Camilla Silva
14/05/2019 16:06 - Atualizado em 15/05/2019 20:58
Professores e alunos de universidades públicas de Campos realizam um ato público, na praça São Salvador, para divulgação da produção científica, na tarde desta terça-feira (14). O Ciência na Rua, organizado por representantes do Instituto Federal Fluminense (IFF), Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e Universidade Federal Fluminense (UFF), acontece como reação ao corte de verbas a instituições de ensino e de fomento à pesquisa por parte do governo federal. Juntas, as três unidades têm cerca de 25 mil alunos matriculados, na região, neste ano. Na manhã desta terça, uma audiência pública da Comissão Permanente de Ciência e Tecnologia foi realizada, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, com a presença de oito reitores de universidades públicas, estaduais e federais, e quatro presidentes de instituições de fomento a pesquisa, localizadas no Estado do Rio de Janeiro. Também na manhã desta terça, uma aula pública foi realizada para debater o assunto.
Pesquisadores defenderam a importância das instituições públicas na área de pesquisa em ciência e tecnologia no país.
— Não é só a questão da quantidade de verbas, mas o que a empresa privada quer investir. A empresa quer investir lá na ponta, o que tem aplicação imediata. Tem pesquisa que é básica. A aplicação dela é gerar conhecimento para uma outra esfera da pesquisa, que vai gerar conhecimento para outra esfera de pesquisa… O investimento privado vem lá na ponta, quando já está perto de uma aplicação prática. Isto também é importante, mas se não investir na base, não chega lá — defendeu André Guimarães, pós-doutor em física, professor e pesquisador na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf).
A importância política e econômica da produção acadêmica também foi ressaltada pelos participantes.
— Nós somos, ainda, um país de commodities. Claro, é bom pesquisar agricultura, mas a transformação também é importante, e sem tecnologia não tem transformação. Na área da saúde, têm novos tratamentos, máquinas e medicamentos, isso gera dinheiro. Sem pesquisa básica e aplicada, você vai sempre importar tecnologia. Você vai ser dependente. Vai comprar o produto mais caro e o país, a importância dele no mundo, vai ficar em detrimento — explicou Nádia Pereira, pós doutora em engenharia química e de alimentos, professora e pesquisadora da Uenf.
Corte - No final de abril, o secretário de Educação do MEC anunciou um corte de 30% dos repasses para todas as universidades federais. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou, em entrevista, que o motivo do bloqueio é que as “universidades que, em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia terão verbas reduzidas”.
Alerj - A criação de uma Frente Parlamentar para discutir a situação de universidades e institutos federais, em meio a bloqueios de verbas orçamentárias, foi encaminhada durante a 6ª audiência pública da Comissão de Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), realizada nesta terça-feira. No estado do Rio de Janeiro, essa situação tem acarretado impacto diretamente em serviços oferecidos pelas universidades à sociedade. O evento contou com a presença de oito reitores de universidades públicas, estaduais e federais, e quatro presidentes de instituições de fomento a pesquisa, localizadas no Estado do Rio de Janeiro.
Em sua explanação, Luis Passoni, reitor da UENF, defendeu uma maior união e apoio entre as instituições de ensino e pesquisa: “Precisamos falar de um novo modelo de país. Uma proposta consolidada e alternativa ao projeto que estamos vivendo, colocando o ser humano acima das finanças e do sistema financeiro”.
— A finalidade é que a Frente Parlamentar mista conte com a interação entre deputados da Casa, representantes das universidades e institutos federais, vereadores das cidades em que esses órgãos funcionam, e representantes do Congresso Nacional, como o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM). Não podemos ficar parados, porque esses bloqueios orçamentários impossibilitarão não só o funcionamento dessas instituições, como também afetarão a população como um todo, além de setores de serviços e da economia —, comentou Waldeck Carneiro (PT).