A embalagem é um dos principais componentes relacionados à compra e venda de um produto. Além de aspectos técnicos, regulatórios, mercadológicos e estéticos, a responsabilidade ambiental é um fator a ser observado para a criação do recipiente, levando em conta as especificidades do que será armazenado. Para o setor alimentício, as embalagens garantem a conservação das características físicas e sensoriais do produto por mais tempo, além de informar, atrair e até fidelizar o consumidor. É por essas e outras razões que os graduandos em Ciência e Tecnologia de Alimentos do Campus Bom Jesus estudam o assunto e, desafiados pela professora Christyane Bisi, desenvolveram suas próprias criações.
Inovação e funcionalidade são as principais características buscadas pela estudante Sarah da Costa Santos, do 3º período, para o trabalho desenvolvido com os alunos Julio Ornellas e Daniel Lopes. Eles criaram uma embalagem orgânica para torradas, feita com fibras de bananeira e de coco, cera de abelha e óleo essencial de alecrim e orégano. A estrutura é produzida com as fibras, que são maceradas, batidas e modeladas para secagem em estufa. A cera de abelha é usada para impermeabilizar o lado externo da embalagem, garantindo proteção contra umidade. Internamente, o óleo essencial possui efeito fungicida e ação aromatizante para a torrada. A criação também foi testada para o formato bandeja, possibilitando a substituição do tradicional isopor.
Apresentado no VIII Fórum Nacional de Formação Acadêmica e Atuação Profissional do Cientista de Alimentos (Focal) e IV Simpósio Nacional em Ciência e Tecnologia de Alimentos (Sicitea), em Venda Nova do Imigrante – ES, o projeto ganhou o prêmio de Melhor Trabalho na categoria “Embalagens”. A proposta foi desenvolver um recipiente com responsabilidade sustentável, dando novo destino para coprodutos da agroindústria e, consequentemente, reduzindo o lixo. “A embalagem é uma preocupação quando se fala em preservação do meio ambiente. Por essa razão temos notado investimentos no desenvolvido de embalagens biodegradáveis, muitas delas utilizando resíduos da indústria de alimentos, que podem ser descartadas no ambiente, onde levarão menos tempo para se decompor. Notamos essa tendência principalmente na Europa, em países como Itália, França e Bélgica”, explica a professora Christyane Bisi. Segundo ela, o investimento do Brasil em pesquisas na área ainda é tímido, razão pela qual incentivou os estudantes a refletirem sobre o assunto e apresentarem soluções.
O material mais utilizado na produção de embalagens para torradas é a película de polipropileno biorientada (Bopp, na sigla em inglês), cuja decomposição leva, no mínimo, 100 anos. “Achei muito interessante o resultado. É uma ótima contribuição para a indústria, porque é uma nova opção de embalagem, que possibilita a redução de impactos ambientais. Segundo a pesquisa de mercado que realizamos, 80% dos participantes se mostrou favorável a pagar um pouco mais pelo produto de cunho sustentável”, conta Sarah.
A pesquisa de mercado foi uma exigência para a disciplina de Informática Básica I, ministrada pelo professor Fabrício Barros. Utilizando uma plataforma digital, eles deveriam apresentar a tabulação dos dados obtidos, trabalhando de maneira interdisciplinar, resultado que surpreendeu os docentes. (A.N.)