O novo sistema de transporte público de Campos foi efetivamente implantado nesse sábado (13), com uma frota de 260 ônibus, que passaram a circular no município em substituição às vans. Ontem, usuários do serviço se mostraram divididos em relação à eficiência do novo modelo. Os moradores de Goitacazes, Poço Gordo e Novo Mundo, por exemplo, estão entre aqueles que reclamaram da demora do coletivo. Outros, que moram em Farol e Travessão, estão satisfeitos com os horários. Para auxiliar os usuários, o aplicativo Mobi Campos foi lançado para que a população possa acompanhar o trajeto dos coletivos através do celular.

Moradora de Travessão, Fabiane Amaral, de 35 anos, precisa do ônibus para ir ao Centro semanalmente e disse que ao chegar ao ponto, nesse sábado pela manhã, não ficou nem dez minutos aguardando o coletivo. “Eu mal cheguei e o ônibus veio. Foi rápido e não demorou em nada no trajeto. Gostei desse novo sistema e torço para que dê certo”, contou.

Já a moradora da localidade de Poço Gordo Andreia Silva, de 37 anos, não aprovou o novo sistema do transporte público e reclamou do tempo em que ficou no ponto. “Eu estou aqui desde as 9h e agora, 10h40, não vi nenhum ônibus passar. Se as vans estivessem rodando, já estaria em casa. Não estou vendo nada melhorar”, disse.

Outra passageira, moradora de Nova Campos, também fez queixas pela demora dos coletivos. Regina Célia disse que ficou no ponto por 40 minutos até a chegada de algum ônibus. Segundo ela, na linha Nova Campos x Centro, apenas um coletivo estaria em circulação. “Entro às 7h no serviço e tive que aguardar o ônibus um bom tempo no ponto. Só vejo piorar a situação sem as vans, que passavam a cada 20 minutos”, explicou.

Já para o passageiro e comerciante Paulo Antunes, o fluxo de ônibus tem sido satisfatório. Ele chega às 3h para abrir seu box na rodoviária Roberto Silveira e disse que os coletivos estão rodando regularmente e que só tem escutado elogios de seus clientes. “Eu vim de ônibus e nem parece que hoje é sábado. Tem toda hora. Além disso, o número de passageiros aumentou no terminal e isso acaba aumentando o número de vendas de todos aqui,” explicou.

Remoção de placas — Ontem, ao percorrer os pontos onde as vans costumavam ficar estacionadas, a equipe da Folha flagrou funcionários do Instituto de Trânsito e Transporte (IMTT) retirando placas que sinalizavam os pontos onde as vans poderiam estacionar.

De acordo com o vice-presidente do IMTT, Acyr Lima Bueno, a retirada aconteceu durante todo o dia em diversos pontos da cidade. “Vamos percorrer locais como avenida 28 de Março, terminal e Centro para a retirada de todas as placas”, informou.

Pelo novo sistema de transporte, os ônibus e as vans vão trabalhar em conjunto, com as vans e micro-ônibus fazendo o transporte de passageiros nas áreas distritais e os ônibus, as linhas dos bairros centrais. Na última sexta-feira (12) os primeiros contratos com os classificados e habilitados foram assinados no auditório da Prefeitura de Campos.

Após assinatura do contrato, os 235 habilitados têm o prazo de até um mês para se adequarem ao novo sistema para iniciar a operação e começar a atender aos distritos. Neste período, todos deverão instalar o GPS, adesivar os veículos e fazer a bilhetagem eletrônica.

— As empresas de ônibus se prepararam para atender a essa demanda da população durante todo o período de transição. As que estavam com esses ônibus parados nas garagens, por não terem viabilidade financeira para mantê-los nas ruas, se comprometeram em colocar seus 260 coletivos para atender todas as linhas no Plano — explicou o presidente do IMTT, Felipe Quintanilha.

Uma ferramenta que irá auxiliar a população a não perder os horário dos ônibus é o aplicativo Mobi Campos, onde o passageiro pode acompanhar em tempo real o trajeto dos veículos na linha desejada.

O app já está disponível para download, em celulares Android e via internet (http://mobi.ucam-campos.br). O aplicativo conta com as três concessionárias autorizadas pela licitação de 2013 a operar em Campos e que são formadas pelas empresas Cordeiro, Jacarandá, Rogil, São João, São Salvador, Siqueira e Turisguá. A operação dos ônibus nas linhas distritais será feita em caráter provisório, enquanto as vans e micros não assumem as linhas alimentadoras.

Gradativamente, as vans e micro-ônibus também serão vistos pela população no monitoramento.

Antes de o novo sistema ser efetivamente implantado, alguns motoristas de vans chegaram a questionar o processo de transição. Na última quinta-feira (11), uma manifestação foi realizada contra a mudança no transporte público de Campos. Os motoristas do transporte alternativo se concentraram no Cais da Lapa, de onde saíram em direção à sede da Prefeitura e do IMTT.

Os manifestantes chegaram a alegar que a Prefeitura tirou o direito de permissionários que já atuavam no transporte alternativo e pediram que o presidente do IMTT não homologasse o processo. Após saírem da sede do órgão, os motoristas seguiram para o Ministério Público.

Presidente da Coopertransport, Ricardo Cardoso da Silva relatou que a lisura do processo de seleção dos habilitados para o transporte alimentador está sendo questionada no MP. Ele afirmou que participaram do ato 75 vans e 300 motoristas.

Na ocasião, a Prefeitura informou, através de nota, que todo processo ocorreu de forma transparente e foi amplamente divulgado, não somente no site oficial da Prefeitura, como nos demais veículos de comunicação da cidade. O Executivo ressaltou ainda que as vans não vão deixar de circular e que o novo sistema de transporte coloca ônibus e vans trabalhando em conjunto, e não mais como rivais.

O novo modelo de transporte público de Campos prevê ainda o uso do cartão Anda Campos. O cartão, que será usado nos coletivos de integração, estará disponível para venda à população durante o período de transição e poderá ser comprado inicialmente em postos situados nas rodoviárias Roberto Silveira e Shopping Estrada.

Qualquer pessoa poderá comprar o Anda Campos, mas este é ideal para os passageiros que fizerem uso da integração vans-ônibus ou ônibus-vans, que são as linhas dos distritos e localidades, e que desejam o direito de pagar apenas uma passagem durante o período de tolerância de 60 ou 120 minutos, dependendo da linha.

O passageiro não precisará pagar duas passagens durante os 60 minutos para linhas mais próximas ao Centro e 120 minutos para as linhas mais distantes. “A elaboração do novo sistema de transporte teve início a partir das demandas da população e a prioridade é o passageiro”, concluiu Felipe Quintanilha.