Em assembleia realizada ontem (01) a categoria dos servidores médicos de Campos decide paralisar suas atividades a partir do próximo dia 07. Conforme noticiado ontem aqui no Blog, e hoje no Folha1, os médicos reclamam da suspensão do pagamento de gratificações e substituições pela prefeitura na véspera do pagamento, considerado pelo presidente do sindicato dos médicos, José Roberto Crespo, um ato covarde e uma perseguição à classe: "a revolta dos profissionais é muito grande. Foi um ato de covardia, na véspera do pagamento, com todos os serviços prestados, os que fizeram substituição não receberam nada, salário zero. Não entendo o porquê de tanta perseguição com os profissionais da saúde".
Como consequência, os médicos reunidos ontem decidem por:
*Decretada greve a partir do dia 07/08*
- Paralisação dos ambulatórios, UPHs, Saúde da Família
- Hospitais e unidades de emergência atenderão somente casos de urgência e emergência
- Substituição será feita somente mediante autorização por escrito pelo Secretário Municipal de Gestão Publica conforme decreto 183/2019 publicado no DO em 12/07/2019
O Sindicato dos Médicos, sob orientação de seu setor jurídico, irá notificará o governo sobre a greve e anexará todas reivindicações da classe.
UTI Pediátrica de portas fechadas
Outra grave consequência das suspensão dos pagamentos poderá ser o fechamento da UTI pediátrica do Hospital Ferreira Machado, como deixa claro documento que o Blog teve acesso. Caso se confirme, impacta de forma preocupante os atendimentos pediátricos na cidade e região, restando apenas uma unidade para atendimento do público infantil, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que seria o CTI pediátrico do Hospital Plantadores de Cana.
Cirurgias ortopédicas comprometidas
Além da possível paralisação do CTI pediátrico, segundo fonte, foram encerradas as atividades de cirurgias eletivas ortopédicas na Santa Casa de Misericórdia de Campos, para os pacientes oriundos do Hospital Ferreira Machado e na rede de ambulatório de ortopedia no distrito de Ururaí, responsável por uma média de atendimento semanal de 40 pacientes.
Os atendimentos foram comprometidos em consequência da suspensão dos pagamentos das substituições feitas a servidores médicos que cobriam falta de profissionais na rede. A especialidade de ortopedia deixará, com o fechamento destes postos de atendimento, diversos pacientes desamparados em sua assistência em Campos, restando o atendimento particular.
Greve não só por salários
A classe médica reivindica melhores condições de trabalho. Segundo mesma fonte, que não quis se identificar, nos postos e hospitais de responsabilidade do município faltam equipamentos, pessoal e até material de higiene. Relata ainda que, caso haja alguma intervenção ou fiscalização de órgãos de controle, as unidades ficarão fechadas até que a situação se resolva por completo.
O caos na saúde parece não ter data para acabar. Além das situações apresentadas pelo médicos e pelo sindicato, ainda segundo mesma fonte, existem diversas pessoas contratadas via RPA atuando na área, mesmo com parecer do MP exigindo contratação de pessoal por concurso. Os RPA’s não tiveram salários e vantagens cortadas, o que leva a questionamentos aos gestores municipais da área de saúde pelos profissionais. O principal questionamento diz respeito ao corte de verbas exclusivo aos profissionais que são servidores de carreira, que acusam a prefeitura de parcialidade e seletividade na aplicação dos recursos para o pagamento de pessoal vinculado a Secretaria de Saúde.
Opinião
O problema parece não ser apenas financeiro. Embora essa seja a tônica do governo Rafael desde o início, as dificuldades (evidentes) de orçamento, principalmente relacionado às heranças deixadas por governos passados, não deveriam ser a única preocupação da administração municipal.
Com a expectativa de greve na saúde, a tendência é de agravamento das situações já relatadas pelos médicos e pelo sindicato da categoria, o que poderá gerar um caos na saúde em Campos, área que impacta a todos.
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Em resposta à postagem, onde foi citado o ofício do Dr. Marianto de Freitas, da coordenação da UTI pediátrica do Ferreira Machado, a prefeitura de Campos emitiu nota, enviada ao blog nesta manhã e também publicado em seu site (aqui). Segue sua íntegra:
"A Fundação Municipal de Saúde (FMS) informa que a UTI Pediátrica do Hospital Ferreira Machado (HFM vai continuar funcionando normalmente, inclusive neste final de semana. Após conversa com os profissionais da categoria, a direção da FMS confirma que a substituição será paga a partir do dia 12. Vale ressaltar, que os salários dos servidores de todas as categorias do município estão sendo pagos em dia".