Dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, o filme “Bacurau” conseguiu a façanha de valorizar o cinema brasileiro no exterior num momento marcado por ataques à cultura, tendo conquistado em maio o Prêmio do Júri no Festival de Cannes, feito inédito entre as produções nacionais. A honraria foi dividida com o francês “Os Miseráveis” (Les Misérables, 2019). Sucesso de público em sessões de pré-estreia em grandes cidades brasileiras, a obra estreia oficialmente nesta quinta-feira (29) em todo o país. Em Campos, será exibida na sala 2 do Kinoplex, cinema do shopping Avenida 28, às 15h30, 18h10 e 20h50.

— “Bacurau” é certamente o filme nacional mais esperado desse ano. Muito dessa expectativa se deve aos trabalhos anteriores de um de seus diretores, o pernambucano Kleber Mendonça Filho. que vem ganhando notoriedade nacional e principalmente internacional desde seu primeiro longa, “O som ao redor”, de 2012, e pelo excelente “Aquarius”, de 2016, que foi aclamado em Cannes — disse o publicitário Felipe Fernandes, crítico de cinema da Folha da Manhã. — Tem uma premissa instigante e, pela divulgação, traz elementos de western, suspense e ficção científica, pouco usuais em nosso cinema, mas sem perder mão da brasilidade, afinal “Bacurau” é uma pequena cidade no interior do Nordeste — acrescentou.

No roteiro futurista, o povoado Bacurau, situado no sertão pernambucano, some misteriosamente do mapa. Quando uma serie de assassinatos inexplicáveis começa a acontecer, os moradores da cidade tentam reagir. Mas, como se defender de um inimigo desconhecido e implacável? No elenco, nomes como Sonia Braga, Karine Teles, Udo Kier, Bárbara Colen e Thomás Aquino entram em cena. O filme foi rodado entre março e maio de 2018, no Sertão do Seridó, Rio Grande do Norte, e contou com a colaboração de aproximadamente 800 pessoas de vários lugares do Brasil e também da França.

— Muito se fala do filme como uma experiência diferente dentro do cinema nacional, em um filme cheio de personalidade, que tem potencial para agradar o grande público e os cinéfilos, além do público do exterior — pontuou Felipe.

Além do tão comemorado Prêmio do Júri em Cannes, “Bacurau” foi escolhido o melhor filme no Festival de Cinema de Munique, em julho, e saiu triplamente premiado do Festival de Cine de Lima, neste mês, tendo faturado as categorias de melhor filme do júri oficial, melhor filme do júri da crítica e melhor direção. Ao todo, foram mais de 100 convites para exibições em festivais ao redor do mundo. Também neste mês, abriu o Festival de Gramado, no Rio Grande do Sul.

Segundo o historiador Aristides Soffiati, outro crítico de cinema da Folha, as opiniões têm sido divididas na crítica.

— Por um lado, uma parte tem visto o filme de uma forma substantiva, ou seja, o valor intrínseco do filme, que se situa mais ou menos no realismo fantástico da América Latina. E a outra parte da crítica acha que é um filme impróprio para esse momento, porque é muito violento. Os governos Federal e Estadual já estimulam muito a violência. E o filme acaba entrando nessa linha também. Mas, como não vi, não posso fazer uma apreciação mais clara — disse Soffiati.

Curiosamente, a estreia de “Bacurau” acontece dois dias após o filme ter sido desbancado por “A Vida Invisível”, do diretor Karim AÏnouz, para ser o postulante brasileiro a disputar o Oscar. O anúncio foi feito na terça-feira (27) pela Academia Brasileira de Cinema.

Outras novidades — Também estreiam nesta quinta no Kinoplex a comédia brasileira “O amor dá trabalho” e a britânica “Yesterday”. Para a primeira, sessões às 14h10, 18h50 e 21h na sala 1. Já para a segunda, às 16h10 (dublada), 18h40 e 21h10 (legendadas) na sala 3.