Matheus Berriel
30/07/2019 19:25 - Atualizado em 05/08/2019 13:43
O filme desta quarta-feira (31) no Cineclube Goitacá será “Hamlet” (1990), apresentado pelo jornalista e poeta Aluysio Abreu Barbosa, diretor de redação da Folha da Manhã. Além de destacar a importância da obra de Shakespeare, adaptada ao cinema, Aluysio fará uma homenagem póstuma ao diretor italiano Franco Zeffirelli, que morreu no mês passado, aos 96 anos. A sessão está marcada para as 19h, na sala 507 do edifício Medical Center, situado à esquina das ruas Conselheiro Otaviano e 13 de Maio, no Centro de Campos. O longa-metragem tem duas horas e 14 minutos de duração. Entrada gratuita.
Diretor de óperas e filmes, famoso pelas adaptações de Shakespeare para o cinema, Franco Zeffirelli ganhou notoriedade com “Romeu e Julieta” (Romeo and Juliet, 1968). Na vida pessoal, teve um relacionamento homoafetivo com o também diretor Luchino Visconti, além de amante um grande inspirador para sua carreira. Numa viagem a Verona, na Itália, em 2011, Aluysio assistiu pessoalmente a um dos trabalhos de Franco Zeffirelli, a montagem da ópera “Carmen”, do compositor francês Georges Bizet.
Em “Hamlet”, Zeffirelli foi exitoso na escolha, para interpretar o personagem título, do ator Mel Gibson, até então conhecido por sua beleza e pela atuação em filmes de ação.
— Já vi todas as adaptações de “Hamlet” para o cinema. Logicamente, existe uma escola shakespeariana Grã-Bretanha, Shakespeare é a base deles. Mas, o melhor Hamlet do cinema é Mel Gibson — opinou Aluysio. — De fato, ele dá uma dimensão da agonia do príncipe da Dinamarca — completou.
No filme, que tem alguns cortes em relação ao texto original de “A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca”, mas preserva o enredo, o personagem título retorna da Inglaterra para o país nórdico após a morte de seu pai, de quem herdou o nome. Chegando à Dinamarca, encontra sua mãe, Gertrudes, casada com o irmão do pai, Cláudio, que assume a coroa e o trono após a morte do rei Hamlet. Este, por sua vez, aparece ao filho como fantasma e conta que sua morte foi causada pelo irmão, que colocou veneno em seu ouvido enquanto dormia, e que viverá no inferno durante o dia e perambulando como alma penada à noite até que o filho cometa vingança contra seu tio Cláudio.
— Qualquer pessoa que tenha um mínimo amor pelo pai e pela mãe... Sua vida acabou, virou um inferno. Então, essa agonia é que eu acho que, por incrível que pareça, quem melhor leva para o cinema é Mel Gibson — pontuou Aluysio: — A defesa de Hamlet é simular a loucura diante do que é colocado para ele. E ele não fala com ninguém, simula a loucura enquanto tenta, planeja a vingança. Mas Ofélia, sua namorada, filha do conselheiro do rei, pira de verdade. Quer dizer: a mulher tem coragem de fazer o que o homem só simula.
O debate pós-exibição deve ser pautado por frases oriundas do filme que se tornaram ditados populares, como “Há algo de podre no reino da Dinamarca”, “Ser ou não ser, eis a questão” e “Há mais coisas no céu e terra do que foram sonhadas na sua filosofia”.
— A pergunta não é o que pode ser discutido em Hamlet... Pelo contrário: o que é que não pode ser discutido em Hamlet? Talvez seja o melhor resumo — enfatizou o apresentador.