Com cortes nas substituições e gratificações, servidores médicos da saúde poderão entrar em greve
31/07/2019 22:54 - Atualizado em 09/08/2019 09:04
Está marcada para amanhã (01/08) uma reunião na sede do Sindicato dos Médicos de Campos (SFMC) que terá como pauta a manifestação do estado de greve dos servidores, vinculados à Secretaria de Saúde de Campos. 
Entre as reivindicações estão a melhoria das condições trabalho dos profissionais, a disponibilização de material necessário aos atendimentos médicos e um possível pedido de intervenção federal e estadual nos hospitais e postos do município. A situação se agravou nessa quarta (30) quando, por ordem do prefeito Rafael Diniz, foi suspenso o pagamento de substituições de emergências e gratificações dos servidores médicos. De acordo com uma fonte da área médica que procurou o Blog e não quis se identificar, os profissionais da saúde vem sofrendo com péssimas condições de trabalho e não há servidores suficientes para atendimento satisfatório à população. Acusa ainda o Conselho Regional de Medicina (CREMERJ) local de parcialidade nas posições junto ao poder público municipal, com interesses políticos. O órgão tem como objetivo, conforme seu site, "promover o perfeito desempenho ético e moral da medicina e o prestígio dos que a exerçam legalmente", e seria um importante interventor para o atendimento dos pleitos. Revoltado com a situação, o médico culpa a prefeitura por ter ciência das condições dos ambientes hospitalares e não intervir e pela contratação para a área da saúde de RPA´s, com fins políticos. 
Com a palavra, o sindicato
Procurado pelo Blog, o presidente do Sindicato dos Médicos de Campos, José Roberto Crespo, explica que é preciso seguir os trâmites burocráticos para se declarar a greve, mas que há uma tendência a paralisação: "(...) a revolta dos profissionais é muito grande. Foi um ato de covarde, na véspera do pagamento, com todos os serviços prestados, os que fizeram substituição não receberam nada, salário zero. Não entendo o porquê de tanta  perseguição com os profissionais da saúde."  Ainda de acordo com José Roberto as condições de trabalho não possuem as mínimas condições de atendimento: "(nós médicos) exigiremos tudo como deve ser, não vamos sofrer junto com os pacientes e familiares, vamos colocar a falta  de material em quem é de direito, que são os gestores e vamos comunicar as autoridades e órgãos de defesa do cidadão, como CREMERJ, Vigilência Sanitária e Ministério Público". 
Entre as pautas da reunião de amanhã, que deverá ser levada para aprovação dos presentes, estão o envio de denúncia crime em face do prefeito e do Secretário de Saúde por omissão de socorro nas unidades de emergência. 
A mensagem do Secretário de Saúde
O secretário municipal de saúde, Dr. Abdu Neme, enviou, segundo mesma fonte, mensagem em grupo de Whatsapp de servidores médicos buscando tranquilizar os profissionais e prometendo pagamento para o próximo dia 10. De acordo com a mensagem que tivemos acesso, o secretário teria dito: "ontem fomos surpreendidos pela prefeitura com a notícia da impossibilidade de cumprir com o pagamento de gratificações de parte de nossos servidores, o que causou desconforto na classe. Compreendo toda dificuldade que ele passa, era uma "Escolha de Sofia" (...) ele (Rafael Diniz) me garantiu que irá pagar a partir do dia 10, que é quando recebemos os recursos federais". 
O que diz o CREMERJ local
O coordenador do CREMERJ, seccional Campos, Rogério de Sousa Bicalho, explica que o conselho é um fiscal da atuação e das condições de trabalho dos médicos e desde que assumiu em fevereiro deste ano o conselho já realizou diversas fiscalizações. Cita ações na UPA, Hospital de Cardoso Moreira, UBS de Barra em São Francisco de Itabapoana, dentre outros. Afirma que o "CREMERJ não tem vinculação política" e que irá apurar as denúncias "doa a quem doer". Diz ainda: "na data de ontem (30) e hoje (31) recebi várias denúncias de falta de insumos e equipamentos nas unidades. O que foi prontamente autorizada pelo departamento de fiscalização do CREMERJ no Rio. Assim como o secretário municipal de saúde (Dr. Abdu Neme) será convocado ao CREMERJ para dar explicações". Bicalho se defende das acusações de atuação política e cita a composição do conselho e de como foi feito sua escolha para o cargo de coordenador: "A seccional de Campos é composta por 7 membros sou coordenador não por indicação política mas sim por indicação técnica por ser oficial médico do Corpo de Bombeiros Militar. Sou concursado da prefeitura há 11 anos." Finaliza: "O CREMERJ irá apurar todas as denúncias e poderemos até realizar a interdição ética das unidades".       
 
Opinião  
Caso se concretize a greve, Rafael enfrentará um grave problema político. Uma de suas principais peças no tabuleiro para 2020 poderá sair desgastado desse episódio. O posicionamento do Sindicato dos Médicos não diz respeito apenas ao não pagamento das gratificações, ele amplia o leque de reclamações e envolve outras entidades. Caso não haja uma solução hábil e tempestiva por parte do prefeito, a situação poderá expor um problema bem mais grave do que médicos com salários atrasados: a situação da estrutura da saúde de Campos. 
Afetando os médicos, Rafael dificulta o diálogo com a classe média da cidade, possivelmente seu público eleitoral mais fiel. Como é dito constantemente na política, não se perde apenas o voto do insatisfeito, se perde o voto de seus amigos e familiares também. Embora o impacto político possa ser relativamente pequeno, o agravamento dessa crise pode se transformar em uma situação delicada à prefeitura.  
Por outro lado, caso a solução se dê por resolvida rapidamente pelo habilidosos político Abdu, a situação pode ser revertida e a secretaria de saúde sair fortalecida de um embate que depende de comunicação e diálogo para ser superado, podendo contar com a ajuda de outro incisivo e hábil político e médico que compõe hoje os quadros da administração municipal, Dr. Makhoul Moussallem.   

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    Edmundo Siqueira