A Prefeitura de Campos confirmou para esta sexta-feira (16) o pagamento de 50% das gratificações e substituições aos profissionais de 3º grau da Saúde, exceto para médicos, que, em assembleia na quarta (14), rejeitaram o acordo proposto pelo município e decidiram manter a greve, iniciada em 7 de agosto. Segundo a Prefeitura, “o valor correspondente aos médicos está reservado para quando houver o cumprimento do pacto pela Saúde”. Ainda nessa quinta-feira (15), no fim da tarde, o Sindicato dos Médicos de Campos (Simec) protocolou a contraproposta da categoria. No documento, a primeira reivindicação é por melhorias nas unidades de saúde, que, de acordo com a administração municipal, já estão sendo implantadas.

A pauta foi recebida pela Prefeitura, que vai analisar e “aguarda o prosseguimento das negociações”. Na quarta, a assembleia dos médicos rejeitou o “pacto pela Saúde”, assinado por representantes do Simec e do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio (Cremerj) na noite anterior, junto com o prefeito Rafael Diniz (Cidadania) e Abdu Neme, secretário de Saúde. O pacto previa o pagamento de 50% das substituições e 50% das gratificações nesta sexta, abono das faltas no setor ambulatorial e a autorização do gozo das férias, sem o pagamento imediato do 1/3 de férias, sem custos adicionais ao município, conforme previsto no decreto 183/2019, publicado no Diário Oficial do dia 12 de julho, de contingenciamento de gastos.

Apesar de ser apontada como causa da greve, a falta de estrutura das unidades de saúde sequer foi tratada no primeiro documento, que parecia ter agradado representantes do Simec e do Cremerj na terça. Porém, a repercussão nas redes sociais não foi das melhores e esse passou a ser o primeiro ponto do documento apresentado pelo sindicato.

— A greve hoje não é dos médicos, é da saúde pública. Nossa primeira cobrança é por um cronograma, com reformas e outras melhorias nas unidades de saúde, das condições de trabalho. Recebemos informações até de falta de termômetro e dipirona injetável. Aí dizem que Rafael comprou milhões em remédio, mas não chegou. Outra coisa é com relação a gratificações e substituições. O prefeito falou em pagar 50%. E os outros 50%, quando seriam pagos? O pessoal também precisa tirar férias. São esses os principais pontos — afirmou o presidente do Simec.

A Prefeitura de Campos vai analisar as propostas do Simec, mas destaca que faz investimentos em vários setores da saúde, mesmo com a redução de receitas dos royalties do petróleo, com perdas que, segundo a Prefeitura, já acumulam R$ 96 milhões neste ano.

Com relação às condições de trabalho apontadas pelo sindicato, a administração municipal informou que “apesar de a nova realidade do município, com royalties de petróleo em declínio, a Prefeitura está investindo na melhoria das unidades da rede municipal de Saúde”.

Ainda de acordo com a Prefeitura, “apenas em 2019, o investimento em equipamentos médicos e mobília já chega a R$ 4,5 milhões. Só de medicamentos e materiais médicos já foram investidos R$ 29 milhões. A distribuição de medicamentos para as unidades acontece normalmente”.

Já sobre falta de medicamentos e equipamentos, apontada pelo presidente do Simec, a administração ressalta que “as reclamações devem ser feitas de maneira pontual para que seja uma apuração”.

Sobre as obras, a Prefeitura informou que “10 Unidades Básicas de Saúde (UBS) estão sendo reformadas e as UPHs São José e Travessão, entregues à população. Obras no Hospital Geral de Guarus estão em fase de licitação, o que está previsto, também, para o Hospital Ferreira Machado. Esta nova realidade foi apresentada à categoria em reuniões nesta semana”.