Celso Cordeiro Filho
04/06/2019 18:03 - Atualizado em 06/06/2019 13:54
“Só não coloco entre os 10 melhores filmes de todos os tempos, porque seu diretor havia feito em 1962 ‘Lawrence da Arábia’”. A observação é do jornalista e poeta Aluysio Abreu que vai apresentar hoje (5), às 19h, no Cineclube Goitacá, o filme “A Filha de Ryan” (Ryan’s Daughter, 1970), do cineasta David Lean, que também dirigiu “Doutor Jivago” (1965), outra referência do cinema mundial.
Ao fazer uma metáfora sobre futebol, Aluysio lembrou a atuação do jogador Zidane contra o Brasil, em 2006, durante as quartas de final da Copa do Mundo. “A atuação nele naquele jogo foi como se dissesse: ‘Olha como sei jogar futebol’. O mesmo David Lean faz em ‘A Filha de Ryan’: ‘Olha, como sei fazer cinema’. É um deslumbrante que não sei porque não havia sido exibido ainda no Cineclube Goitacá”, acrescentou.
A história se passa na Irlanda, durante a I Guerra Mundial, ainda sob o domínio da Inglaterra. Numa pequena aldeia há o professor, interpretado por Robert Mitchum, a moça bonita e sonhadora (Sarah Mils) e o jovem oficial inglês (Christopher Jones). “Trata-se de um triângulo amoroso clássico e daí se desenvolve toda a trama. A diferença básica é que ela é conduzida por um mestre do cinema. David Lean mostra toda a sua sensibilidade nas cenas envolvendo os personagens em contraponto com a natureza”, observou.
Sem entrar diretamente na história, para não cometer spoiler, Aluysio também destaca a participação do diretor de fotografia Freddie Young, que explora a beleza e diversidade das paisagens irlandesas, como as praias, as falésias, os rochedos e os campos. Ele foi parceiro de David Lean em “Lawrence da Arábia” e “Doutor Jivago” e, a exemplo de “A Filha de Ryan”, também recebeu o Oscar de Melhor Fotografia por esses trabalhos.
Lembrou, ainda, que poderia citar uma série de qualidades de David Lean, mas se fixaria na genialidade como constrói os grandes planos. “É insuperável na construção de belas imagens. As cenas na praia são deslumbrantes. Ele não gostava de legenda nos filmes porque desviava o olhar do espectador para a parte inferior da tela, perdendo o todo. Em ‘A Filha de Ryan’, vale citar a cena do ato sexual. Nela há uma associação com a natureza que é magistral. Ela se torna bastante erótica sem ser apelativa. A fusão dos dois personagens com imagens da natureza é maravilhosa. É um filme que poderia ficar falando horas sobre suas qualidades”, completou.
O acesso ao Cineclube Goitacá é gratuito e após a apresentação de “A Filha de Ryan” acontecerá um debate com a participação da plateia. Está localizado na sala 507, do edifício Medical Center, na esquina das ruas Conselheiro Otaviano e 13 de Maio, no centro da cidade.