Matheus Berriel
23/07/2019 15:34 - Atualizado em 30/07/2019 13:27
Ex-jogador profissional, com passagens por Americano, Goytacaz e pelo futebol do Espírito Santo, o vendedor ambulante Fred Lima, de 50 anos, não guarda em sua mente apenas lembranças de dentro dos campos. Algumas de suas memórias o levam de volta à juventude, num tempo em que, como entregador de jornais, ajudava as páginas da Folha da Manhã e de outros periódicos campistas da época chegarem às mãos dos leitores.
— Minha vida foi muito sofrida. Antigamente, tinha o Pequeno Jornaleiro, e eu era distribuidor de jornal. Eu pegava a Folha da Manhã, A Notícia, o Monitor (Campista) e A Cidade. Eram os jornais mais fortes em Campos. Com oito ou nove anos eu já vendia jornal na rodoviária. Lá tinha um túnel. Época boa, em que não tinha violência. Época de paz, com um povo mais humano, mais competente, mais solidário... — recordou.
Dos periódicos citados, a Folha é o único ainda em circulação. Já naquela época o slogan “A diferença está na qualidade” era comprovado nas vendas.
— Eu vendia na rodoviária e rodando a cidade. Gritava: “Olha a Folha da Manhã... A Notícia... O Monitor...”. O que mais saía era a Folha da Manhã, um jornal competente, bom, boa figura. Tenho o maior carinho pela Folha da Manhã. Dá vontade de chorar vendo o crescimento — afirmou.
Filho único, morando de aluguel na Lapa com a mãe e a avó, Fred tirava um trocado para ajudar na renda familiar. Segundo ele, a cada jornal vendido ficava com o equivalente a algo em torno de R$ 0,40 ou R$ 0,50. Também eram bem-vindos os mimos de alguns clientes durante os períodos festivos, como o Natal: “Davam camiseta, davam bolo, uma bola...”.
A ocupação seguiu durante a adolescência, até um período da fase adulta.
— Eu pegava o jornal 4h30. Quando dava 6h, já tinha acabado. Eu entregava nas portas dos comércios, deixava e recebia por semana. Tinha também por mês, os assinantes. No mesmo dia eu vinha com o dinheiro que vendia o jornal, alguns fiados, e acertava aqui (no jornal). Os fiados eram meu lucro. Trabalhei por mais de 20 anos, desde pequenininho, desde jovem — disse.
Aposentado do futebol, Fred voltou a ser ambulante, mas os jornais foram trocados por cordões, vendidos atualmente no Centro de Campos.