O executivo da União Norte Fluminense Engenharia, empresa com matriz em São João da Barra, Marcos Andrade Barbosa, declarou, em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, que recebeu orientação do ex-presidente do Departamento de Estradas e Rodagens (DER), Henrique Alberto Santos Ribeiro, sobre pagamento de uma taxa de 5% em propina ao Governo do Estado e de 1% ao Tribunal de Contas do Estado (TCE).
De acordo com o executivo, Henrique Alberto dizia procurá-lo em nome de Wilson Carlos, ex-secretário de Governo de Sérgio Cabral, e a propina, segundo o delator, foi paga entre os anos de 2008 e 2014, por diversas obras em rodovias estaduais.
Durante o depoimento ao juiz responsável pela Lava Jato do Rio de Janeiro, Marcos Andrade detalhou que a propina seria paga em diversas vezes em cheques de R$ 50 mil a R$ 100 mil, e que esses cheques eram sacados na boca do caixa em agências bancárias.
O ex-presidente e ex-conselheiro do TCE Jonas Lopes de Carvalho Júnior, e o filho dele Jonas Lopes Neto, também prestaram depoimento, na condição de delatores. O depoimento dado ontem foi referente a um dos processos da operação C’est Fini (é o fim, em francês), realizada em novembro de 2017.
A União Norte Fluminense fechou um acordo de leniência com a Justiça em novembro de 2017. Na época, em uma das audiências, Marcos Andrade disse que continuou a pagar propina ao secretário estadual de Obras, José Iran, durante a gestão do ex-governador Luiz Fernando Pezão. A obra, de acordo com o empresário, seria na RJ 186 (Santo Antônio de Pádua e Bom Jesus do Itabapoana). De acordo com o empresário, Iran, recebeu mais de R$ 1 milhão em propina.
A ação penal apura um esquema de corrupção em obras de pavimentação e conservação de rodovias estaduais pelo DER durante o governo Cabral.
A equipe de reportagem não conseguiu contato com o representante da União Norte Fluminense Engenharia. (A.N.)