Celso Cordeiro Filho
21/05/2019 18:24 - Atualizado em 26/05/2019 11:17
Quem for hoje (22), às 19h, ao Cineclube Goitacá, vai poder assistir o filme “Joaquim” (2017), do cineasta Marcelo Gomes, que será apresentado pelo publicitário e crítico de cinema Felipe Fernandes, com abordagem sobre o personagem histórico Joaquim José Silva Xavier, Tiradentes, que teve participação decisiva no processo de independência do Brasil que vivia sob o domínio de Portugal.
Ao decidir apresentar “Joaquim”, Felipe destacou que um fator preponderante é o olhar sobre o personagem histórico, mas antes de se tornar um inconfidente. “É a formação de sua consciência política, mas não é uma construção formada sobre ideais, mas sim sobre o sofrimento, a ganância e a corrupção. É a desconstrução do heroísmo atrelada ao mártir. É um retrato do Brasil colônia, sem glamorização. O filme é muito cru, mostra um país em situação degradante, de total exploração”, salientou.
Adiantou, ainda, que Marcelo Gomes faz parte de uma geração de cineastas pernambucanos, que surgiu no início dos anos 2000, e eles são responsáveis por alguns dos melhores filmes nacionais desse tempo. “Descobriu o cinema através de um cineclube que frequentava no Recife. Realizou curtas premiados e seu primeiro longa ‘Cinema, aspirinas e urubus’ (filme que já apresentei no Cineclube Goitacá) foi selecionado para uma das mostras do Festival de Cannes. Realizou outros longas e seu último trabalho é “Joaquim”, filme de 2017, que participou da competição ao Leão de Ouro no Festival de Berlim”, acrescentou. Sobre a participação em Berlim, Felipe observou que o filme teve críticas bastante positivas, mas surpreendeu alguns, que esperavam um filme no formato de biografia histórica mais convencional.
Felipe acha extremamente importante a exibição de filmes brasileiros nos espaços públicos. “Eu acho de suma importância a exibição de filmes nacionais, seja em qualquer espaço. Existe um preconceito com nosso cinema que atravessa gerações. Antes se falava que o cinema nacional era só pornografia. Depois a desculpa passou para o excesso de violência. Hoje se crítica muito o nível de nossas comédias. Todos esses pontos que apontei, tem algum fundamento, mas os que costumam criticar o cinema nacional, também não têm o hábito de assistir”, afirmou,
E, em seguida, acrescentou: “Nos últimos 20 anos o cinema nacional deu um salto incrível de qualidade, em termos técnicos e narrativos. Nosso cinema é respeitado lá fora, está sempre presente nos grandes festivais, mas o espectador médio brasileiro não prestigia o cinema nacional. Existe um problema de distribuição dessas obras também, são poucas as salas e cidades que exibem esses filmes, tirando assim a possibilidade do público ter acesso a eles. Por isso, acredito que o Cineclube é um espaço que pode começar a apresentar um pouco do nosso cinema para algumas pessoas, por conta disso, acho a exibição de filmes nacionais de grande importância.”
— Para finalizar, quero reiterar o convite, pois se trata de um belo filme e que poucas pessoas tiveram acesso. É uma oportunidade interessante de podermos difundir o cinema nacional e enriquecer a experiência com nosso tradicional debate após o filme — disse. O acesso ao Cineclube Goitacá é gratuito e está localizado na sala 507, do edifício Medical Center, na esquina das ruas Conselheiro Otaviano e 13 de Maio, no centro da cidade.