A indicação da semana é o filme “Toy Story 4” que estreia hoje (20) nos cinemas de Campos. De acordo com observações da crítica, muitos fãs estavam contrariados com a existência desse novo capítulo, considerando que “Toy Story 3” (2010) havia encerrado a história de maneira perfeita. Mas se você é um daqueles que estavam com um pé atrás, fique tranquilo! A Pixar acertou em cheio nesta nova empreitada e abriu uma porta para o futuro dos brinquedos mais amados do cinema.
Chegando aos cinemas em 1995, “Toy Story” foi um grande sucesso com sua tecnologia revolucionária. Depois desse filme, o mercado de animações nunca mais foi o mesmo. O advento da tecnologia 3D chegou como a grande novidade dos anos 90 e foi o pilar da construção da Pixar nos cinemas. Desde então, o estúdio virou referência e se tornou o rival a ser batido pela concorrência. Com outros estúdios alcançando o 3D, a Pixar precisou encontrar uma forma de manter seu pioneirismo. De maneira óbvia, mas revolucionária, John Lasseter estabeleceu uma regra: foco na história. Para um filme ser feito, ele precisa ter um roteiro memorável e que mexa com a audiência. Por que fazer o básico e entregar filmes bobinhos para crianças, se você pode conquistar o dobro do mercado fazendo filmes para que adultos queiram levar seus filhos para assisti-los? Foi um insight genial e que deu muito certo. Eles emplacaram alguns dos maiores sucessos animados da história e até foram comprados pela Disney para auxiliarem no fortalecimento de seus filmes, que vinham em baixa.
Ultimamente a Pixar não vivia dias tão bons assim. Quer dizer, o estúdio emplacou vários sucessos de bilheteria com suas continuações, mas a crítica já não era mais unanimidade. Algumas avaliações ruins começaram a pipocar, e isso mexeu com a empresa. Com “Toy Story 4”, a Pixar volta a alcançar o seu conhecido patamar de qualidade com uma aventura memorável de amor, amizade e muita fofura. É a volta por cima da empresa com os personagens que a ergueram rumo a glória. E nada mais emblemático que isso.
Após serem doados por Andy, Woody, Buzz e seus amigos vivem seus dias como brinquedos da Bonnie. Passando por algumas crises existenciais, Woody tem seu papel de “paizão da turma” posto em xeque na nova casa. Com a mudança de série na escola, Bonnie começa a viver novas experiências e cria um brinquedo a partir do lixo: o fofo e criativo Garfinho. Com aquela pegada de monstro de Frankenstein, o Garfinho é trazido para casa e logo se une a Woody, que vê no brinquedo (?) sua chance de ter uma nova função na vida. É a partir dessa perspectiva de “O que faz de você um brinquedo?” que a trama se desenrola. Em uma viagem para o parque de diversões, o Garfinho se perde dos outros e cabe a Woody trazê-lo de volta para Bonnie.
A trama, estruturalmente, lembra bastante a do primeiro “Toy Story”, aonde Buzz chega e não aceita seu papel de brinquedo. Mas só parece mesmo. A equipe de roteiristas surpreende ao distorcer tudo aquilo que se espera do protagonista, Woody, que frente a sua antiga namorada, a Pastorinha Betty, começa a questionar sua concepção do que é ser um brinquedo e qual o seu papel no mundo. Woody, historicamente, é o amigo fiel, “que nunca te abandona”, e vê-lo questionar sua função é algo assustador, mas não de um jeito negativo. É uma situação absurda para o personagem, só que funciona muito bem por ser trabalhada de maneira competentíssima. É uma viagem adentro da psique do brinquedo mais carismático da história.
Também entra em cartaz hoje o filme “Casal Improvável”. Permanecem em exibição “Patrulha Canina — Super Filhotes”, “Aladdin”, “MIB: Homens de Preto — Internacional”, “X-Men — Fênix Negra” e “Rocketman”. (A.N) (C.C.F.)