vítimas tem entre 15 e 29 anos de idade e a cada ano perdemos mais uma geração de jovens. Até quando a atuação dos governos irá se limitar a incentivar o combate? É preciso evitar que as armas cheguem aos criminosos. É necessário investigar quem lucra com essa guerra. É urgente salvar nossos jovens.

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    Sobre o autor

    Roberto Uchôa

    [email protected]

    Especialista em Segurança Pública, mestrando em Sociologia Política e policial federal