Segundo a Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), a esteatose hepática, doença que pode levar a um processo inflamatório crônico do fígado ocasionado por deposição de gordura, atinge aproximadamente 20% da população. A doença pode ter causas alcoólicas (provocadas pelo consumo excessivo de bebida) e não alcoólicas (diabetes, obesidade e níveis elevados de colesterol e triglicerídeos), sendo capaz de atingir qualquer faixa etária. “Com o tempo, os danos ao fígado podem levar à insuficiência hepática e outras complicações, condições que põem em risco a vida”, explicou o médico Airton Mota, radiologista intervencionista da Carnevale Radiologia Intervencionista Ensino e Pesquisa (Criep).
Além da esteatose, outras causas de doenças crônicas do fígado, como as hepatites virais, aumentam a incidência do câncer primário mais comum do fígado, o Carcinoma Hepatocelular (CHC). Este é o quinto tumor maligno em frequência em todo o mundo e a segunda causa mais comum de morte relacionada ao câncer, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A incidência de CHC tem aumentado rapidamente no mundo nos últimos 20 anos, e um recente estudo usando o registro norte-americano projeta que a incidência continuará a crescer até 2030, de forma ainda mais notável em países latino-americanos.
O fígado é a principal sede de metástases à distância de tumores abdominais e extra-abdominais, como cólon, estômago, pâncreas, mama, dentre outros. “Estes tumores metastáticos frequentemente são passíveis de tratamentos minimamente invasivos, como a radioembolização Hepática e a quimioembolização hepática, modificando prognóstico e qualidade de vida dos pacientes”, afirmou o médico do CRIEP.
A radioembolização hepática é um procedimento minimamente invasivo, indicado tanto para o tratamento de tumores hepáticos primários não passíveis de ressecção cirúrgica — o CHC e o Colangiocarcinoma intra-hepático — quanto para o tratamento de metástases hepáticas, incluindo tumores neuroendócrinos, carcinoma colorretal, entre outros.
O procedimento pode ser realizado sob anestesia local e não necessita de internação hospitalar, usando microesferas carregadas com material radioativo (Yttrium-90). Essa é uma técnica realizada por meio de cateterismo endovascular, em que há injeção das microesferas dentro dos tumores (efeito localizado), levando ao controle das lesões. “Pode ser realizado conjuntamente com a quimioterapia sistêmica, ou mesmo substituí-la, quando necessário”, concluiu o Airton Mota. (A.N.)