“Reafirmo o que disse (em entrevista à Folha, publicada em 24 de fevereiro): O pai e a mãe dele acabaram com a cidade, quando fizeram a ‘venda do futuro’. E se ele for eleito prefeito (de Campos), vai fazer o mesmo”. Foi assim que o deputado estadual Gil Vianna (PSL) reagiu, ontem, às críticas que sofreu do deputado federal Wladimir Garotinho (PSD) em entrevista publicada na Folha no último domingo, 31 de março. Nela, o filho dos ex-governadores (e ex-prefeitos) Anthony e Rosinha Garotinho questionou, diante do gravador:
— A gente só precisa que as pessoas demarquem as suas posições claramente, porque, tanto o Gil quanto o Rodrigo (Bacellar, SD), na eleição para deputado (estadual, em que ambos se elegeram), diziam que não faziam parte do grupo de Rafael (Diniz, PPS), quando não é isso que a gente vê na prática. Ambos apoiados por vereadores da base do governo Rafael e com cargos na gestão.
Gil também reafirmou que é pré-candidato a prefeito de Campos. “Comecei na vida como office-boy, servi o Exército, fui PM por 26 anos e entrei na política para defender a causa da minha filha (de necessidades especiais). Fui vereador duas vezes e candidato a deputado estadual (em 2014), quando os Garotinho apoiaram (Geraldo) Pudim (hoje MDB) e Bruno (Dauaire, hoje PRP). Ainda assim, me elegi suplente e ocupei uma cadeira na Assembleia por um ano e meio. Rachei com Garotinho quando ele fez a ‘venda do futuro’, contra a qual votei como vereador, porque sabia que iria arrasar a cidade. Depois fui candidato a vice-prefeito, com Caio Vianna (PDT), e me elegi deputado em outubro. Me vejo na obrigação de ser candidato a prefeito em 2020, pelo que a gente vê em Campos. Terei o apoio do PSL e, tenho certeza, do governador Wilson Witzel (PSC)”, projetou o líder do PSL na Alerj.
Além do questionamento do posicionamento político em relação ao governo Rafael, Rodrigo Bacellar mereceu uma crítica individualizada de Wladimir: “É impossível desassociar a (imagem) dele do pai dele”, disse o deputado federal à Folha. Ainda assim, o filho do ex-vereador Marcos Bacellar (PDT) ontem optou por “manter o silêncio”. Reação diferente teve o secretário municipal de Desenvolvimento Humano e Social, Marcão Gomes (PR). Ele disputou com Wladimir uma cadeira na Câmara Federal, teve votação geral superior, embora inferior em Campos, perdeu, foi ironizado no domingo por quem se elegeu e ontem respondeu:
— Lendo a entrevista de Wladimir, recordei do ditado popular “filho de peixe, peixinho é”. Ele afirma que a dívida deixada pelos seus pais é uma mentira. Ele está igual ao pai acreditando nas próprias mentiras. O MPF está de olho na “venda do futuro” como ato de improbidade administrativa e ilícito penal, onde a ex-prefeita e mãe do deputado fez Campos contrair uma dívida de mais de R$ 1,3 bilhão. Também não é verdade que o vice-governador (Claudio Castro, PSC) tenha me dado qualquer negativa à parceria entre o Estado e o município (pela reabertura do Restaurante Popular). Isso parece ser uma vontade de Wladimir, que posa oferecendo “ajuda” ao município nas redes sociais, mas nos bastidores busca ver frustradas as articulações para restabelecer importantes políticas públicas para Campos. Seguindo a cartilha de seu líder Garotinho, prejudica diversas famílias que precisam dos programas.
Novo secretário de Saúde de Campos, após ter sido aliado e médico particular de Garotinho, Abdu Neme (PR) também respondeu às afirmações de Wladimir. Na entrevista à Folha, o deputado afirmou que a inauguração do novo Hospital São José e a instalação do prontuário eletrônico “não são novidades”:
— Wladimir não tem noção do que é prontuário eletrônico, nem sabe o que é isso. Ou, vai ver, eu não entendo de saúde pública como ele. O Hospital São José estava pronto? Então, como a Folha perguntou e ele não soube responder, por que eles não inauguraram? Não vou debater com Wladimir. Os fatos falam por si. Só achei desnecessário e deselegante ele dizer que eu não aceitei ir à reunião que ele marcou com o secretário estadual de Saúde e os representantes dos hospitais conveniados de Campos. Aliás, quem me ligou, na sexta (29), não foi nem ele, mas seu chefe de gabinete, Thiago Godoy. Agradeci, mas já tive uma reunião com o secretário Emar Santos (no dia 19) e estou esperando resposta — lembrou Abdu.
Aliado de Wladimir, com quem fez uma dobradinha vitoriosa nas urnas de outubro, o deputado estadual Bruno Dauaire gostou das palavras do entrevistado de domingo. Este afirmou que, no caso da prefeita sanjoanense Carla Machado (PP) ser condenada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na Machadada, Bruno seria “um caminho natural e bom” para governar o município:
— Vontade não me falta, mas o tempo de conciliar a agenda parlamentar com a de pré-candidato. Sem descartar a possibilidade, espero um dia ter a honra de governar o município que representa a história política da minha família. Tanto o meu avô Alberto Dauaire, como meu pai, Betinho Dauaire, foram excelentes administradores, com altos índices de aprovação popular. Hoje tenho muitas frentes de lutas nas comissões na Alerj, além das sugestões que tenho feito ao Governo do Estado, relativas a obras urgentes a São João da Barra, Campos e São Francisco. Só posso agradecer ao eleitorado sanjoanense por lembrar de maneira tão forte o meu nome para a eleição municipal. E digo a todos que vamos estar juntos nessa construção — disse Bruno. Procuradas através das suas assessorias, Carla e a deputada federal Clarissa Garotinho (Pros), outra citada na entrevista, preferiram não comentá-la.