Aldir Sales
20/05/2019 21:02 - Atualizado em 27/05/2019 12:33
“Ele (Garotinho) é o problema”. A afirmação é da presidente estadual do Patriotas (Patri) Eliane Cunha. Ela também comandava o diretório regional do Partido Republicano Progressista (PRP), onde o ex-governador Anthony Garotinho (sem partido) tentou concorrer ao Governo do Estado e seu filho, Wladimir Garotinho (PSD), se elegeu deputado federal no ano passado. A Folha informou na semana passada que Eliane foi confirmada na direção do Patri depois que o PRP foi incorporado à legenda, uma vez que o partido não atingiu a cláusula de barreira na última eleição. Garotinho chegou a alegar problemas com Eliane para sair, no entanto, ela rebate: “Minha ‘trapalhada’ foi ter aberto a porta do partido a um ex-presidiário, mesmo com outras pessoas me alertando sobre ele”.
Assim como Wladimir, o deputado estadual Bruno Dauaire (PSC) também foi eleito pelo PRP e saiu do partido com a alegação de que a legenda não existe mais por não ter atingido a cláusula de barreira. O ex-governador, no entanto, foi além e afirmou que Eliane Cunha fez “diversas trapalhadas” no comando do partido.
— Abri as portas do partido, acreditei nele, mesmo com tantos problemas. Não fiz trapalhada. Na verdade, ele tem razão, fiz uma trapalhada, sim. Foi ter aberto a porta do partido a um ex-presidiário, mesmo com outras pessoas me alertando sobre ele. Não me lembro de ter problemas com Garotinho. Ele que tem muitos problemas. Tenho 29 anos de PRP e agora de Patriotas. Acho que é indelicado um homem desse tamanho dizer essas coisas. Ele é o problema. Recebemos ele de braços abertos no PRP. Era uma oportunidade para mudar essa imagem envolta em tantas confusões, mas ele não acrescentou em nada. Não pode votar e nem ser votado. Ele tem muito a responder ainda — declarou Eliane.
Garotinho disse à Folha no dia 1º de março que Eliane não quis coligar o PRP com o Pros de Clarissa Garotinho na última eleição. “Eu falei que não tinha a menor condição, por tudo que ocorreu durante a campanha, as inúmeras trapalhadas que a presidente Eliane Cunha fez, então eu prefiro aguardar. (...) O que ela fez, com duas pessoas que eu tenho maior respeito, são posições indignas. Primeiro, com a Clarissa. O Pros ia coligar com o partido, na proporcional, estava tudo certo. Chegou na hora ela disse que não faria a coligação”.
Em resposta, Eliane criticou a conduta do ex-colega: “Ele queria uma coligação para beneficiar a filha, mas eu tinha que trabalhar pelo partido. O filho (Wladimir) não tem culpa, acaba sendo o reflexo do exemplo dentro de casa. Nunca disse que faríamos a coligação. Ele estava preocupado com a filha, que quase não se elegeu. Tenho responsabilidade com meu partido. Respeito hierarquia e a direção nacional falou para não fazermos coligação. Não sou capacho de ninguém”, afirmou.
A equipe de reportagem não obteve resposta de Wladimir até o fechamento desta edição. Por telefone, na semana passada, Garotinho disse que não responde à Folha.