Verônica Nascimento e Camilla Silva
08/04/2019 08:57 - Atualizado em 09/04/2019 16:15
Sete detentos do presídio Carlos Tinoco da Fonseca, em Guarus, fugiram da unidade prisional na madrugada desta segunda-feira (8). Dois fugitivos foram encontrados pela Polícia Militar e um deles foi capturado antes de conseguir sair da unidade. À noite, a PM anunciou que conseguiu recapturar todos os detentos. De acordo com a secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), a fuga aconteceu por volta das 4h30, após os detentos serrarem a grade da cela. Os homens teriam usado uma “Tereza” (corda com nós) para descer o muro e também cortado duas telas da cerca, na parte dos fundos do presídio. Sobre a possibilidade de facilitação por agentes da unidade, a Seap informou que abrirá sindicância para apurar o caso. Durante a manhã, familiares de internos aguardavam para entregar materiais na unidade.
A Polícia Militar informou que foi acionada cerca de 40 minutos depois da fuga. A Folha perguntou à Seap se não houve demora no contato, mas não teve resposta. Foi solicitado, ainda, mais informações sobre os foragidos, mas a secretaria respondeu que, “por questões de segurança, não revela o nome e a ficha funcional dos presos”. Sobre a dinâmica da fuga, também disse que a forma com que os sete saíram da unidade prisional será apurada na sindicância.
Os dois fugitivos encontrados pela Polícia Militar estavam na Rodovia da Fruta, uma estrada que liga a Usina São João à localidade de Brejo Grande. O primeiro foi encontrado por volta das 13h desta segunda, o segundo, cerca de duas horas depois. Eles tentavam se esconder em meio a vegetação que fica às margens da rodovia. Ainda durante a manhã, um homem foi encontrado por agentes da Seap antes de conseguir deixar o presídio.
Reclamação - Na manhã dessa segunda, parentes que foram entregar “pertences” aos internos da unidade chegaram a ser questionadas sobre a possibilidade de transferência da entrega dos materiais para amanhã (terça, 9). Quase todos preferiram aguardar, para serem atendidos ainda nessa segunda. Muitos reclamaram, alegando que o material que foram entregar nem era, em sua maioria, para higiene pessoal dos familiares presos. “Segunda é dia de entrega de pertences. A gente gasta quase 20 reais para pegar ônibus para o Centro e depois carrinho (lotada) para vir para cá, fora o dinheiro para comprar os pertences, quase é tudo para limpeza do presídio, das celas”, disse uma pessoa. “A gente traz produtos de limpeza, até vassoura, rodo e baldes. Isso tudo é a família do preso que compra. Chegamos aqui antes das 5h e, geralmente, ficamos até as quatro da tarde, para eles revistarem tudo. E, se fogem não deve ser à toa, porque até a água que eles bebem aqui é direto da caixa d’água, da torneira”, destacou outro parente de preso.
Sobre os “pertences”, como desinfetantes, detergentes e baldes, entre outros, que são levados por familiares de detentos, questionada se não seriam de responsabilidade do Estado, a Seap respondeu apenas que “há itens que são permitidos que as famílias levem para os internos, tais como alimentos, roupas, dentre outros. Tudo regulamentado pela Seap e passando pela revista dos pertences”.
A Folha entrou em contato com a Seap para saber se foi possível realizar a entrega nessa segunda, mas não teve resposta.