"Visages, Villages" no Cineclube Goitacá
Celso Cordeiro Filho 09/04/2019 21:23 - Atualizado em 15/04/2019 21:16
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Frequentadores do Cineclube Goitacá vão conhecer nesta quarta-feira (10), às 19h, o filme “Visages, Villages” (2017), da cineasta Agnès Varda, falecida no dia 29 do mês passado e dona de uma vasta filmografia, sendo apontada como uma das responsáveis pela Nouvelle Vague francesa juntamente com Jean-Luc Godard e François Truffaut. O filme será apresentado pelo publicitário e crítico de cinema Felipe Fernandes.
De saída, Felipe explica as razões porque escolheu o filme de Agnès Varda: “Conheci o trabalho da diretora no ano passado através deste documentário. Fiquei cativado pela sua persona e com o filme, tomei interesse por sua filmografia e assisti a alguns de seus trabalhos. Com sua morte no final do mês passado, achei oportuno homenageá-la no Cineclube e olhando seus trabalhos, acabei por escolher o documentário que me introduziu à sua obra. É um filme leve, com um olhar poético e grandes imagens. É uma obra que trata do olhar, das memórias e das intervenções artísticas no cotidiano. Um filme que traz questões muito pertinentes no trabalho da Agnès Varda”.
Felipe lembra também que “Varda foi junto com Godard e Truffaut uma das criadoras da Nouvelle Vague, não por acaso é carinhosamente chamada de ‘A mãe da Nouvelle Vague’. Uma das características mais interessantes de seu cinema, é a forma com que ela mistura ficção com o estilo documental. Existe algo de documental em seus longas de ficção, assim como existem elementos de construção ficcional em seus documentários”.
Entusiasmado com a obra da cineasta, ele enfatiza que “Varda realiza um cinema que aguça a inteligência e a sensibilidade do espectador. Seus filmes são um retrato sensível da vida real, das pessoas, do comum. Suas obras trazem questões referentes ao feminismo e a questões sociais importantes, características que fazem do seu cinema, sempre atual. No final deste mês, chega aos cinemas brasileiros o último filme da diretora, prova de que a artista produziu até seus últimos dias e a julgar pelo seu penúltimo trabalho (“Visages, Villages”), ela manteve a qualidade até sua partida”.
O apresentador desta quarta no Cineclube Goitacá traçou um ligeiro paralelo entre a Nouvelle Vague e o Cinema Novo: “Ambos são movimentos de vanguarda, que surgiram quase na mesma época (o primeiro na França, o segundo no Brasil) e têm algumas características similares. São cineastas buscando quebrar com a estética padrão vigente no cinema da época. São realizadores com total liberdade criativa, que com filmes de baixo orçamento realizavam obras que provocavam reflexão. No movimento francês, abordando questões mais pessoais e intimistas, já o movimento brasileiro abordava problemas sociais e urbanos do país. Ambos são movimentos politizados que com liberdade e um certo radicalismo mudaram o cinema mundial. Curioso notar, analisando os dois movimentos, como tematicamente o cinema de Varda dialoga bastante com o Cinema Novo, uma prova do quão universal é o cinema da cineasta belga”.
Sobre o filme “Visages, Villages”, é importante lembrar que a cineasta Agnès Varda e o fotógrafo e muralista JR têm em comum o fascínio pelas imagens e pela forma como elas são criadas, exibidas e compartilhadas. Quando JR, um fã de longa data, vai à casa de Agnès, na Rue Daguerre, os dois decidem trabalhar juntos em um documentário. Nas palavras da diretora, a proposta partia de um interesse de juntar o trabalho do parceiro “de colar grandes fotos de pessoas em muros, empoderando elas através do tamanho, e o meu hábito de escutá-las e destacar o que elas dizem”. “E queríamos pegar a estrada juntos”, completa JR, “nem a Agnès nem eu nunca havíamos codirigido um filme antes.”
O Cineclube Goitacá fica na sala 507, do edifício Medical Center, localizado entre as ruas Conselheiro Otaviano e 13 de Maio, no centro da cidade. A entrada é franca.

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