Um estudo realizado pelo Sebrae no final do ano passado indica que aproximadamente 1,5 milhão de novos pequenos negócios devem ser criados no Brasil em 2019. Muitos brasileiros possuem o sonho de serem os donos do próprio negócio, não depender de patrão e poder administrar. No entanto, a dificuldade de se inserir no mercado de trabalho tem feito muita gente se virar e transformar o famoso “bico” em atividade principal para conseguir alguma renda. São os micro empresários individuais (MEI). Para aqueles que estão atrás de um negócio um pouco maior, com alguns funcionários, a opção é a micro ou pequena empresa. É o caso dos irmãos Luiz Ricardo e Ricardo Luiz Nogueira das Chagas. No entanto, para eles a oportunidade de inovar apareceu sobre rodas. E pesando algumas toneladas.
De uma família de comerciantes, os irmãos contam que sempre tiveram o sonho de ter o próprio negócio e seguir o ramo familiar. O projeto surgiu entre 2014 e 2015, quando a ideia de food truck estava surgindo no Brasil, mas o empreendimento só começou a sair do papel em 2018. Segundo Luiz Ricardo, inicialmente a intenção era fazer um restaurante sobre rodas, mas com o desenrolar das negociações, o projeto foi readaptado para o bar, que foi batizado de “Boteco Urbano” e funciona em um ônibus que está estacionado na região da Pelinca. Os clientes podem ficar, tanto na área interna do veículo, como fora também, onde há mesas, cadeiras e até uma mesa de sinuca. Para isso, Luiz e Ricardo apostaram em um financiamento feito pelo Fundo de Desenvolvimento de Campos (Fundecam) na modalidade Inovação. Luiz contou que sua mãe foi uma das grandes incentivadoras do projeto e foi quem falou sobre o Fundecam para eles.
— O empréstimo que nós pegamos junto ao Fundecam serviu para tirar o projeto do papel e torná-lo realidade. Estamos muito satisfeitos, sendo surpreendidos a cada dia. As taxas de juros realmente são as menores — afirma Luiz Ricardo, que atualmente conta com quatro funcionários e já pensa em expansão. “Como as condições de empréstimo são muito atrativas, não vamos parar e pretendemos buscar outros empréstimos para continuar empreendendo”.
Os irmãos inauguraram o espaço no dia 17 de novembro do ano passado e, hoje, após cinco meses, comemoram os resultados. “Esses dias estava no Alto do Caparaó e conheci uma pessoa de Campos lá e ela comentou sobre o bar, dizendo que a filha já tinha ido e que ela também queria conhecer. Fiquei muito feliz porque não iria imaginar que no Alto do Caparaó poderia encontrar alguém que conhecesse o bar”, comentou Luiz.
Além da tradicional cervejinha e de petiscos, o bar temático também abre as portas para aniversários e outros eventos. “Não é sempre que a gente tem a oportunidade de tomar uma cerveja em um ônibus. Achei a ideia muito interessante e diferente”, disse o universitário Wendel Silva, de 22 anos.
Empréstimo da Prefeitura com juros baixos
Fortalecer a economia, incentivando o microempreendedor para gerar renda e trabalho. Este é um dos objetivos do Fundecam, que, de acordo com o prefeito Rafael Diniz, mudou de estratégia em sua gestão.
— No passado, o Fundecam investia em grandes empresas e esquecia do microempreendedor, mas quando a nossa gestão assumiu, priorizamos o pequeno empresário. Hoje, ele pega o empréstimo direto com a Prefeitura, com juros bem mais baixos, e gera renda, criando postos de emprego e fazendo a economia local se fortalecer — explica o prefeito.
Atualmente, o Fundecam conta com quatro modalidades de empréstimo: Fundecam Economia Solidária (para quem produz, vende, troca e compra); Fundecam Agricultura Familiar (para o agricultor familiar que quer investir em sua atividade pagando juros zero); Fundecam Inovação (para o pequeno empresário que quer expandir e inovar seu negócio); e Fundecam Empreendedor (para quem já é empreendedor e quer expandir seu negócio), com empréstimos variáveis e com menores taxas de juros do mercado.
Mais informações sobre o Fundecam Crédito Certo podem ser obtidas na sede do programa, que funciona na rua Salvador Corrêa, número 21, no Centro (atrás da Casa do Empreendedor), ou através do telefone (22) 98175-0381.
Brasil teve 2,5 milhões de novas empresas
O país criou 2,5 milhões de novas empresas em 2018, batendo o recorde da série iniciada em 2010. Os dados são do Indicador Serasa Experian de Nascimento de Empresas, divulgados em março.
Os novos negócios cresceram 15,1% na comparação com 2017 (quando surgiram 2,2 milhões de empreendimentos). Do total, os MEIs foram a maioria em 2018, chegando a 81,4%. Por segmento, os serviços de alimentação predominaram, com participação de 8,2%.
Em nota, os economistas da Serasa Experian atribuíram o aumento do “empreendedorismo por necessidade” à fraca recuperação da economia e o reflexo negativo na retomada da criação de vagas formais de trabalho.
— A grande representatividade de MEIs e os segmentos que lideraram a abertura mostram que tem muitas pessoas investindo em atividades com produtos e serviços de maior aceitação e consumo no dia a dia, o que demonstra mais a necessidade do que oportunidade — disse em comunicado a diretora de micro, pequenas e médias empresas da Serasa, Fernanda Monnerat.
As sociedades limitadas representaram 7,5% dos novos negócios no ano passado, com alta de 4,4% ante 2017. Já as empresas individuais tiveram uma participação de 5,5% e fecharam em queda de 12,3% frente a 2017.